Cruzeiro, com um gol aos 56 minutos do segundo tempo, para o Galo: 2 a 2

Torcida celeste festeja o ponto conquistado sobre o líder do Campeonato Brasileiro

Por Tarcísio BadaróBelo Horizonte

Sobrou emoção no estádio Independência, embora tenha faltado um futebol mais técnico, com mais qualidade. Cruzeiro e Atlético-MG se enfrentaram pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro, e o empate em 2 a 2 prevaleceu no Independência. Sobrou também vontade, transpiração, garra, atributos dignos de um grande clássico. Os gols foram marcados por Wallyson e Mateus, para a Raposa, e por Leonardo Silva e Ronaldinho Gaúcho, para o Galo. O que sobrou também foi a genialidade de um craque, que reencontrou o melhor futebol em Belo Horizonte. Ronaldinho Gaúcho mostrou que está em grande forma física, motivado e capacitado a levar o Atlético-MG a um título que não chega desde 1971. Mas o Cruzeiro tinha raça e, aos 56 minutos do segundo tempo, buscou o empate, quando ninguém mais acreditava.

Em uma condição inferior no Brasileirão, os jogadores do Cruzeiro entraram em campo, mais do que por apenas três pontos na tabela, para atrapalhar os planos do maior rival, líder absoluto da competição, com uma campanha impecável. Consciente das limitações técnicas, a equipe celeste disputava cada espaço em campo como um 'prato de comida'. O Atlético-MG, tranquilo, buscava cadenciar as ações e chegar ao ataque com certeza de não correr riscos no contra-ataque.

Como o jogo era muito disputado, brigado e, às vezes, até desleal, a torcida cruzeirense entrou na 'pilha' e, no início do segundo tempo, revoltada com a arbitragem do pernambucano Nielson Nogueira Dias, atirou diversos objetos no gramado. Na sequência, Leandro Guerreiro e Bernard foram expulsos. No total, 17.901 torcedores pagaram ingressos para acompanhar a partida e proporcionaram uma renda de R$ 482.270,00. No fim, Pierre também levou cartão vermelho, após falta dura em Montillo. 

Com o resultado, o Atlético-MG segue na liderança do torneio, com 43 pontos, um a mais que o Fluminense, que tem 42. O Galo, no entanto, ainda tem um jogo a menos, diante do Flamengo, em Volta Redonda. O Cruzeiro, com 28 pontos, está na oitava colocação, sete pontos atrás do Vasco, primeiro time no grupo dos quatro primeiros na tabela.

Na próxima rodada, o Atlético-MG receberá a Ponte Preta, nesta quarta-feira, às 20h30m (de Brasília), no Independência. O Cruzeiro, por sua vez, encara o Atlético-GO, também na quarta, mas às 22h, no Serra Dourada, em Goiânia.

Emoção sem fim

O primeiro lance do jogo retratou a disposição com que o Cruzeiro entrou em campo. Fabinho tropeçou na bola, mas se jogou de cabeça no chão para tentar cortar a saída do Atlético-MG. Mas foi o Galo quem agrediu. O time alvinegro chegava pela direita e apostava nos cruzamentos. Jô era o alvo dentro da área e levava perigo nas bolas aéreas.

Mesmo diante da torcida, o Cruzeiro se encolheu e apostava nos contra-ataques. Fabinho e Montillo se movimentavam muito, na tentativa de deixar Borges em condições de marcar. Davam trabalho. Mas logo aos 12 minutos, a Raposa perdeu Fabinho, machucado. Wallyson foi para o jogo e, no primeiro toque na bola, marcou. Aos 16 minutos, Montillo deu bom passe para Everton, que foi ao fundo e cruzou. Wallyson se esticou todo e, na pequena área, desviou para o fundo das redes.

O jogo ficou mais duro, com muitas faltas no meio-campo. O Atlético-MG passava mais tempo no campo de ataque, mas não chegava com perigo. Diante de uma defesa bem postada, faltava criatividade, e o único expediente era levantar bolas. Não funcionava.

O time celeste se mostrou irritado com a arbitragem. Aos 35 minutos, Mateus e Bernard se desentenderam, o bate-boca virou confusão generalizada e acabou com um cartão amarelo para cada lado.

Parecia que a Raposa iria para o vestiário com a vantagem no placar. Mas, aos 47 minutos, a bola aérea alvinegra deu resultado. Ronaldinho cobrou escanteio da esquerda, a zaga desviou, e Leonardo Silva emendou de canhota, marcando um golaço. Tudo igual no primeiro tempo, e muitas reclamações celestes contra o árbitro, que deu quatro minutos de acréscimo.

Clássico inesquecível

O segundo tempo mal começou e parou. Um copo plástico foi arremessado no gramado pela torcida cruzeirense. O atleticano Bernard entregou o objeto ao árbitro. Depois, outro foi jogado. Quando o meia alvinegro pegou novamente para mostrar ao árbitro, o volante Leandro Guerreiro tentou impedir. Os dois se empurraram. A partir daí, a confusão cresceu.

Vários copos foram jogados contra o árbitro, e a partida ficou parada por dez minutos. Na volta, os dois jogadores receberam o segundo amarelo e foram expulsos. A bola voltou a rolar, e o jogo seguiu pegado. O Atlético-MG colocou um pouco a bola no chão e criou mais que a Raposa. Com mais espaço em campo, Ronaldinho Gaúcho começou a aparecer bem.

O Cruzeiro seguia na aposta do contra-ataque, mas teve dificuldades para chegar.
Aos 40 minutos, o sumido Borges recebeu na entrada da área, girou sobre o zagueiro e chutou. A bola não ganhou tanta força, mas contou com a falha do goleiro Vitor. Quase a Raposa voltou à frente no placar.

E aí, Pierre foi expulso, após falta dura em Montillo. Como o volante já tinha cartão amarelo, recebeu o vermelho. Quando se esperava que o Cruzeiro tivesse condições de conquistar a vitória, foi o Atlético-MG que marcou. Aos 44 minutos, Ronaldinho Gaúcho recebeu a bola em velocidade, passou pelo zagueiro, driblou mais uma vez e tocou fora do alcance de Fábio, no canto esquerdo. Um golaço, digno de um craque.

No fim, Montillo ainda acertou a trave, em uma cobrança de falta. A bola foi no ângulo e, por pouco, o Cruzeiro não consegue o empate. O Cruzeiro ainda teve duas chances incríveis de marcar, mas teve azar nas conclusões. Mas, aos 56 minutos - já que o jogo ficou parado muito tempo, durante os arremessos de objetos no gramado - o zagueiro Mateus, após passe do outro zagueiro, Thiago Carvalho, tocou para o gol: 2 a 2.