Tite se recusa a falar sobre Bolsonaro e cobra de Messi respeito
Técnico brasileiro Tite cumprimentou discretamente Bolsonaro
Tite se recusa a falar sobre Bolsonaro e cobra de Messi respeito Por Folhapress, [caption id="attachment_154913" align="alignleft" width="300"] Técnico brasileiro Tite cumprimentou discretamente BolsonaroFoto: AFP[/caption] Presidente do Brasil participou da festa com os atletas enquanto o atacante argentino acusou "armação" para os donos da casa vencerem Depois de fazer sua festa com os jogadores da seleção brasileira pelo título da Copa América, Tite apareceu para conceder entrevista com o neto Lucca no colo no domingo (7). Ele chegou a se emocionar ao falar da família, mas não demonstrou a mesma alegria ao ser questionado sobre a presença do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na celebração ou sobre as palavras de Messi sobre a competição. O treinador não quis responder a respeito do político no gramado. Ele recebeu a sua medalha de campeão do próprio presidente da República, mas rapidamente se desvencilhou dele, indo ao encontro do presidente da CBF, Rogério Caboclo, a quem se entregou em um efusivo abraço. Depois, o político do PSL se juntou ao elenco que posava com o troféu para tirar fotos ainda no gramado e ouviu gritos de "mito". Tite não aparece nas imagens. "Eu fico tão envolvido no futebol, tão envolvido nas situações... Sei que elas acontecem, mas minha educação e meu foco são naquilo que eu tenho de essência, que é o futebol, dentro de campo, minha ética. As outras situações são à parte", disse o técnico, respondendo a uma pergunta feita em inglês que lhe foi traduzida. O questionamento chegou a ser interrompido pelo profissional da Conmebol que conduz as entrevistas coletivas, selecionando os repórteres que podem fazer as indagações. Tite acabou aceitando respondê-lo, mas apenas dizendo que seu foco é o futebol. Terminada a entrevista, os jornalistas que não puderam questionar o treinador sobre a questão se aproximaram. "Só bola, só bola. Não quero entrar", disse o comandante, que deu a mesma resposta diante da insistência. "A resposta é: eu não quero entrar", concluiu. Tite já se manifestou contrário à associação entre política e futebol. No ano passado, após a participação do próprio Jair Bolsonaro da festa do título brasileiro do Palmeiras, disse que não aceitaria situação semelhante e, citando "valores éticos, morais e competitivos", resumiu: "Minha atividade não se mistura". Desta vez, o gaúcho preferiu o silêncio sobre o assunto. Algo que ele não fez a respeito das declarações de Messi. Irritado com a arbitragem na derrota por 2 a 0 da Argentina para o Brasil na semifinal e expulso na disputa pelo terceiro lugar, o craque falou em "corrupção" e disse que o torneio estava, "lamentavelmente, armado para o Brasil". "Aquele que eu coloquei como um jogador extraordinário, como um extraterrestre, tem que ter um pouquinho mais de respeito. E tem que entender e aceitar quando é vencido. Fomos prejudicados em uma série de jogos. Ele botou uma pressão muito grande pela grandeza que tem", afirmou Tite, apontando que a seleção jogou "de forma limpa" contra ele. Na disputa de terceiro lugar, Messi foi expulso em confusão com o zagueiro Medel. Foi somente o segundo cartão vermelho do argentino em sua carreiraFoto: AFP "Quero entender isso como um momento. E posso falar que ele foi expulso de maneira injusta contra o Chile. Não merecia. Quem merecia era o Medel. Para ele, no máximo, amarelo. Mas cuidado para transferir situações. Nós tivemos que passar por cima da arbitragem hoje. Fizemos um gol legal contra a Venezuela. Hoje, não foi pênalti do Thiago! Calma, cuidado, respeito", acrescentou. Sobre sua permanência na equipe verde-amarela, colocada em dúvida nos últimos dias, Tite manteve a posição da véspera, dizendo ter contrato até a Copa do Mundo de 2022. Ele sinalizou que deverá ficar, mas espera conversar com a CBF sobre o preenchimento das vagas abertas na comissão técnica antes de confirmar isso. O diretor da seleção, Edu Gaspar, está de saída. O auxiliar técnico Sylvinho já partiu, a caminho do Lyon, e o analista de desempenho Fernando Lázaro, que trabalhou até a decisão da Copa América, vai segui-lo. Como os postos serão ocupados é uma questão que tem causado tensão entre o treinador e os dirigentes da CBF.
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