Carlos Alberto de Nóbrega chora ao falar de Jô Soares: "A vida são as amizades que a gente tem"
Não conheci ninguém mais culto do que o Jô", afirmou.
REDAÇÃO QUEM
Carlos Alberto Nóbrega (Foto: Reprodução Instagram)
"Chorei a morte do maior gênio que surgiu na televisão brasileira", diz veterano, que se emocionou ao se despedir de apresentador e humorista, que morreu, aos 84 anos, nesta sexta-feira (5)
Carlos Alberto de Nóbrega, de 86 anos, usou seu Instagram para homenagear Jô Soares, seu grande amigo, que morreu aos 84 anos, na madrugada sexta-feira (5). Muito emocionado, ele chegou o falar do apresentador e humorista, em um vídeo postado à noite, explicando que não quis dar entrevistas e, sim, falar apenas uma vez. Chorando, Carlos Alberto fez uma espécie de cronologia da relação deles, contando que a vida os afastou, mas que foi ele quem levou Jô para o SBT e que, na época da diatura, escondia livros do amigo quando necessário. "Eu chorei a morte do maior gênio que surgiu na televisão brasileira. Não conheci ninguém mais culto do que o Jô", afirmou.
"Quero que vocês entendam uma coisa: eu fiz uma troca, eu troquei as dezenas de pedido de entrevista pelo silêncio", começou ele, com aparência bem abatida e voz embargada. "Eu queria que o meu choro fosse só meu, porque a vida não é só o sucesso, não é só o dinheiro, é o que a gente planta, são as amizades que a gente tem", desabafou. "Eu chorei a morte do maior gênio que surgiu na televisão brasileira. Não conheci ninguém mais culto do que o Jô. Não conheci", afirmou.
"Eu chorei o amigo, eu chorei que me lembrei de quando nós compramos um carro, e o carro do Jô pegou fogo e o meu veio quebrado. Nós tínhamos 20 e poucos anos e falei: 'Jô, vou devolver esse carro e se ele não aceitar, eu vou dar uma surra nesse cara'. E sabe o que o Jô falou? 'Sabe o que eu vou fazer, como eu não sei brigar, eu vou sentar em cima dele', ele tinha 150 quilos naquela época", lembrou.
"Eu chorei pela ditadura, que não permitia que se lessem determinados livros que eles queimavam. E, várias vezes, eu estava na casa do Jô, telefonava, 'olha os homens estão procurando livros', eu tinha um carro com porta-malas grande, eu coloca os livros, no meu carro, que ficava na porta, e levava meu carro pro estacionamento. Dias depois, trazia os livros de volta. Chorei coisas que a televisão nunca viu. A simplicidade, o respeito que o gênio tinha por um redator que estava começando. Nós nunca disputamos uma liderança", explicou.
"Só que a vida nos separou. Na Globo, quando eu não tinha mais o lugar que eu achava que eu deveria ter nos Trapalhões, eu fui pedir para trabalhar com ele, mas não me deixaram. Eu saí e vim pro Silvio Santos. Uma das primeiras coisas que eu fiz quando assumi a direção artística foi chamar o Jô para trabalhar comigo. 'Você teria coragem de ir trabalhar no SBT?' Ele falou 'o dinheiro do Silvio é igual o do Roberto Marinho, se ele me der uma chance de fazer uma entrevista'. Nunca falei isso para ninguém", finalizou.
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