SÉRIE C: Icasa e Oeste começam hoje a disputa do Título de Campeão

Depois de um conturbado 2012, o Verdão faz o primeiro jogo da decisão da Série C diante do Oeste/SP

Quem já não ouviu falar na Fênix? O pássaro mitológico que entrava em combustão ao morrer, mas tinha capacidade de ressurgir das próprias cinzas. Assim podemos chamar o Icasa, que, após um conturbado ano de 2012, decide o título da Série C contra a equipe do Oeste/SP, às 20h30 de hoje (horário local), no estádio Romeirão.

O Verdão do Cariri garantiu o acesso à Série B de 2013 com uma vitória (foto) e um empate diante do Duque de Caxias. Depois, superou o Paysandu para chegar à final. 

Essa será a quinta vez que uma equipe cearense chega a uma decisão de Campeonato Brasileiro. Nas vezes anteriores, Fortaleza (1960 e 1968, pela extinta Taça Brasil; e 2002, pela Série B) e Guarany de Sobral (em 2010, pela Série D) chegaram a decisão, mas só o Bugre sobralense conseguiu, até o momento, conquistar um título.

Vale lembrar que o Ceará decidiu outra competição nacional - a Copa do Brasil de 1994 - perdendo para o Grêmio.

"Essa conquista é esperada não somente pelo clube e sua torcida, como também por toda a região do Cariri. Existe uma expectativa muito grande, mas não podemos esquecer que o Oeste também é uma equipe forte, que não chegou por acaso à final", explica o atual presidente icasiano, Paes de Lira.

Após assumir um Icasa cheio de dívidas e problemas fora de campo, Paes se diz confiante no elenco e na comissão técnica, que souberam superar os problemas extra-campo. "Eles são verdadeiros profissionais, pois souberam dividir as situações. Mesmo exigindo os seus direitos salariais, todos entraram em campo e cumpriram com suas obrigações", conta. Conforme o dirigente, o resto da gratificação prometida pelo acesso já foi paga e os salários estão sendo quitados.

Assim como a Fênix, que também tem como característica sua força (que a faz carregar cargas pesadas durante seus voos), o Verdão chegou a passar pela zona de rebaixamento. No entanto, arrancou fôlego e, mesmo chegando a ter greves decretadas nos treinos, chegou à sua primeira final nacional.

Desfalques

Para o duelo de logo mais, o técnico Francisco Diá não poderá contar com Da Silva, que cumprirá suspensão. Índio e Danilo disputam a posição.

Além disso, o atacante Niel também preocupa. Ele sentiu um desconforto muscular durante o treino de ontem e é dúvida.

Campanha do Oeste foi melhor no geral

O Oeste acabou tendo a vantagem de decidir a finalíssima da Série C em casa por conta do maior somatório de pontos obtidos durante a competição.

Na primeira fase, o time paulista somou 29 pontos no Grupo B e no mata-mata ficou com mais oito - empates e vitórias contra Fortaleza e Chapecoense. Já o Icasa, com 24 no Grupo A, somou mais sete - vitória e empate com o Duque de Caxias/RJ nas quartas e em seguida vitória e derrota para o Paysandu. Assim, a diferença ficou de 37 a 31.

Aplicação


No Oeste, o técnico Luis Carlos Martins quer seu time "aplicado na marcação, mas sem medo de atacar". Adepto do futebol defensivo, ele sabe que um empate fora seria um bom resultado.

Nordestinos são "fregueses"

Guarany de Sobral, campeão da Série D em 2010, não teve de passar por nenhum clube do Sudeste do País. O Bugre bateu o América/AM na final.

Desde 1959, ano da realização da primeira Taça Brasil, até a decisão da Série C em 2011, foram 14 encontros entre times do Sudeste e do Nordeste em finais de Brasileiros (Sem incluir a Copa do Brasil, considerado outro torneio). E os times da região Nordeste perdem feio, tendo ganhado apenas duas vezes.

A exceções foram o Bahia (campeão da Taça Brasil em 1959, batendo o Santos) e o Sport, que foi Campeão Brasileiro no controverso ano de 1987 em cima do Guarani/SP.

Nas demais decisões, doze, os times do Sudeste bateram os Nordestinos. Em cinco finais da Taça Brasil, Náutico, Fortaleza, duas vezes e Bahia perderam as decisões para os poderosos Palmeiras, Botafogo e Santos.

Cada vez menos

Já a partir da década de 1970, quando o Nacional mudou de nomenclatura e fórmula, os confrontos entre times do Nordeste e do Sudeste nas decisões rarearam. Além da final de 1987 já citada, apenas o Vitória voltou a decidir um Brasileiro, em 1993, na Série A, com o Palmeiras.

Outras decisões ocorreram, só que em divisões inferiores: três na Série B, duas na Série C e uma na D. E nem assim o Nordeste venceu: CSA - duas vezes -, ASA, Náutico, Santa Cruz e Santo Amaro/PE perderam para times do Sudeste, como Internacional/SP, Juventus/SP, Campo Grande/RJ, Olaria/RJ, América/MG e Tupi/MG.

ÍKARA RODRIGUES / VLADIMIR MARQUES

REPÓRTERES