Museu do Isolamento: “Quero falar sobre arte de uma forma mais democrática e acessível”, diz Luiza Adas

A Glamour bateu um papo com a relações-públicas e criadora do primeiro museu online do Brasil, que inova a visão sobre arte e cultura no País

Museu o Isolamento: “Quero falar sobre arte de uma forma mais democrática e acessível”, diz Luiza Adas (Foto: Reprodução/Instagram)

POR MALU PINHEIRO 

No dia 30 de abril o Museu do Isolamento (@museudoisolamento) completou um ano de existência. Em meio a pandemia, a relações-públicas e entusiasta de arte e cultura Luiza Adas quis criar uma maneira de continuar frequentando museus mesmo com as restrições impostas pelo coronavírus. O resultado? Um museu digital, por que não?

 “Se para os artistas brasileiros já era difícil se projetar no cenário artístico, em um momento de pandemia isso se agrava muito mais. Então, resolvi voltar à uma pesquisa que havia feito na faculdade, em 2019, sobre comunicação estratégica de museus para captação de público. Nela, eu tinha identificado quais eram os principais problemas dos museus tradicionais. A partir daí, resolvi criar o meu próprio museu para que pudesse continuar falando sobre arte e cultura e indicando novos artistas dentro dessa nova plataforma”, contou em entrevista para a Glamour.

Museu do Isolamento

Não demorou muito para o projeto decolar. Em um ano de existência, já possui 126 mil seguidores e mais de 1500 artistas expondo suas obras. “Eu acho que o interessante do museu é que ele nunca induziu os artistas a enviarem para gente um único tipo de arte. Então, embora ele tenha surgido no período de pandemia, o objetivo não era falar sobre a pandemia especificamente. Queríamos entender quais eram os sentimentos que as pessoas estavam vivendo e, a partir disso, fazer uma curadoria trazendo essas visões de mundo que estavam sendo criadas”, explica.

Entre os assuntos abordados nas obras, o isolamento se fez presente de diferentes formas. “Não era só um isolamento obrigatório, era também regional, econômico e racial. Hoje, o museu dá luz e visibilidade para esses criatovs que, dentro dos seus diferentes isolamentos, estão produzindo artes que falem sobre o agora. A arte é uma ferramenta muito importante para que a gente consiga discutir e questionar os temas atuais.”

Em um primeiro momento, Luiza procurou artistas para convidá-los a participar do museu, mas isso foi só no começo. Hoje, existe um link que leva para um formulário no perfil do museu. “O artista consegue anexar imagens, descrição sobre a sua trajetória e também sobre aquele trabalho para que a gente conseguir trazer mais profundidade na curadoria do conteúdo. Ali, ele também preenche uma série de autorizações o que facilita o envio de outras obras – basta depois usar a hashtag do museu que a gente sempre fica de olho nas novidades”, explica Luiza sobre o funcionamento do projeto – no Instagram, hoje já são mais de 24 mil envios pela hashtag.

O museu vai para além da pandemia? “Claro. Eu sinto que ele é um retrato de tudo o que a gente vive e discute como sociedade. É isso que me motiva a continuar com o projeto. É um museu que não tem barreiras, fronteiras, separação física nem social e que permite que pessoas de lugares completamente diferentes do Brasil tenham acesso a essas obras.”

Além do digital

O museu, que nasceu dentro do digital, trouxe para Luiza a perspectiva de novos formatos de exposições. “Ele não se limita. Diferente de museus físicos, que surgem e precisam ser pensados e executados dentro daquele espaço, o Museu do Isolamento não se limita. Por que não desconstruir o conceito de museu? O projeto provou que um museu não precisa ser físico para existir. Será que ele não pode ser itinerante? Estar em uma série de TV? Jamais vou querer que as experiências físicas deixem de existir, muito pelo contrário, eu sou uma grande fascinada pelos museus físicos, mas eu enxergo que existe uma beleza nos museus digitais por não existirem barreiras e fronteiras, simbólicas e físicas.”

Relação com a arte

Luiza mantém uma relação próxima com a arte desde muito pequena – do ballet ao desenho. “À medida que eu fui crescendo, comecei a notar que talvez o meu caminho dentro da arte seria pelo lado da comunicação e não necessariamente pelo lado da produção artística”, contou. Formada em relações-públicas, ela entrou na faculdade já com o olhar de utilizar as ferramentas da comunicação para facilitar o contato das pessoas com a arte e cultura.

Desde 2018, ela mantém o projeto Florindo Linhas (@florindolinhas), seu perfil pessoal no Instagram onde produz conteúdo sobre arte, dicas culturais, exposições em São Paulo e tudo mais sobre cultura. “Eu sempre me senti muito incomodada com a forma erudita e distante que as instituições de arte tinham. Eu quero justamente produzir conteúdo de uma forma mais democrática e acessível para pessoas que se interessam por esse tema, mas não necessariamente sem o conhecimento teórico. Não gosto de limitar a minha participação na arte só como produtora ou comunicadora, acho que as coisas se interligam e é por isso que meus projetos estão todos conectados”, finaliza. E viva a produção artística brasileira!

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