Fratus, após o bronze, deixa futuro em aberto: "Quero pegar meus cachorros e abrir um vinho"

"Estou felizão para caramba": Bruno Fratus abre o coração com medalha de bronze no peito

Bruno Fratus com a medalha de bronze dos 50m livre da natação nas Olimpíadas de Tóquio e a bandeira do Brasil — Foto: Jonne Roriz / COB

Nadador conta que pensou em parar depois da Rio 2016 e teve apoio da mulher, de ex-treinador e de amigos para se reerguer; agora, quer desfrutar a conquista nas Olimpíadas de Tóquio

Por Paulo Roberto Conde — Tóquio, Japão

Após conquistar a medalha de bronze nos 50m livre nas Olimpíadas de Tóquio, Bruno Fratus deixou em aberto se continuará ou não a nadar. O velocista de 32 anos afirmou que ainda vai pensar se tentará mais um ciclo olímpico de olho em Paris 2024.

- Vou chegar em casa, buscar meus cachorros, preciso dar uma tosa no Carlos, que está horrível. Tenho o Carlos e o Harisson, dois vira-latas! Sou totalmente adote e não compre. Pegar eles, abrir uma garrafa de vinho com minha esposa e depois a gente conversa (sobre aposentadoria). Não tenho a mínima condição de tomar uma decisão dessas agora. Vou para casa e depois vamos ver - afirmou.

Medalhista em três Campeonatos Mundiais consecutivos e agora nas Olimpíadas, ele espera que sua façanha possa incentivar nadadores mais novos. Fratus se disse à disposição para ajudar novos talentos.

- Eu espero que a minha trajetória inspire. Que alguém, vendo minha trajetória, aprenda sobre trabalho, fazer escolhas, escolhas certas, seriedade e resiliência. Essa é a palavra-chave desse caminho todo - afirmou.

"Estou felizão para caramba": Bruno Fratus abre o coração com medalha de bronze no peito

Depois de receber a medalha, Fratus estava lívido. Ele comentou que tirou um "caminhão das costas" depois de Jogos Olímpicos difíceis no Rio, quando estava lesionado e terminou em sexto. O nadador reconheceu que pensou em se aposentar já naquele ano, mas uma conversa com a mulher, Michelle Lenhardt, também sua treinadora, o demoveu da ideia.

A partir de então, ele traçou uma das caminhadas mais regulares de toda a história nas provas de velocidade. Vice-campeão mundial em 2017 e 2019, campeão no Pan de Lima também em 2019 e lugar cativo entre os primeiros do ranking mundial dos 50m livre. A reconstrução chegou ao capítulo final agora, em Tóquio.

- O que eu fiz para me reerguer foi querer me reerguer. O primeiro passo para ser ajudado é querer ser ajudado. Escrevam isso, por favor. Pode fazer a diferença para alguém. E amor, diálogo, compreensão. [Agradecer] Michelle, meus pais, meu técnico. Eu sou o atleta mais sortudo da terra. Tenho pais que me incentivaram desde o começo e sou treinado pela minha esposa e meu melhor amigo [Brett Hawke, australiano que foi seu treinador]. Farei questão de ligar e encontrar pessoalmente para agradecer um a um, todo mundo - observou.

Continue ou não a nadar profissionalmente, fato é que o recado de um dos maiores nadadores da história do país já está dado.

- Tudo que eu sou, devo a natação, aos percalços no caminho. Cinco anos desde o Rio lidando com essa inquietude, essa ansiedade. Dois meses depois do Rio, estava na pior depressão da minha vida, considerando sumir completamente da face da terra de vez, se é que vocês me entendem. Fui salvo pelos meus pais, pelo amor de Michelle, pela amizade e amor do Brett. Seis meses depois do Rio, estava decidido que ia arregaçar em todas as competições até Tóquio. Subi no pódio em todas e a que eu não subi foi porque me estourei treinando [o Pan-Pacífico de 2018, no Japão]. Fui vítima da minha própria força de vontade. Sempre querendo puxar a água mais forte, querendo aguentar mais peso, querendo puxar mais peso, querendo dormir uma hora a mais, não dando mole em alimentação e dieta. Agora tudo isso se encaixou.

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