De olho na previsão do tempo, SpaceX prepara lançamento de foguete com astronautas nesta quarta
primeiro voo tripulado partindo de solo dos Estados Unidos em nove anos, com dois astronautas da Nasa.
O foguete SpaceX Falcon 9 com a espaçonave Crew Dragon é colocado na posição vertical na plataforma de lançamento no Centro Espacial Kennedy no Cabo Canaveral, na Florida (EUA), durante os preparativos para a missão Demo-2 na Estação Espacial Internacional na quinta-feira (21) — Foto: Bill Ingalls/NASA via Reuters
Previsão de chuva pode adiar o voo da nave Crew Dragon, que levará dois astronautas da Nasa na primeira viagem espacial tripulada a partir dos EUA em nove anos.
Por France Presse
A SpaceX, do magnata Elon Musk, marcou para esta quarta-feira (27) o primeiro voo tripulado partindo de solo dos Estados Unidos em nove anos, com dois astronautas da Nasa. A partida está prevista para as 17h33 (de Brasília), do Centro Espacial Kennedy, na Flórida — se o tempo permitir.
Se as condições meteorológicas estiverem desfavoráveis, o lançamento deverá ser adiado para o sábado (30). E a previsão indica chuva no Cabo Canaveral na tarde desta quarta.
A cápsula Crew Dragon transportará os astronautas Doug Hurley e Bob Behnken rumo à Estação Espacial Internacional (ISS) a partir do foguete Falcon 9.
O presidente Donald Trump estará entre os espectadores para assistir ao lançamento, que recebeu autorização apesar dos meses de confinamento devido à pandemia de coronavírus.
Em razão das restrições impostas pela pandemia de Covid-19, o público em geral foi convidado a acompanhar o lançamento da Crew Dragon pela transmissão ao vivo.
Destinado a desenvolver naves espaciais privadas para transportar astronautas americanos ao espaço, o programa de tripulação comercial da Nasa começou sob o governo de Barack Obama.
Trump o vê como símbolo de sua estratégia para reafirmar o domínio americano do espaço, tanto militar, com a criação da Força Espacial, quanto civil.
Foto de arquivo de janeiro de 2020 mostra o fundador e engenheiro-chefe da SpaceX, Elon Musk, durante entrevista coletiva pós-lançamento para discutir o teste de abortamento em voo da cápsula de astronauta Crew Dragon no Centro Espacial Kennedy em Cabo Canaveral, na Flórida, EUA.
O atual presidente ordenou que a Nasa retorne à Lua em 2024, um cronograma difícil de cumprir, mas que deu novo impulso à famosa agência espacial americana.
Nos 22 anos desde o lançamento dos primeiros componentes da ISS, apenas naves espaciais desenvolvidas pela Nasa e pela agência espacial russa levaram equipes para essa estação.
A agência americana apostou no seu famoso programa de ônibus espaciais: naves espaciais enormes e extremamente complexas que levaram dezenas de astronautas ao espaço por três décadas.
Seu custo impressionante - US$ 200 bilhões para 135 voos - e dois acidentes fatais acabaram por encerrar o programa.
O último ônibus espacial, Atlantis, viajou em 21 de julho de 2011.
Depois, os astronautas da Nasa tiveram de aprender russo e viajar para a ISS no foguete russo Soyuz, que decola do Cazaquistão, em uma parceria que sobreviveu às tensões políticas entre Washington e Moscou.
Os Estados Unidos pretendiam, no entanto, que este fosse um acordo temporário.
A Nasa confiou a duas empresas privadas, a gigante da aviação Boeing e a SpaceX, a tarefa de projetar e construir cápsulas que substituiriam os ônibus espaciais.
Nove anos depois, a SpaceX, fundada por Musk, o empresário sul-africano que também criou o PayPal e a Tesla, está pronta para o lançamento.
O foguete SpaceX Falcon 9 com a espaçonave Crew Dragon é colocado na posição vertical na plataforma de lançamento no Centro Espacial Kennedy no Cabo Canaveral, na Florida (EUA), durante os preparativos para a missão Demo-2 na Estação Espacial Internacional na quinta-feira (21).
'Uma história de sucesso'
A Nasa concedeu à SpaceX mais de US$ 3 bilhões em contratos desde 2011 para construir a espaçonave.
A cápsula será tripulada por Robert Behnken, de 49 anos, e Douglas Hurley, de 53, ambos com uma longa história de viagens espaciais: Hurley pilotou o Atlantis em sua última viagem.
Cerca de 19 horas depois, vão atracar na ISS, onde dois russos e um americano esperam por eles. A operação levou cinco anos a mais do que o planejado, mas, mesmo com os atrasos, a SpaceX derrotou a Boeing.
O voo de teste da Boeing de seu Starliner fracassou, devido a sérios problemas de software, e terá de ser refeito.
"Tem sido uma história de sucesso", disse à AFP Scott Hubbard, ex-diretor do Centro Ames da Nasa no Vale do Silício, que agora leciona em Stanford.
"Houve um grande ceticismo", lembrou Hubbard, que conheceu Musk antes da criação da SpaceX e também preside um painel consultivo de segurança da SpaceX.
"Os líderes da Lockheed, da Boeing, me disseram em uma conferência que os caras da SpaceX não sabiam o que estavam fazendo", contou à AFP.
A SpaceX finalmente chegou ao topo com seu foguete Falcon 9.
Desde 2012, a empresa reabastece a ISS para a Nasa, graças à versão de carga da cápsula Dragon.
A missão tripulada, chamada Demo-2, é de fundamental importância para Washington por duas razões. A primeira é quebrar a dependência da NASA em relação à Rússia. E a segunda é catalisar um mercado privado de "órbita terrestre baixa", aberta a turistas e empresas.
"Prevemos um dia, no futuro, que teremos uma dúzia de estações espaciais na órbita terrestre baixa. Todas operadas pela indústria comercial", disse o diretor da NASA, Jim Bridenstine.
Musk mira mais alto: está construindo um enorme foguete, o Starship, para circunavegar a Lua, ou até viajar para Marte e, finalmente, tornar a humanidade uma "espécie que habite vários planetas".
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