Hugo Moura fala de quarentena com Deborah Secco e a filha: 'A gente tem se virado nos trinta'
Ator de 'Malhação' fala sobre desafios
Hugo Moura posa em ensaio de moda com tendências para o outono/inverno — Foto: Fernanda Garcia/Divulgação
Ator de 'Malhação' fala sobre desafios: 'A maior dificuldade é largar mão dessa parentalidade perfeita e aceitar que a criança também está passando por um momento superdifícil'
Por Victor Hugo Camara, Gshow — Rio de Janeiro
Assim como para milhões de famílias no Brasil e no mundo, a quarentena necessária devido à pandemia do coronavírus tem imposto desafios à rotina de Hugo Moura. Casado com Deborah Secco e pai da pequena Maria Flor, de 4 anos, o ator - que interpretou o professor de muay thai Daniel em Malhação: Toda Forma De Amar - tem tido que se acostumar a uma nova realidade em seu dia a dia.
"A gente está se virando nos trinta, né? Tínhamos uma pessoa que ajudava a gente com a Maria, mas como a mandamos para casa, estamos só eu e Deborah. Um faz comida enquanto o outro esquenta; às vezes, ela dá o almoço enquanto estou trabalhando de casa para a minha produtora... É um dia de cada vez", conta.
Os três - Hugo, Deborah e Maria Flor - completaram um mês de quarentena há poucos dias. Segundo o ator, o pior foi o início. "A primeira semana foi caótica porque não existia uma rotina. A gente estava se adaptando, então foi uma loucura. Agora que completamos a quarta semana de quarentena, já temos uma rotina", afirma.
Rotina essa que é, basicamente, toda em torno da filha dos dois. "Sempre fui de acordar cedo, então costumo ser o primeiro a levantar, junto com a Maria. Normalmente, coloco ela com alguma tela para se distrair enquanto estou fazendo o café da manhã. A gente toma café juntos e depois vamos brincar de alguma coisa mais leve até a hora de a Deborah acordar. Quando ela acorda, a gente já troca de brincadeira: fazemos algo mais agitadinho e partimos para o almoço. Depois, lavamos a louça os três juntos e aí fica um pouco mais calmo: sentamos no sofá e é a hora de a gente se concentrar nas atividades que a escola está mandando para a Maria. Quando dá umas cinco da tarde, o bicho já está pegando de novo: a gente está pulando no sofá, brincando de vôlei na mesa... Na sequência, é a hora do jantar dela e, a partir daí, é ladeira abaixo (risos). Normalmente, a gente assiste a algum filme juntos ou ficamos ouvindo música. Depois de umas seis e meia não tem mais nada muito agitado para que a gente consiga pelo menos ter alguma sanidade mental, até porque nossa rotina é, basicamente, brincar com a Maria o dia inteiro", detalha.
"É lógico que vão ter dias em que a gente vai estar um pouco mais ansioso: às vezes, a gente lê uma notícia que nos apavora um pouco, por exemplo. No outro, a gente vê que as pessoas estão se abraçando pelas varandas, o que dá uma alegrada na gente. Temos variações."
Segundo o ator, além das dificuldades normais de se enfrentar a quarentena, ter uma criança pequena em casa é um degrau a mais na escala de desafios. "Acho que a maior dificuldade é entender que a criança também está passando por um momento superdifícil. Ela também não está entendendo muita coisa, como a gente também não está. A Maria teve alguns momentos muito atípicos dela, por exemplo, em que a gente quase não reconheceu a nossa filha", reflete.
"Ela não é uma criança de fazer muita manha, mas aí começa a fazer coisas que ela normalmente não faria, entende? Tem dias em que dá para perceber que a criança está mais ansiosa, assim como todos nós, claro", compara.
"Acho que a maior dificuldade é largar mão dessa parentalidade perfeita e aceitar que a criança também está passando por um momento difícil."
Por conta da convivência intensa em família, Hugo afirma que tanto ele quanto Deborah têm repensado a ideia de aumentar a prole. "Acho que até a Deborah já está se dissuadindo dessa ideia (risos). É muito difícil. Nós dois somos pais que não aceitamos estar 90% do tempo com o filho. Quando a gente pode estar, queremos estar 100% com ela", assume.
"Tenho medo da culpa de ter outro filho, sabe? É mais um pratinho para equilibrar... Tem a questão financeira também que a gente não pode esquecer: ter um filho hoje é muito caro. Tudo isso me faz pensar e pisar no freio."
Na divisão das tarefas domésticas, o ator revela que os dois costumam se dividir. "A Deborah me ajuda muito, mas a parte de limpar e arrumar a casa - fazer a cama, passar uma vassoura e um pano no chão, por exemplo - normalmente fica comigo. No caso da comida, a gente está tentando transformar a cozinha em uma gincana, então cozinhamos os três juntos e procuramos envolver a Maria, tipo 'Filha, pegal o sal? Filha, me passa aquilo?', até para que o tempo passe mais rápido também", explica.
Durante a quarentena, Hugo completou mais um ano de vida - o ator fez aniversário no dia 18 de Março. Ele garante, no entanto, que a falta de comemoração nem o incomodou. "Não gosto de muita festa, mas gosto de sair um dia e tomar uma cerveja com os amigos, por exemplo, e nesse ano não tive nem isso. Não sou um cara muito de comemorar aniversário, então não senti tanto. Não posso dizer que foi legal, mas não foi tão doloroso quanto, por exemplo, não poder ver o meu sobrinho durante todo esse tempo, sabe? Tem coisas que foram mais dolorosas para mim do que passar o meu aniversário recluso", pondera.
Uma das estratégias do ator para manter a sanidade mental tem sido a prática de exercícios físicos - ainda que com algumas limitações por conta do confinamento. "A gente comprou um curso online de jump [modalidade em que os exercícios são feitos em cima de um mini trampolim elástico] e ainda colocamos a Maria no meio para que ela participe. Como tem uma coisa de música e dança, ela curte! É a única atividade que a gente tem feito", diz.
Paralelamente a isso, Hugo admite que tem descontado um pouco da ansiedade na alimentação. "Tenho comido igual a um rinoceronte africano (risos). É muito louco isso! Realmente tenho estado muito largado nessa questão. Normalmente, sou bem regrado: conto minhas calorias e gosto de comer certinho e de forma equilibrada, mas agora estou totalmente desequilibrado. Estou comendo quando dá vontade e normalmente essa vontade vem de seis a nove vezes por dia", diverte-se.
"Mas acho que está todo mundo nessa ansiedade, né? A gente tem uma mania maluca de tentar separar o nosso corpo da nossa cabeça, mas é tudo uma coisa só. Se a cabeça está mal, o corpo vai ficar mal também. A mesma coisa ao contrário: se a gente tem uma limitação física, é lógico que a nossa cabeça vai entrar em colapso também", argumenta.
Para lidar com a ansiedade e as angústias do confinamento, Hugo tem recorrido à terapia. "Eu e Deborah temos a mesma terapeuta, que também é astróloga, e consegue fazer consultas online, então tenho conversado com ela para tentar entender o que estou sentindo e quais os motivos de cada sentimento, para poder passar por isso", conta.
"Outra coisa que tem me feito muito bem é ler notícias boas, sabe? Ver vídeos das pessoas cantando juntas nas janelas, saber que o filho que não falava com a mãe voltou a falar por causa da quarentena... Perceber que as pessoas estão realmente se importando com o outro, que estão escolhendo não sair de casa não só para não pegar o vírus, mas também para não transmitir para o outro. Pensar nessas atitudes que estão sendo tomadas em favor de uma humanidade que convive em um planeta só me faz muito bem", completa.
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