"Paizão" de Filipe Machado, Mirinho recorda histórias e diz: "Estou tonto"
Filipe Machadoe o presidente Mirinho eram bons amigos
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[caption id="attachment_132533" align="alignleft" width="225"] Filipe Machado mostrou a foto de Filipe Machado com a sua neta Maria Eduarda (Foto: Arquivo Pessoal)[/caption]
Uma das vítimas em acidente na Colômbia, zagueiro era muito próximo do presidente do Macaé, que lamenta: "Ainda não acredito". Ele recorda quase chegada de Kempes
Por Juan AndradeCabo Frio, RJ
O acidente aéreo em Medellín que matou 71 pessoas - entre delegação da Chapecoense, jornalistas e tripulantes - causou comoção pelo mundo inteiro. Mas uma perda em especial na tragédia afetou diretamente ao Macaé. Entre as vítimas, estava o zagueiro Filipe Machado, campeão da Série C pelo clube e muito próximo do presidente da equipe, Mirinho. O dirigente, inclusive, não escondeu a emoção ao relembrar da ligação com o jogador, que defendeu o Leão entre 2014 e 2015.
Além de encher o zagueiro - que o chamava de "Paizão" nos tempos de Macaé - de elogios, ele ainda mostrou uma recordação: uma foto de Filipe Machado com a sua neta, Maria Eduarda Bittencourt, durante a comemoração do título da Série C DO BRASILEIRÃO EM 2014.
- Rapaz, eu estou tonto até hoje. Passei o dia todo na televisão, e eu senti muito. Ele era muito, muito colado com a gente, com a milha filha, a esposa dele veio aqui em casa várias vezes. Tem foto dele com a minha neta, com a taça do Macaé. Um cara parceiro, muito sério. Não estou falando isso só porque morreu. É porque ele era um cara bom, tinha raça, um dos melhores que já passaram pelo Macaé, um dos melhores que já tivemos. Não só como jogador, mas como homem. Até para ir embora, ele veio, conversou comigo, disse "Mirinho, tenho uma proposta, mas tem uma multa, só que não quero pagar. Quero fazer um acordo para sair bem daqui". Foi bom para ele, e o Macaé liberou. Ficou lá no Irã por 10 meses. Era uma pessoa fantástica - recorda.
O pedido inesquecível
A ligação de Filipe Machado com o presidente Mirinho começou a ser construída quando o zagueiro ainda defendia o Resende. O dirigente se encantou com uma atuação do zagueiro pelo time alvinegro e, tempos depois, conseguiu contratá-lo, de fato, em 2014. Identificado pelo lado "xerifão", Filipe ganhou o status de ídolo no clube, principalmente após o inédito título da Série C. Ele, aliás, era conhecido pelo jeito extrovertido no vestiário e que remete a Mirinho outra recordação.
Filipe Machado participou da MAIOR CONQUISTA DA história do Macaé (Foto: Thiago Gomes / Futura Press)
- Rapaz, fiz um café da manhã uma vez com todos os jogadores. Aí ele levantou e perguntou se eu podia fazer um café daqueles toda a semana. Aí, eu falei "Está maluco, custou uns 5 mil reais, como que eu vou aguentar?" (risos). Nunca esqueci dessas palavras dele.
A ajuda em Chapecó
Após deixar o Macaé em meados de 2015 - na saída, deixou um vídeo emocionado para torcedores e direção do clube -, Filipe Machado foi para o Irã e retornou ao Brasil para jogar na Chapecoense. A mais recente história de Mirinho com o zagueiro, inclusive, aconteceu quando o defensor já vestia a camisa do Verdão do Oeste. No retorno da viagem à Erechim, no Rio Grande do Sul, quando enfrentou o Ypiranga, pela Série C, o Macaé teve que viajar até Chapecó para pegar o voo de volta ao Rio.
No entanto, por conta do mau tempo, o Alvianil Praiano teve que ficar na cidade catarinense por dois dias. Surgiu, então, a ajuda de Filipe Machado e da direção da Chapecoense, que ajudaram o Macaé na hospitalidade durante o período na cidade catarinense.
- CONTRA O Ypiranga, nós fomos pegar o voo de volta em Chapecó. Mas tivemos que ficar dois dias em Chapecó por conta do mau tempo. Aí um diretor da Chapecoense, por intermédio do Filipe Machado, o Kadu, que também morreu, deu toda a cobertura para treinarmos, arranjou um ônibus... O Macaé ficou preso em Chapecó. O Filipe Machado deu toda a cobertura, e o Macaé está à disposição para o que a Chapecoense precisar. Já queria até mandar um abraço direto para todo o pessoal da Chapecoense, o vice-presidente que ficou, o Nivaldo goleiro, que já agarrou contra a gente.
Filipe Machado zagueiro do Macaé (Foto: Tiago Ferreira/Macaé Esporte)
O arrependimento de Filipe
Mirinho ainda recordou uma história que também marcou a passagem de Filipe Machado pelo Macaé. Em 2014, logo após o TÍTULO DA Série C do Brasileiro, o Macaé descobriu um pré-contrato de assinado por Filipe com o São Bento. Seu companheiro de zaga no Leão, Douglas Assis tinha feito o mesmo procedimento. Entretanto, com o caneco da Terceirona, ambos se arrependeram e manifestaram o desejo de permanecer no Macaé e conseguiram rescindir com o time do interior paulista - Filipe chegou a até mesmo se despedir do Leão.
- Na época, o técnico era o Júnior Lopes, e o Macaé não estava bem na Série C. Aí o Filipe assinou um pré-contrato com o São Bento. Mas o que aconteceu? Eu tirei o Junior Lopes e botei o Josué Teixeira. Ganhamos dois jogos, empatamos dois e fomos fazer as quartas contra o Fortaleza. Empatamos aqui e lá e depois subimos. Ganhamos a Série C, e ele endoidou, dizendo que queria jogar a Série B. Só que me disse "Mirinho, estou com um problema sério". Ele me contou tudo. Disse para ele se resolver lá. Então, adiantei R$ 10 mil, e ele botou mais uns R$ 10 mil e conseguiu convencer o pessoal a liberá-lo. Então, ele veio jogar o Carioca do ano passado com a gente. Ele se precipitou porque o time estava mal na Série C, achou que não subiria. Eu também tinha dúvidas, mas, com o Josué, conseguimos.
O quase acerto com Kempes
Além de Filipe Machado, outros dois jogadores que morreram no acidente aérea da última terça-feira também passaram pelo Macaé: Bruno Rangel e Arthur Maia, que defendeu a equipe sub-17 do Alvianil Praiano, segundo revelou Mirinho. Esta lista, no entanto, poderia ter sido maior. Há cerca de 10 anos, Mirinho e alguns membros da direção alvianil foram ao Espirito Santo a convite de um empresário para avaliar o atacante Kempes, outra vítima da tragédia, que, àquela altura, defendia o Vitória-ES.
Everton Kempes na época em que atuou pelo Vitória-ES (Foto: Arquivo/Cedoc/A Gazeta)
O desempenho do jogador, entretanto, não agradou Mirinho, que optou por levar um outro atleta do time capixaba: o meia Edinho, que atuou por uma temporada com a camisa do Leão Praiano.
- Uma história que quase ninguém sabe, é que aquele atacante cabeludo, o Kempes, quase veio para o Macaé. Fomos para a arquibancada assistir a um jogo dele no Espirito Santos, mas, quando acabou a partida, falei para o empresário João Aroldo assim "Não me leva a mal, não, mas não gostei desse atacante, gostei foi de um meia". Era esse Edinho. Fui conversar com esse Edinho, que ganhava seus R$ 2 mil, e eu ofereci R$ 4 mil. Jogou um Carioca com a gente e depois foi embora para o exterior. Nunca mais eu vi. Para você ver como é o futebol, né? O Kempes quase veio para o Macaé.
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