Musa soul e ganhadora do 'Masked Singer' britânico, Joss Stone lidera escalação de noite feminina no Rock in Rio
Elas se apresentam seus respectivos shows em 8 de setembro, no que ficou denominado como a noite Divino Feminino do palco.
A cantora inglesa Joss Stone Foto: Divulgação
Cantora dividirá o palco Sunset com Corinne Bailey Rae, Duda Beat e Gloria Groove no dia 8 de setembro de 2022
Silvio Essinger
RIO - Nesta quinta-feira, faltando exatamente um ano para o início de sua edição de 2022 (fato marcado com a inauguração, em Copacabana, de um relógio que fará a contagem regressiva), o Rock in Rio anunciou as primeiras atrações do palco Sunset: as cantoras inglesas Joss Stone e Corinne Bailey Rae, e as brasileiras Duda Beat e Gloria Groove (persona drag do paulistano Daniel Garcia). Elas se apresentam seus respectivos shows em 8 de setembro, no que ficou denominado como a noite Divino Feminino do palco.
Revelada para o mundo em 2003, aos 16 anos, com o álbum “The Soul Sessions”, Joss Stone estreou no Rock in Rio aos 24, como atração de um palco Sunset que acabava de ser inaugurado. Dez anos depois, a cantora branca com voz negra volta para encarnar o feminino como mãe da pequena Violet Melissa, nascida em janeiro.
— A maternidade foi a melhor coisa que me aconteceu. Acho que nunca mais vou ter um dia ruim na vida, a menos que ela tenha um dia ruim. Violet é um anjo de verdade — derrama-se, por telefone, uma Joss Stone que, como todo mundo, teve que se virar durante a pandemia de Covid-19. — Não é louco (ter tido uma filha no meio disso tudo)? Mas a gente foi levando normalmente. Tivemos que usar máscaras e tal, mas só lamento mesmo foi ter perdido alguns shows. E o que mais? Ah, eu fui uma salsicha no “The Masked Singer”!
Sim, mesmo com uma gravidez de cinco meses (“foi muito desconfortável, era difícil até para respirar naquela fantasia!”), a cantora foi a vencedora, em dezembro, da segunda temporada da edição britânica do programa que hoje é sensação no Brasil.
— Na boa, foram as melhores apresentações de toda a minha carreira — jura ela. — Nos últimos anos, descobri uma coisa sobre mim mesma: tudo o que eu quero é fazer as pessoas sorrirem.
Com um álbum para ser lançado em dezembro (“com muitas cordas e canções sentimentais”), Joss Stone parte para o Divino Feminino com uma nova postura em relação ao feminismo que costumava professar:
— Não digo mais que sou uma feminista, porque às vezes, acidentalmente, deixamos os homens de fora. Somos mais fortes juntos. Quero celebrar o fato de ser uma garota, não quero reclamar sobre o que vem junto com isso tudo. Acho que o conflito é contraproducente. O amor é a melhor escolha — defende. — Os homens são sempre muito atrevidos, isso é certo. Mas se aconteceu algum abuso comigo, nunca percebi. Passei, sim, por muitas coisas ruins ao longo da carreira, e precisaria de pelo menos duas garrafas de vinho para contar, mas nunca me vi como vítima de nada que não as minhas próprias decisões.
Idealizador e diretor artístico do Sunset, o cantor Zé Ricardo conta que a ideia para a noite do Divino Feminino foi apresentada a ele por Gloria Groove:
— Ela me perguntou por que a gente nunca tinha feito um dia feminino. E eu acho que a curadoria tem que refletir a nossa sociedade, ampliar a discussão. Em 2022, o Sunset será um palco para fazer pensar, com muitas provocações.
Para Gloria Groove, mais do que um nome, Divino Feminino “é uma energia”.
—É o ponto de convergência entre todas as expressões femininas, seja ela num corpo cis, trans ou não binário. São as diversas formas em que a mulheridade é capaz de sacudir as estruturas e inspirar transformações — explica. — Na minha vida, por exemplo, a chegada da persona Gloria Groove mexeu com tudo que eu já sabia sobre mim, ao mesmo tempo que me mostrou ao mundo. Quando lembro da minha história, vejo o quanto as mulheres à minha volta foram e continuam sendo responsáveis pelo meu amadurecimento pessoal, emocional e profissional.
E Duda Beat espera proporcionar “uma festa inesquecível, com a energia feminina reunida em diferentes formas, ritmos e idiomas para essa grande devoção à deusa música”:
— Já estamos planejando essa apresentação, ela vai ser a realização de um sonho para mim, minha banda e equipe. Queremos que seja muito enérgico e dançante. A emoção com certeza vai lavar a nossa alma e nos dar motivos pra voltar a celebrar a vida!
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Até lá, porém, muito falta a se fazer pelo feminino. E angustia particularmente Joss Stone a situação das mulheres que conheceu no Afeganistão quando lá se apresentou, em 2019:
— Esses dias estava trocando mensagem com as minhas amigas de lá e, infelizmente, uma delas não conseguiu fugir do país. É terrível. Eu até entendo que os americanos tivessem que sair de lá, mas as pessoas no Afeganistão não mereciam passar por isso. Essa minha amiga está literalmente contando os seus últimos dias. Tentamos ajudá-la, mas não há como.
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