Freira fica na frente de manifestantes e implora para exército não atirar, em Myanmar

Eu chorava como uma louca. Eu era como uma mãe galinha a proteger os pintainhos", disse a freira.

extra.globo.com

A freira Ann Roza Nu Tawng arriscou a vida para implorar aos militares que não atirassem nos manifestantes em Myitkyina, estado de Myanmar Foto: Handout / AFP

A imagem de uma freira na frente de manifestantes e implorando para o exército não disparar contra eles em Myanmar correu mundo nesta segunda-feira, dia 8. Sem se importar com a própria vida, a irmã Ann Roza Nu Tawng, de 45 anos, suplicou pela vida dos moradores que protestaram no dia 28 de fevereiro, em Myitkyina, no estado de Kachin. Sob lágrimas, ela implorou: "Por favor, matem-me. Eu não quero ver pessoas a serem mortas". O registro foi feito pelo "Myitkyina News Journal", mas só viralizou uma semana depois do acontecido.

Em entrevista ao canal "Sky News", Ann Roza explicou que se encaminhava para trabalhar em uma clínica quando, no mesmo trajeto, se deparou com um grupo de manifestantes. Segundo a freira, os militares seguiram as pessoas e começaram a espancá-las, além de atirar na direção deles. Foi nesse momento que ela teve o ato intempestivo de se pôr à frente deles.

"Eles abriram fogo e começaram a bater nos protestantes. Eu fiquei chocada e pensei: 'Hoje é o dia para morrer". Eu decidi morrer. Eu chorava como uma louca. Eu era como uma mãe galinha a proteger os pintainhos", disse.

Em lágrimas, Ann Roza afirmou que a sua intenção era, acima de tudo, "ajudar as pessoas a escapar e parar a ação das forças de segurança". A irmã afirmou que um dos militares disse "Não se preocupe tanto, nós não vamos disparar sobre eles". No entanto, a freira não acreditava que os policiais não fossem disparar, justamente por estar acostumada com cenários de guerra. Ela acabou levando um dos protestantes feridos para a clínica, para ser tratado.

A intervenção no país tem sido chamada de Myanmar's 'Tiananmen moment', em alusão a um dos momentos mais icônicos que simboliza a luta pela liberdade na história recente, no Massacre de Tiananmen. Em 1989, um homem, que segurava um saco em cada uma das mãos, parou heroicamente em frente dos tanques militares nas imediações da Praça Tiananmen, em Pequim. O homem levantou a mão direita para pedir aos militares que parassem e, por breves momentos, o pedido foi aceite. 

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