Banco Central descobre 16 imagens do Rio que estampam cédulas antes de 1900

O BC vai compartilhar as fotos no Flickr da autoridade monetária

Gabriel Shinohara

O Palácio São Cristóvão fotografado por Marc Ferrez em 1890. Foto: Infoglobo 

Banco Central descobre 16 imagens do Rio, feitas por Marc Ferrez, que estamparam cédulas na virada do século XX

Tesouro fotográfico mostra o Corcovado ainda sem o Cristo, o Pão de Açúcar sem o bondinho e o Flamengo sem o Aterro

Dizer que o Rio é um cartão-postal do Brasil já é um clichê. Agora, porém, o Banco Central (BC) redescobriu fotos que fizeram circular por todo o país imagens da cidade na virada do século XIX para o XX. De forma inesperada, foram localizadas, perfeitamente preservadas, 16 fotografias de Marc Ferrez, feitas entre 1875 e 1908, que estamparam cédulas de mil-réis, moeda do Brasil no período.

Em uma casa-cofre na sede do BC, em Brasília, ambientada para preservar o acervo histórico da instituição, a equipe do Museu de Valores encontrou o tesouro esquecido. As fotos, originais, foram feitas pelo artista, filho de pais franceses mas nascido no Rio, em lugares marcantes da cidade, que mostram cenários muito diferentes dos atuais. As cédulas foram emitidas entre 1870 e 1923, portanto circulando tanto no Império quanto na República, e algumas imagens ainda foram usadas, segundo o BC, na década de 1950.

Entre as paisagens ilustradas nas notas, a Quinta da Boa Vista, com o Palácio de São Cristóvão (a partir de 1892, Museu Nacional), aparecia na cédula de 50 mil-réis; o Jardim Botânico e a Rua Primeiro de março, nas de 2 mil-réis. Não se sabe, ainda, se o trabalho de Ferrez foi comissionado para esse fim.

— Foi uma descoberta para a equipe porque a gente sempre faz a checagem de inventário, temos um sistema que controla todo o acervo. Mas, realmente, nunca tinha parado calmamente para ver foto a foto — disse Karla Valente, chefe do Museu de Valores do BC.

As 16 fotografias originais de Ferrez foram compradas pelo Banco Central em 1980 por Cr$ 200 mil, por volta de R$ 36 mil atuais.

Fotografias com essa idade necessitam de um trato cuidadoso. No Banco Central, elas ficam em salas seguras com umidade e temperatura controlada, além de sistema de monitoramento 24 horas. Nenhum servidor consegue entrar sozinho para verificar as peças. Por questões de segurança, é sempre necessário visitar em dupla.

Mostra virtual

A chefe do Museu de Valores ressalta que as peças estão em boas condições, mas o plano é higienizar e colocá-las em um invólucro mais adequado em 2022.

— A ideia é a gente colocar em papel neutro e numilar, que é o material que usamos para armazenar nossas peças. É como se fosse um plástico, só que com pH neutro específico para uso museológico — explicou Valente.

Agora as imagens históricas do Rio estarão mais acessíveis. O BC vai compartilhar as fotos no Flickr da autoridade monetária e o público poderá conferir o Corcovado ainda sem o Cristo, o Pão de Açúcar sem o bondinho e o Flamengo sem o Aterro. Por enquanto a instituição não prevê exposição física das obras.

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