Regina Casé celebra conquistas profissionais de 2019: 'É um ano muito feliz'

Regina Casé, comemora o sucesso da novela e o êxito de seu novo filme

Regina Casé celebra conquistas profissionais de 2019: 'É um ano muito feliz' Uma das protagonistas de 'Amor de Mãe', atriz comemora o sucesso da novela e o êxito de seu novo filme, 'Três Verões', que será exibido no Festival do Rio 2019 Por Rodrigo Fonseca [caption id="attachment_157977" align="alignleft" width="200"] Regina Casé celebra realizações profissionais de 2019 — Foto: Artur Meninea/Gshow[/caption] Regina Casé estoura os rojões da realização profissional ao fazer um balanço de 2019 para o Gshow. A intérprete de Lurdes, em Amor de Mãe, já conquistou o coração dos brasileiros com a querida personagem, brilhou no teatro com “Recital da Onça” e arrebata elogios e prêmios no cinema com o ainda inédito “Três Verões” – que será exibido neste sábado,14/11, no Festival do Rio. E ela tem tudo para fechar o ano com o prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Havana pelo longa-metragem de Sandra Kogut, “Campo Grande”: ela é uma das favoritas no evento cubano. Amigas e parcerias de audiovisual desde os anos 1990, quando fizeram o curta-metragem “Lá e cá” (1994), Sandra e ela já comemoram uma vitória de peso para Regina com a produção, que iniciou sua trajetória no prestigiado TIFF – Toronto International Film Festival, uma vitrine para o Oscar. Em novembro, ela conquistou um troféu por sua atuação na mostra competitiva de Antalya, na Turquia. Na Première Brasil do Festival do Rio, a exibição de “Três Verões” vai ser no dia 14, às 21h40, no Estação Net Gávea. Em sua trama, estamos na estação do sol, do calor: a cada verão, entre Natal e Ano Novo, o casal Marta (Gisele Fróes) e Edgar (Otávio Müller, arrebatador) recebe amigos e família na sua mansão espetacular à beira-mar, apoiados no empenho de uma fiel empregada, Madá (Regina, em estado de graça). Em 2015, tudo parece ir bem por lá, mas, em 2016, a mesma festa é cancelada. O que acontece com aqueles que gravitam em torno dos ricos anfitriões? Essa é a questão que move o filme e a vida de Madá. Segundo Sandra, ela “nasceu num endereço que a destinou à falta de oportunidades, mas, como ela é superinteligente, talentosa e despachada, ela se vira”, diz a diretora. “Ao longo desses anos continuamos trabalhando juntas, aqui e lá - pois eu morei muitos anos fora -, sonhando juntas, fazendo projetos juntas. E sempre muito amigas”, conta Sandra. “Faz tempo que queríamos fazer um filme juntas de novo. Mas o projeto certo tinha que aparecer. Era o ‘Três Verões’!”. Em “Três Verões”, cada ciclo de Natal e Ano Novo parece revelar um palmo a mais na cova moral da classe média (alta) do Brasil, porém reforça a sensação de que o abismo sempre esteve ali. Na entrevista a seguir, Regina conversa sobre o longa e sobre a leveza nos diálogos da autora Manuela Dias, em Amor de Mãe. Confira abaixo! 2019 vai fechar suas portas com um panteão de sucesso aberto pra você. Sua peça "Recital da Onça" foi um dos marcos do teatro deste ano. Teve prêmio pra você, no Festival de Antalya, na Turquia, pelo papel de Madá, no exterior, na carreira ainda iniciante de "Três Verões". E temos Lurdes reinando no coração do público em “Amor de mãe”. Que aprendizados você tira dessa travessia? "É um ano muito feliz e é uma travessia que eu já deveria ter feito há muito tempo. Todo fim do ano me perguntam: 'O que você deseja que para o ano que vem?'. Eu respondo: 'Equilibrar a minha carreira de apresentadora com a de atriz'. Sempre me achei atriz. Achava que eu estava temporariamente a serviço de algumas ideias que pediam que eu estivesse no comando de um programa. Fosse no “Programa Legal”, no “Muvuca”, no “Brasil Legal”, no “Central da Periferia” ou no “Esquenta”. Aquilo para mim sempre parecia que seria por um tempo limitado." "Algo que faria e, depois, voltaria a atuar. Só que isso não aconteceu e o tempo foi passando. Quando percebi, tinha passado muito tempo e eu não consegui fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Eu acho que a recompensa está vindo agora, do tamanho da coragem que eu tive. Eu precisei virar a minha vida de cabeça para baixo, mas não tenho dúvida de que está valendo muito a pena. Agradeço não só pelos prêmios, mas principalmente pela resposta e pelo carinho que estou recebendo nas ruas e nas redes sociais. Estava com muita saudade de trabalhar como atriz." Há quem veja na novela da Manuela Dias, pela fluidez do texto, ecos das narrativas de seriado ou mesmo de filme independente. O que mais te surpreende no texto da novela? E o que há de mais potente nos diálogos de "Três Verões"? "Nos dois casos, são mulheres contemporâneas minhas, elas são atentas, curiosas e interessadas em assuntos que também me interessam. Isso trouxe uma vida, uma atualidade e uma sensação constante de naturalidade muito boa para quem representa." O quanto a parceria com a Sandra Kogut, que vem dos anos 1990, renova-se aqui? Ou seja, que novas descobertas vocês duas fizeram juntas? "A Sandra e eu estávamos nos devendo este trabalho há muito tempo. Fizemos um curta, chamado “Lá e Cá”, em 1994, e, desde então, planejamos longas... na França, nos EUA e em todos os países que ela já morou. Mas também tinha isso: eu estava aqui no Brasil e ela, sempre morando fora. Quando ela voltou para o Brasil, isso ficou mais quente e mais próximo. Espero que agora a gente engate um trabalho atrás do outro." Que lugar o cinema vem ocupando na sua carreira, de "Made in China" (2014) pra cá... e que troca ele permite entre você e outros públicos, além dos teus fãs da TV? "Uma coisa muito legal que aconteceu de eu estar nessas três plataformas - na televisão, no cinema e no teatro - simultaneamente, foi me mostrar como eu posso ser uma ponte entre classes sociais e culturas diferentes. Existem muitas pessoas que gostam de cinema e têm preconceito com a televisão. Mas, vendo o meu trabalho no cinema, elas passam a ter vontade de assisti-lo na televisão, e vice e versa." Impressiona imensamente nas suas composições o seu jogo com o silêncio, usando o rosto para desenhar todo um universo de sentidos. O que é o silêncio para uma personagem como Madá, com tanto a dizer? "Agora na novela, em que existe uma constância muito maior de cenas, eu tenho pensado muito nisso. A gente pensa uma cena - tanto nós, atores, quanto os diretores - pelos diálogos. Mas, nem sempre o principal da cena está no que é dito, e, sim, no silêncio. Às vezes, a câmera nem está em você, mas deveria estar, pois a sua observação do que está acontecendo diz mais do que a ação em si. A Sandra faz isso muito bem em “Três Verões”: ela tem essa percepção. Eu acho que, muitas vezes, ela mostra essa atenção periférica e esse silêncio que é muito importante." Como é que os anos de humor anárquico do Asdrúbal Trouxe o Trombone, trupe teatral de que você participou nos anos 1970, pavimentam a estrada de melodrama ou de drama realista que vemos em Lurdes, na TV, e em Madá, no cinema? "Eu nunca dei mais valor ao drama em relação à comédia, pelo contrário. Considero a comédia mais sofisticada, requintada e, até mesmo, mais difícil para uma atriz. Essa escola do humor não me abandona, eu faço questão de mantê-la presente o tempo todo. Eu acho que isso que dá a graça, a luz e a leveza da Lurdes e da Madá."

adriana joana tais