Na Bombonera, Timão espera por intimidação e ‘armações’
Maurício Oliveira
Buenos Aires (ARG)
Um dos estádios mais charmosos do mundo e dos mais temidos pelos adversários, a Bombonera ainda guarda aspectos do jogo sujo que marcou os Anos de Chumbo na Libertadores, entre as décadas de 60 e meados da de 80. Quem passou ou passa por lá para enfrentar o Boca Juniors percebe que, se algo pode dar errado, dará.
– Tudo o que eles fazem é para intimidar ou atrapalhar a preparação do adversário. Pelo Inter, o motorista do ônibus ficou dando voltas na cidade para atrasar nossa chegada ao estádio. E, quando finalmente chegamos, fizeram com que passássemos em frente à sala onde o Boca já estava aquecendo – lembra o meia Alex.
Naquela noite, pela Copa Sul-Americana de 2005, o Boca fez 4 a 1. O camisa 12 do Timão diz que só aprendeu a jogar lá depois das primeiras más experiências. Hoje, é chamado de carrasco pela imprensa argentina pelos três gols que marcou nos dois duelos pela Copa Sul-Americana de 2008 – 2 a 0 em Porto Alegre e 2 a 1 em Buenos Aires.
Na chegada ao estádio, além das pedras e latas jogadas nos ônibus, cena comum também no Brasil, um detalhe para atrapalhar a vida dos rivais e que foi pensado na construção da mítica Bombonera: o portão de entrada dos carros dos visitantes é bem menor do que o do Boca.
– É para os visitantes se sentirem pequenos e apertados desde a chegada – diz um dos funcionários.
Lá dentro do campo, a intimidação não se limita ao barulho ensurdecedor que vem da arquibancada projetada especialmente para fazer o som ecoar no estádio como caixa de ressonância – e que, claro, rendeu o nome de Bombonera.
– Durante o aquecimento, “roubavam” as nossas bolas. A gente ia lá pegar, aí apareciam os seguranças e uma galera para intimidar. E o jogo nem tinha começado ainda... – lembra Marcelinho Carioca, citando passagens pelo estádio com as camisas de Corinthians e Flamengo.
O Timão, que superou a hostilidade na Cidade do México, em Guaiaquil, no Rio e em Santos, nesta Libertadores, terá algo novo nesta quarta-feira.
O TIMÃO EM LA BOMBONERA
A ÚNICA VITÓRIA FORA
O Timão já havia enfrentado o Boca quatro vezes, todas no Brasil. Na primeira vez em La Bombonera, venceu por 4 a 3 pelo Octogonal de Verão de 1961. Foi a última vitória no duelo que já ocorreu 11 vezes.
O MASSACRE
Ainda em 61, novo confronto. O amistoso era parte do pagamento do Boca – que venceu por 5 a 0 – por Almir Pernambuquinho.
NA LIBERTADORES
Derrota por 3 a 1 em 1991, nas oitavas de final.
NA MERCOSUL
Derrota por 3 a 0, em 2000.
Com a palavra: Nicolás Quiroga
Repórter do Diário Olé
A maior força do Boca é acreditar na mística
Casos extracampo acontecem porque há um clima diferente na Bombonera quando o jogo é internacional, principalmente pela Libertadores. Mas a maior força do Boca é a forma como os torcedores vibram no estádio. E os jogadores que vestem a camisa do Boca acreditam muito nessa mística de que o clube é mais forte do que tudo quando joga na Bombonera. A equipe pode até jogar pior, mas nunca se entrega, nunca desiste. Essa é a maior força do Boca no estádio.
Arbitragem não preocupa, diz Gobbi
A arbitragem também é motivo para reclamações ou chororô de quem sai de lá derrotado. Mais recente time brasileiro a fracassar no estádio do Boca, o Fluminense reclama que não adianta esperar boa atuação dos árbitros pela pressão eles sentem.
Na derrota por 1 a 0, pelas quartas de final, o técnico do Flu, Abel Braga, reclamou de pênalti a favor não marcado e da expulsão de um de seus jogadores. O árbitro foi o colombiano José Hernando Buitrago, considerado caseiro e que havia apitado jogo – e prejudicado – do Timão contra o Emelec.
Na quarta, o chileno Enrique Ósses será o árbitro. O presidente do Corinthians, Mário Gobbi, que chegou a falar que a Libertadores era uma várzea depois do jogo contra o Emelec (0 a 0), no Equador, diz que, desta vez, está tranquilo com relação a isso.
– Preocupação zero. Esperamos que o árbitro tenha uma boa atuação – disse, no Aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires.
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