Beto Barbosa conta o que aprendeu com o câncer: ‘A gente vai partir, não somos eternos’
Intérprete da dançante 'Adocica' lança nova música e diz que a retirada da próstata e da bexiga o fez enxergar a vida com mais leveza: ‘Antes levava os problemas comigo para a cama’
“Quando fiquei curado, a equipe médica foi me dar os parabéns, pois não acreditava na minha cura. Beto Barbosa — Foto: Gina Stocco/Divulgação
Por Luciana Tecidio, Gshow — Rio de Janeiro
Recuperado de um câncer, Beto Barbosa acaba de lançar uma nova música, "Se Liga Aí", de autoria dele, Belmiro Persan e Isa Melo. O trabalho comemora a volta por cima do artista de 65 anos.
Em 2019, Beto quase perdeu a vida por conta de um erro médico. Diagnosticado pelo- segundo ele- ‘o melhor urologista de Fortaleza’ com infeção urinária, o intérprete de "Adocica" passou um ano tomando antibiótico sem ver melhora em seu quadro.
Um ano depois do tratamento, durante um voo de São Paulo a Fortaleza, onde mora, Beto sentiu uma dor insuportável ao urinar. A dor era tanta que ele chegou a evitar a ingestão de água com medo de ir ao banheiro.
“Comecei a urinar sangue. Quando desembarquei em Fortaleza, disseram que eu precisava operar a bexiga, mas uma médica fez um exame errado e achou que eu estava enfartando. Fizeram um cateterismo em mim, e eu não tinha nada no coração. De uma certa forma esse outro erro médico salvou minha vida”, lembra Beto.
Quando viu que a causa de sua dor não havia sido encontrada, ele ouviu o conselho de um amigo e viajou para São Paulo onde, ao desembarcar, seguiu imediatamente para o Hospital Albert Einstein. O médico urologista que o atendeu realizou exames e descobriu a existência de um enorme caroço em sua bexiga.
“Ele mandou eu procurar o melhor oncologista, pois o tumor estava enorme, escuro, e não sabia se ele aceitaria o tratamento da quimioterapia. Disse que nunca havia visto um câncer daqueles. Eu só ficava olhando para o céu, com vontade de chorar (nessa hora Beto se emociona). ”
Beto lembra que se o câncer tivesse sido descoberto a tempo, ele poderia ter evitado a extração dos órgãos. Após a retirada da próstata e da bexiga, o cantor foi submetido ao tratamento de quimioterapia de agosto a novembro.
“Quando fiquei curado, a equipe médica foi me dar os parabéns, pois não acreditava na minha cura. Disseram que nunca haviam visto um quadro como o meu na Medicina. Eu tinha 20% de chances de ficar bom e fiquei. ”
Beto credita a sua inacreditável cura a fé inabalável que sempre teve e a prática de esportes ao longo da vida.
"Sempre fiz tudo: MMA, boxe, spinning, academia... Nunca gostei de ficar grandão, mas o exercício sempre era uma manutenção da minha saúde. Sou católico, tenho um respeito grande a Deus e as minhas atitudes são voltadas para isso. Tive muita determinação em ficar bom. Os fãs, as orações, tudo isso contribuiu para a minha cura”.
Se antes da doença Beto era uma pessoa estressada e preocupada com o sucesso, daquelas que levam os problemas para a cama a ponto de perder o sono, hoje a sua maneira de encarar a vida mudou.
“A gente começa a ter a certeza que a gente vai partir mesmo, que a gente não é eterna. Naquele tempo só pensava em vencer, estourar, fazer sucesso. Eu tinha um problema e o levava para a cama, dormia com ele. Hoje em dia, não. Sou mais relaxado, deixo o mundo cair e não estou nem aí. Claro que a gente briga pelas coisas importantes. Mas hoje eu rezo quando tenho vontade de rezar”.
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