Exclusivo: Marisa Monte fala sobre novo álbum e filhos: 'Somos uma família colaborativa'

Em seu ritmo, ela acaba de lançar “Portas”, quase uma década após o último disco de inéditas,

Joana Dale

Marisa Monte Foto: LEO AVERSA

Cantora também conta que Mano Wladimir é afinado e que Helena, a caçula, gosta de soltar a voz: 'Ainda não dá para afirmar se vai ser cantora'

Marisa Monte vive atenta aos sinais. Isolada em casa com os filhos, Mano Wladimir e Helena, de 18 e 12 anos, e com o marido, o empresário Diogo Pires Gonçalves, desde o início da pandemia, a cantora recebeu poucas visitas. Uma delas, em especial, a marcou: certa manhã, um bicho-preguiça surgiu no jardim da residência cercada por Mata Atlântica, no Rio. “Precisei chamar os bombeiros para levarem o Sidnei, como o batizamos. Acredito que ele apareceu para a gente acalmar. E lembrar que tudo na vida tem seu tempo”, sorri a cantora, de 54 anos. Em seu ritmo, ela acaba de lançar “Portas”, quase uma década após o último disco de inéditas, “O que você quer saber de verdade”.

A seguir, Marisa fala sobre o novo projeto musical e os filhos.

“Calma” já nasceu um hit. A ideia foi dar um acalanto geral diante do baixo-astral nacional?

O disco todo tem essa intenção, é positivo porque eu sou uma pessoa que tem esperança. Estamos vivendo um momento trágico. Mas, analisando uma curva de tempo histórica, de 60, cem anos atrás, dou graças a Deus por ser uma mulher de hoje. A minha tataravó cantava lindamente, tenho todos os livros de ópera dela, mas ela jamais teria uma carreira como a minha. Melhorou muito para as causas identitárias, na construção coletiva da sociedade. O progresso não é uma linha reta, há momentos de retração, guerra, epidemia, contratempos transformadores. Não falo de um ponto de vista empírico ou com um positivismo vazio, mas com análise histórica. E nem sempre evoluímos na velocidade que gostaríamos. Queria que essas músicas trouxessem conforto. “Calma” foi feita três, quatro anos atrás, tanto que fala sobre “tempestade em copo d’água”, e estamos mais para nau desgovernada na tempestade. Mas é o que muita gente queria ouvir agora, uma vez que aponta para o futuro de forma assertiva. Tenho essa fé porque canto para multidões e, quando todos cantam juntos, é sempre afinado. Mesmo que um ou outro desafine, a harmonia sobressai.

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