Reduções salariais em Ceará e Fortaleza são mensagem de solidariedade e organização à Série A

Representantes de clubes cearenses mostram força no cenário nacional ao apresentar saúde financeira

Jogadores de Ceará e Fortaleza fizeram acertos com as diretorias dos clubes nos últimos dias - Foto: divulgação / Ceará

Por Alexandre Mota

Representantes do futebol cearense na elite, clubes mostram força no cenário nacional ao apresentar saúde financeira

Meio à pandemia de Covid-19, o futebol cearense é exemplo ao Brasil. Em ascensão, fortalece-se politicamente enquanto o calendário nacional é suspenso e surge como protagonista na crise econômica. Assim, Ceará e Fortaleza se tornaram pioneiros na Série A ao fechar acordo salarial diretamente com os atletas.

Cenário possível com o histórico de bom credor, gestões responsáveis e transparência perante aos funcionários. Enquanto os demais tentam soluções com o passado de dívidas, Vovô e Leão pavimentam o presente com o equilíbrio financeiro conquistado nas últimas temporadas.

E o time tricolor definiu primeiro ao criar uma Rede de Proteção ao Funcionário (RPF) - prevendo impacto financeiro imediato de R$ 1,5 milhão. Logo, os diretores e executivos remunerados abriram mão de 15% dos vencimentos de abril.

O elenco principal, por outro lado, abdicou provisoriamente de 25% do salário de março e 15% de abril até a crise passar. Nesse último mês, inclusive, dispensaram em definitivo 10% do montante ao qual têm direito.

No caso do Ceará, os pagamentos de abril, referentes ao mês de março, serão feitos: 75% do salário na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) quitado em 20 de abril e 75% dos direitos de imagem em 30 de abril. Os 25% restantes da CLT e da Imagem serão diluídos nos pagamentos dos atletas a partir de julho.

Em maio, cuja referência é abril, a distribuição é: 75% do salário na CLT e das férias pagas em 20 de maio e 75% dos direitos de imagem pagos em 30 do mesmo mês. O detalhe é que dos 25% restantes de salário na CLT e imagem, os atletas abriram mão de 10%. Assim, os 15% restantes serão complemento do salário a partir de julho. O valor será diluído ao longo do contrato.

Em terras alencarinas prevaleceu a empatia, o cuidado e a solidariedade por parte dos que tem mais que a maioria para impedir demissões. Pedido prontamente atendido pelos presidentes Robinson de Castro e Marcelo Paz, de Ceará e Fortaleza, respectivamente. O alívio aos cofres existe, mas antes há a manutenção dos quase 600 trabalhadores - sendo 267 no Vovô e 320 no Leão.

Ao analisar as projeções orçamentárias, sendo ambas as maiores da história de cada equipe e superando os R$ 100 milhões, a projeção mostra que cuidar do patrimônio também é vantagem.

O Ceará, por exemplo, alcança o 5º ano consecutivo de superávit financeiro. Do país, é um dos que apresenta menor dívida ativa do Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut).

Já o Fortaleza intensificou os planos de sócio-torcedor, alavancou as vendas com produtos licenciados e trabalha na construção de um Centro de Excelência, na sede do clube. Apenas em obras, destinou R$ 4 milhões para alavancar a estrutura.

A organização recai sobre patrocínios, melhores contratações e, a longo prazo, converte-se em resultado esportivo. O que explica o Vovô no 3º ano seguido de elite e 13 contratações em uma única janela de transferência, e o Leão ostentando os títulos recentes da Série B e da Copa do Nordeste.

A mensagem é de respeito e, acima de tudo, solidariedade. No ensejo social, o coronavírus corrói o sistema de saúde, os empregos e os moldes da vida mundana geral. Mais que nunca, a perspectiva de esporte coletivo, ou união, é antídoto. Neste Clássico-Rei, vencem Ceará e Fortaleza, unidos.

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Jogadores e membros da diretoria do Fortaleza aceitaram reduzir os salários - Foto: arquivo / SVM

Atletas abrirão mão de 10%, entre salário na CLT e imagem, do pagamento do mês de março - Foto: Thiago Gadelha / SVM