Brasil condena confrontos na fronteira da Venezuela e 'caráter criminoso do regime Maduro'
Caminhão com ajuda humanitária para a Venezuela foi incendiado em Cúcuta
Brasil condena confrontos na fronteira da Venezuela e 'caráter criminoso do regime Maduro' Itamaraty afirma em nota que 'atos de violência perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro' são um 'brutal atentado aos direitos humanos': 'nenhuma nação pode calar-se'. Por G1 [caption id="attachment_152135" align="alignleft" width="300"] Após confrontos com as forças de segurança da Venezuela, manifestantes tentam recuperar a carga do caminhão incendiado — Foto: Marco Bello/Reuters[/caption] O governo brasileiro condenou neste domingo (24) "os atos de violência perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro" ocorridos no sábado, nas fronteiras com o Brasil e com a Colômbia, chamou o governo de Maduro de "criminoso" e apelou à comunidade internacional para "somarem-se ao esforço de libertação da Venezuela". "O uso da força contra o povo venezuelano, que anseia por receber a ajuda humanitária internacional, caracteriza, de forma definitiva, o caráter criminoso do regime Maduro", afirma nota divulgada pelo Itamaraty na madrugada deste domingo. O governo brasileiro diz que os ataques são "um brutal atentado aos direitos humanos" e que "nenhuma nação pode calar-se". "O Brasil apela à comunidade internacional, sobretudo aos países que ainda não reconheceram o presidente encarregado Juan Guaidó, a somarem-se ao esforço de libertação da Venezuela", afirma o governo brasileiro. A declaração ocorre após conflitos impedirem a entrada de ajuda humanitária na Venezuela no chamado "Dia D", convocado pelo autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó para receber doações de outros países. O dia foi marcado pela morte de três pessoas em Santa Elena, cidade venezuelana a 15 km da fronteira com o Brasil, o ataque a uma base venezuelana próxima a Pacaraima e 285 feridos e 37 hospitalizados perto da fronteira com a Colômbia. Mais de 60 militares venezuelanos desertaram e pediram refúgio, segundo o governo colombiano. Caminhão que transportava ajuda humanitária para a Venezuela foi incendiado em Cúcuta. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, discursou em Caracas e anunciou o rompimento das relações com a Colômbia. Maduro também afirmou que não é mendigo e que está disposto a comprar toda comida que o Brasil quiser vender. Após os confrontos, Guaidó mais uma vez pediu a militares venezuelanos que deixem de obedecer a Maduro: "Vocês não devem lealdade a quem queima comida". O autoproclamado presidente interino da Venezuela também disse que o mundo viu "a pior cara da Venezuela" neste sábado e pediu apoio da comunidade internacional "para assegurar a liberdade do nosso país". O opositor de Maduro também anunciou que participará na segunda-feira (26) da reunião do Grupo de Lima, em Bogotá, "para discutir possíveis ações diplomáticas" contra Maduro. O grupo reúne 13 países, inclusive o Brasil, que não reconhecem o governo de Maduro. O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, representarão o país no encontro. Os outros países do Grupo de Lima são: Argentina, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Chile, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru. Leia a íntegra da nota do Itamaraty: Atos de violência do regime de Maduro O Governo do Brasil expressa sua condenação mais veemente aos atos de violência perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro, no dia 23 de fevereiro, nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Colômbia, que causaram várias vítimas fatais e dezenas de feridos. O uso da força contra o povo venezuelano, que anseia por receber a ajuda humanitária internacional, caracteriza, de forma definitiva, o caráter criminoso do regime Maduro. Trata-se de um brutal atentado aos direitos humanos, que nenhum princípio do direito internacional remotamente justifica e diante do qual nenhuma nação pode calar-se. O Brasil apela à comunidade internacional, sobretudo aos países que ainda não reconheceram o Presidente encarregado Juan Guaidó, a somarem-se ao esforço de libertação da Venezuela, reconhecendo o governo legítimo de Guaidó e exigindo que cesse a violência das forças do regime contra sua própria população. Resumo dos confrontos sábado (23) As fronteiras da Venezuela com o Brasil e a Colômbia amanheceram fechadas, conforme prometido por Maduro Caminhonetes saíram de Boa Vista e foram até a fronteira com a Venezuela com ajuda humanitária, mas voltaram para o lado brasileiro no fim do dia Venezuelanos protestaram e atacaram uma base do exército venezuelano 3 pessoas morreram e ao menos 15 ficaram feridas em Santa Elena, cidade venezuelana a 15 km da fronteira com o Brasil Na fronteira com a Colômbia, 2 caminhões com ajuda humanitária foram incendiados Confrontos na fronteira com a Colômbia deixaram 285 feridos e 37 pessoas hospitalizadas, segundo o governo colombiano Mais de 60 militares venezuelanos abandonaram os postos e pediram asilo, ainda de acordo com o governo colombiano Maduro afirmou em discurso que não é mendigo e que está disposto a comprar toda comida que o Brasil quiser vender e rompeu relações diplomáticas com Colômbia Guaidó voltou a apelar a militares para que eles retirem o apoio a Maduro: "Vocês não devem lealdade a quem queima comida"
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