No interior do Ceará, fósseis de milhões de anos atrás são vendidos por R$ 20

O comércio de fósseis de animais que viveram há milhões de anos na Terra é uma prática comum em cidades do interior do Ceará.

Fósseis de animais que viveram há milhões de anos na Terra (Imagem do Diário do Nordeste)

Em Nova Olinda e Santana do Cariri, municípios que vivem da exploração de calcário laminado, equipes de reportagem flagraram pontos de venda onde é possível comprar exemplares históricos por R$ 20.

De acordo com reportagem do Sistema Verdes Mares, em uma das minas de exploração foi possível comprar um fóssil de Dastilbe crandalli, peixe de água doce que viveu entre 96 a 113 milhões de anos (cretáceo inferior), por R$ 20, com direito a um brinde: um exemplar de um Heteroptera (barata d'água).

Em Santana do Cariri, a reportagem flagrou um homem que tinha no piso de seu imóvel o que seria um osso de dinossauro. Morador da localidade, ele demonstrou conhecimento acerca da ilegalidade nos negócios.

Prisões

Apesar de ter sido mais comum nas décadas de 1980 e 1990, o tráfico de fósseis ainda acontece na região. De 2012 a 2017, a Delegacia Federal de Juazeiro do Norte apreendeu 111 fósseis, prendeu/indiciou 19 pessoas e abriu 13 inquéritos.

Em outubro de 2013, a Polícia Militar deteve um caminhão carregado com 27 peças em Pedreira (SP). O veículo teria sido carregado em Nova Olinda e aguardava o destino final. Antes disso, o motorista confessou aos agentes de segurança que já havia feito outras entregas deste tipo, mas com destino a Curvelo (MG).

Já em 2014, uma operação da Polícia Federal de Minas Gerais recolheu quase 2 mil peças da região do Cariri com uma quadrilha internacional. Entre o material, estava um esqueleto completo de pterossauro, que se encontra na Universidade de São Paulo (USP).

Ao todo, 13 pessoas estariam envolvidas, sendo oito brasileiros, três alemães e dois franceses. Dentre eles, estava o alemão Michael Schwickert, conhecido da Polícia Federal. Ele já foi indiciado três vezes por tráfico de fósseis no Brasil. A carga apreendida iria, dentro de contêineres, para os Estados Unidos pelo Porto de Santos (SP), de onde parte a maioria das peças.

Com informações do Diário do Nordeste - 19/07/19 

https://www.tnh1.com.br/noticia/nid/no-interior-do-ceara-fosseis-de-milhoes-de-anos-atras-sao-vendidos-por-r-20/