Andréia Horta se surpreende com comoção ao viver mãe de Chitão e Xororó: 'Me abraçaram com olhos cheios de lágrimas'

Atriz conta que sua mãe chora ao ver todas as cenas da série e que amigos também escrevem emocionados

Por Gabriela Medeiros

É difícil segurar a emoção ao ver Andréia Horta em cena como Dona Araci, mãe de Chitãozinho e Xororó, na série “As aventuras de José & Durval”, do Globoplay. Na produção baseada na história da dupla sertaneja, a atriz mostra força e dor num trabalho de interpretação bastante denso. A entrega dela foi tanta que emocionou até mesmo os próprios cantores, fazendo com que os dois revivessem memórias da infância.

— Conheci Chitãozinho e Xororó depois que as filmagens já tinham terminado. Tive um retorno muito bonito dos dois. Eles me abraçaram com os olhos cheios de lágrimas e disseram que compreenderam muito profundamente o sofrimento da mãe através do meu trabalho, porque eles eram muito crianças na época — detalha Andréia, confessando também ter ficado comovida com o papel, que ela quase não aceitou de início: — Quando Araci chegou, eu ainda estava fazendo “Um lugar ao sol”, e o Hugo (Prata, diretor da série) me ligou falando que tinha uma convocação para mim. Respondi: “Estou muito cansada, acabando uma novela, não vou conseguir emendar”. Ele insistiu e, quando eu li, soube que não deixaria para trás.

A atriz Andréia Horta vive Dona Araci na série 'As aventuras de José & Durval' — Foto: Marcus Leoni | Vans Bumbeers

A atriz Andréia Horta e a dupla Chitãozinho e Xororó — Foto: Bob Paulino/Divulgação

A série 'As aventuras de José & Durval' — Foto: Aline Arruda/Divulgação 

A atriz ainda fez os próprios pais se derramarem com sua interpretação.

— Minha mãe chora em todas as cenas — diz ela que, natural de Juiz de Fora, em Minas Gerais, fez de sua vivência pessoal um combustível para o trabalho: — Na infância, eu escutava muito a dupla já que, na década de 90, o sertanejo deles era muito forte. Eu tinha um tio que morava num sítio no interior, a gente sempre ia para lá e era esse gênero musical que tocava. Minha família por parte de mãe é parecida com a deles. Minha avó materna foi uma grande inspiração, teve 10 filhos. E sempre quando todos se reuniam, tinha os tios que tocavam violão, as tias que cantavam... Minha mãe, inclusive, canta lindamente.

A repercussão junto ao público também é nítida. No celular de Andréia, não param de chegar mensagens de amigos e fãs.

— As pessoas se conectaram. Ouvi: “Tinha anos que eu não chorava e agora chorei com a Araci”. Aí vejo que meu dever como artista foi cumprido! Eu estou maravilhada, não imaginava que fosse receber um retorno tão positivo, tão quente — surpreende-se ela: — É uma personagem muito brasileira. Acho que todos nós temos uma figura assim na nossa memória. É lindo ver que essa mulher tocou tanto as pessoas.

A doença de Araci

Uma das complexidades do trabalho de composição de Andréia foi o de retratar a luta da mãe dos cantores em relação a problemas mentais.

— Fizemos visitas ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps), conversamos com um psiquiatra e também com as pessoas. Naquele momento em que se passa a série, não havia medicação, e as condições de vida eram muito duras. A gente não quis carregar tanto, o foco era o desenvolvimento dos filhos cantores, mas precisávamos dar essa dimensão do que eles passaram. Fomos trabalhando com bastante cuidado — ressalta a atriz, contando como o assunto, até então não abordado publicamente pelos sertanejos, chegou até a equipe da série: — Os roteiristas e o Hugo tiveram muitas entrevistas com a dupla, justamente porque eles são muito reservados. A gente precisava encontrar as dores, as dificuldades. Aí eles contaram isso e, para nós, foi muito importante, porque dá uma densidade para o centro dessa família, cuja mãe é a coluna vertebral.

Mas não é só no drama que a mineira, de 40 anos, faz arrepiar na série. Sua linda voz também chama a atenção. Para fazer as cenas mostrando esse seu outro talento, ela conta que precisou ter coragem:

— Tenho vontade de ter tempo para estudar essa área. Acho uma das coisas mais bonitas que existem. Amo cantar, mas nunca faço isso publicamente. Precisei de coragem porque era uma série de camadas ali, como o sotaque, por exemplo — assume Andréia, que já viveu Elis Regina no cinema.

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