LANCEPRESS! - Rio de Janeiro (RJ)
A situação de Adriano deixou de ser uma questão esportiva. Transformou-se num drama humano. O Imperador, como revelam depoimentos
de amigos e parentes publicados por este LANCE! na edição de quarta-feira, não consegue mais controlar os impulsos. Trata-se de uma pessoa doente, que, nos já raros momentos de lucidez, até se mostra disposto a continuar. Mas que sucumbe aos próprios conflitos.
Adriano merece todo tipo de ajuda. Ao decidir mantê-lo no Flamengo – já tinha recebido carta branca da presidente Patricia Amorim para romper o contrato do jogador após mais uma falta injustificada –, Zinho com certeza focou o homem, o ídolo ferido. Não necessariamente ainda conta com a recuperação do atleta.
Desde que ele teve o contrato com o Corinthians rescindido por indisciplina – as mesmas que comete agora na Gávea –, o Flamengo deu a Adriano um campo para treinar, um centro médico para se cuidar, ofereceu profissionais de qualidade da equipe do doutor Runco para tratá-lo. E sem rece ber nada em troca.
Foram atitudes justificáveis, um reconhecimento ao passado e uma aposta no futuro de alguém que há tão pouco tempo teve papel importante na conquista do hexacampeonato brasileiro.
O que não parece lógico é que, com as indefinições sobre a carreira do Imperador – que não começaram essa semana –, o Flamengo tenha assinado com ele um contrato de trabalho. Ainda que seja um contrato de risco, com cláusulas bem amarradas de rompimento, Adriano não faz nada que justifique receber R$ 50 mil mensais do clube.
O que Zinho e os dirigentes rubro-negros, por mais bem intencionados que estivessem, não perceberam é que o vínculo, ao contrário de ajudar, voltou-se contra Adriano. Ter obrigações contratuais a cumprir, no momento turbulento por que passa, é uma pressão a mais que recai sobre os ombros do Imperador. Um motivo a mais para cobranças que, claramente, ele não tem mais condições de suportar.
A decisão do clube de colocar agora um psicólogo para atender o jogador – talvez um último esforço na tentativa de resgatar o homem e o atleta – é acertada. É um gesto de boa vontade, ainda que de retorno incerto. O que Adriano precisa, nos estertores da luta pela sobrevivência esportiva, é este tipo de suporte. Não de um salário mensal. Que, ao frigir dos ovos, pouca diferença faz na conta bancária dele.
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