Pronta para pisar na avenida, Juliana Alves anuncia: ‘Vai ter biquininho’

Atriz, que estreia em 2013 como rainha de bateria da Unidos da Tijuca, abre também a série ‘Sua majestade, a bateria’,

do EGO.

Eliane Santosdo EGO, no Rio

Demorou para Juliana Alves ser anunciada como rainha de bateria da Unidos da Tijuca, mesmo com meio mundo falando que seria ela. Demorou também para ela acreditar que o sonho de menina, acalentado nos ensaios de rua que frequentava desde nova, tinha virado realidade. Demorou ainda para Juliana acreditar que seria bem aceita pela comunidade. Agora, menos de um mês para o Carnaval, não falta mais nada. Ela está pronta para pisar na avenida, diz que todo cuidado que tem tido até agora em não mostrar demais suas curvas vai ficar de lado e que se sente muito orgulhosa em ser uma rainha negra na Sapucaí.

"Acho que uma rainha pode fazer e mostrar outras coisas além do corpo. Agora, no dia do desfile, aí já é outra coisa. Vai ter biquininho. Acho que faz parte da beleza do carnaval o  corpo em exposição. Não tenho problema nenhum com isso. Só acho que no dia a dia não precisa”, diz a atriz.

É por toda essa entrega, que Juliana foi escolhida pelo EGO para inaugurar a série “Sua majestade, a bateria”, em que rainhas de bateria prestam homenagem aos seus ritmistas e falam de sua relação com eles e com o carnaval.

Vida de rainha
“Está sendo mais do que eu esperava. É um comprometimento muito maior. Vou aos ensaios, tento participar de tudo da escola. Sou meio perfeccionista. Acho que foi até bom eu ser rainha só agora porque estou podendo me dedicar a essa estreia. Faço um esforço maior para fazer jus ao fato de estar à frente da bateria.  Sem querer, vou me jogando, inventando passos de dança e não consigo fazer menos que isso agora. Tem uma pirueta que faço, que não consigo mais não fazer em dado momento do samba. Já perdi duas sandálias por causa disso (risos).”

Aceitação
“Tive medo de não ser bem recebida. Desfilo desde novinha, mas das outras vezes que desfilei, as pessoas nem sabiam que eu estava lá. Depois que fiz ‘Duas Caras’ e ‘Caminho das Índias’, é que foram prestar atenção em mim. Além disso, fiquei quase quatro anos afastada do carnaval. Mas, graças a Deus, fui muito bem recebida.”

Sensação do carnaval
“Não me acho a sensação do carnaval, mas tem a coisa da revista “Rio Samba e Carnaval”, que sempre sonhei em fazer. Sempre via aquelas capas glamourosas, aquelas pessoas fazendo caras de ‘Ahh’. Quando posei, falei: ‘Não acredito que estou fazendo ‘ahh’ (risos)’. Não imaginei que seria assim, mas sabia que aconteceria. Está sendo muito mais emocionante, muito mais do que eu imaginava.”

Rituais de rainha
“Não faço dieta para o carnaval. Ao longo da minha vida, vou ajustando meu corpo de acordo com meus trabalhos. Então sempre tive endocrinologista, o Luciano Negreiros. Queria afinar um pouco mais, mas não vou ficar sarada. Estou malhando para ter condicionamento físico para a avenida. Faço uns tratamentos estéticos, como drenagem linfática. Quero reduzir umas gordurinhas localizadas. Para isso, malho no mínimo três dias por semana, mas com objetivo de me exercitar todos os dias. Nem sempre dá tempo. À noite, tento reduzir o carboidrato e tomar só uma sopinha.”

Fantasia
“Quem vai fazer minha fantasia é o Edmilson Lima, que fazia as fantasias da Luiza Brunet. Ele pegou o desenho que a escola passou e já pirou em cima. Mas quero um biquíni que tenha movimento, mas nada muito pequenininho, nem tapa-sexo (risos). Vai ter um costeiro, acho que rainha tem que ter costeiro, mas pedi leve para poder sambar.”

Rainha mulata
“Acho que esse ano será especial porque tem a volta da Quitéria Chagas ao Império Serrano, tem a Cris Vianna, que é uma amiga querida, e que está na Imperatriz. Acho que o carnaval ganha muito com essas representantes. Acho que não é uma questão de preconceito, que a rainha não possa ser loira, mas acho que a raiz cultural do samba nos faz sentir falta de mais rainhas assim (negras) na avenida. Sou a maior defensora do samba e me sinto responsável por ser referência para que outras meninas me vejam e se sintam representadas, não só na avenida, mas também na minha carreira de atriz.”

Mostrando o corpão na avenida
“Vou mostrar (risos). Até brinco quando as pessoas dizem que meu vestido está muito comprido e digo: ‘Calma, senão não vai sobrar nada para a avenida’. Tem que mostrar no carnaval. Gosto de fazer as coisas com muita clareza e acho que não precisa mostrar o corpo todas as vezes. Acho que uma rainha pode fazer e mostrar outras coisas além do corpo. Agora, no dia do desfile, já é outra coisa. Vai ter biquininho. Acho que faz parte da beleza do carnaval, a beleza do corpo em exposição. E aquela fantasia compondo com o corpo. Não tenho problema nenhum com isso. Só acho que no dia a dia não precisa.”

Bateria
“Comecei tímida por uma questão de respeito, para não invadir o espaço deles. Só subi para sambar na bateria depois que fui coroada. Já estava frequentando os ensaios há muito tempo, mas achava que não cabia. Hoje em dia, já chego, faço um sinal para o Mestre Casagrande, entro, brinco com eles, faço coreografia e tenho uma relação de respeito. Eles sabem que não faço pequenos agradinhos, mas sabem que estou lá para o que der e vier. Sou rainha, mas antes de tudo sou integrante.”

Marca do reinado
"Eu que escolhi as músicas da minha coroação que foram ‘A voz do Morro\' e \'Isto é que é\', que fala que isso aqui é um pouquinho de Brasil. Quero que as pessoas se sintam representadas e que eu consiga ajudar a exaltar o samba do Rio de Janeiro."