Fischer fala de assédio sofrido na carreira de miss e abuso psicológico

Vera Fischer conta sobre os desafios enfrentados na carreira de miss

Vera Fischer durante sua carreira de miss — Foto: TV Globo

Vera Fischer lembra de assédio sofrido durante sua carreira de miss e início na atuação: 'Psicologicamente, fui abusada'

Durante participação no 'Altas Horas' neste sábado, atriz fala ainda de trabalhos no cinema, espiritualidade, boa forma e próximos projetos

Por Gshow — Rio de Janeiro

Vera Fischer conta sobre os desafios enfrentados na carreira de miss

O Altas Horas deste sábado, 19/6, contou com um elenco de peso composto só por mulheres, entre elas, Vera Fischer. No programa, a atriz recordou momentos marcantes da carreira e falou ainda de espiritualidade, boa forma e dos seus próximos projetos. Eleita Miss Brasil em 1969, quando tinha apenas 17 anos, ela lembrou de quando fez a transição dos concursos de beleza para a atuação, do assédio que sofreu nesta época e de como era vista sob uma ótima machista apenas pela forma que se vestia.

"Comecei no início dos anos 70, quando o machismo estava gritando. Acho que, mais psicologicamente, fui abusada, e isso me deixou muito para dentro. Eu era muito tímida e não era moda falar ou reclamar sobre isso naquela época."

Ela conta que, apesar de não ter sofrido nenhuma violência física, levou marcas dos abusos psicológicos que sofreu naqueles anos, quando ainda era tão jovem e estava começando a carreira de atriz. "Não foi nada tão traumático fisicamente, foi mais o meu psicológico, gente dizendo ‘ela é uma loira burra gostosa, então a gente pode tudo’, ‘ela usa minissaia, usa shortinho, a gente pode atacar’. Isso dá o direito de a pessoa vir implicar comigo e querer passar a mão em mim? Não dá. Você pode se vestir como quiser, ter a idade que tiver, dizer o que quiser. É a sua vida. Isso mexeu comigo, com a minha mente, com o meu psicológico", explicou.

Vera acredita que a estrutura familiar que tinha em casa acabou ajudando para que não ficasse com maiores traumas dessa época. "Graças a Deus, minha família sempre foi muito forte, muito severa e muito humana. Então, isso me deu um norte, fez com que eu me tornasse uma pessoa, aos poucos, mais compreensiva e também muito corajosa e muito forte".

Ainda lembrando o início da carreira, Vera falou dos seus primeiros trabalhos no cinema, na época de ouro da pornochanchada. "O primeiro filme que eu fiz chamava-se 'Sinal Vermelho' e emendou quase com o segundo, 'Anjo Loiro'", recordou, sobre as obras de 1972 e 1973, respectivamente.

"Acho que a pornochanchada durou mais ou menos uns cinco anos. Eu fiz poucos filmes, mas eles reverberaram muito. Me sinto até privilegiada, porque o Cinema Novo, o Cinema da Atlântida e a Pornochanchada são três movimentos de cinema brasileiro, então me sinto orgulhosa."

Durante o papo com Serginho Groisman, a atriz lembrou ainda de sua infância e de como desenvolveu sua espiritualidade. "Comigo aconteceu uma coisa muito interessante, porque meus pais eram protestantes luteranos, mas, aos 5 anos de idade, me colocaram numa escola de freiras católicas. Então, às sextas-feiras eu frequentava as missas católicas e, aos domingos, o culto protestante. Aprendi as duas religiões e fiquei craque, tirava dez em tudo, as freiras me adoravam e eu gostava. Para mim, religião sempre foi uma matéria humana, de estudar o ser humano", contou.

Os esportes também marcaram muito sua infância e juventude em Blumenau, Santa Catarina. "Gostava de jogar tênis e vôlei quando morava em Blumenau e, quando voltei, continuei jogando vôlei. Mas fiz milhões de coisas. Hoje em dia faço karatê fight. Sou muito cheia de energia e, nele, você soca, chuta e mexe a cintura", disse Vera que, aos 69 anos, ainda mantém a mesma boa forma.

E, mesmo durante a pandemia, a atriz não parou. Além do karatê que pratica com frequência, ainda está repleta de projetos profissionais, entre eles, uma peça que vai estrear em Portugal. "'Quando Eu For Mãe, Quero Amar Desse Jeito', infelizmente, nós íamos estrear no início do ano passado aqui, mas como os teatros estão fechados, vamos estrear em Portugal no fim do ano. Deixamos a peça para o Brasil no ano que vem. E tem uma outra, na realidade virtual, que a gente ainda está planejando para ver como faz. O 'Vera Theater' vai voltar, provavelmente com patrocínio agora, eu e Michel Blois", listou.

Vera ainda vai leiloar uma foto sua da década de 70, em forma de Cripto Arte. "Essa coisa de Cripto Arte é nova para mim. Vai ter uma foto minha inédita, que foi feita em 1976, e era para uma revista chamada Status. Eu estava num mangue lá em Ilha Bela, em São Paulo, toda coberta de lama, sem maquiagem, fotografando. Só que a câmera caiu na água e o fotógrafo, Bubby Costa, achava que tinha perdido esse material. Só que, depois, ele foi revelar e o material apareceu com uns fungos, umas algas, alguma coisa assim. Era uma foto em preto e branco e ficou sensacional. A gente vai leiloar essa fotografia, que é um mercado novo, né, esse de Cripto Arte. E depois vamos pegar essa verba e doar uma parte para uma entidade que vamos escolher ainda", explicou.

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