Com dieta de 40 ovos por dia, Gracyanne Barbosa já passou fome e morou na rua
Gracyanne Barbosa. rainha de bateria da União da Ilha
Com dieta de 40 ovos por dia, Gracyanne Barbosa já passou fome e morou na rua Ricardo Rigel [caption id="attachment_152120" align="alignleft" width="200"] Gracy Barbosa diz que come 40 ovos por dia Foto: Vinícius Mochizuki[/caption] Gracyanne Barbosa é mesmo um monumento. Do alto de seu 1,75m, a rainha de bateria da União da Ilha, de 35 anos, sustenta o corpo trincado com uma dieta extremamente rigorosa. São 40 ovos por dia, uma média de 1.200 por mês! Mas a força da musa — que malha todos os dias e faz mais de 250 eventos fitness por ano — não se resume apenas a braços, barriga e pernas sarados. Sua verdadeira garra vem desde antes da fama. Nascida em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, a bela precisou vestir a capa de fera já aos 16 anos, quando passou em Direito para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos vestibulares mais concorridos do estado. Sem medo de enfrentar as adversidades e contra a vontade da mãe, Gracy embarcou com uma mala de roupas, R$ 300 e muitos sonhos para a Cidade Maravilhosa. Antes de conseguir se estabilizar, passou fome, dormiu na rua e se virou como faxineira. — Cheguei ao Rio sem a menor pretensão de me tornar uma pessoa famosa. Achei que seria fácil arrumar um emprego, mas era muito novinha. E penei. Com poucos dias na cidade, eu me vi sem um lugar para passar a noite. E foi nesse momento que enfrentei um dos maiores perrengues da minha vida. Dormi na rua, num banco de praça em Copacabana. Lembro que, na frente desse local, tinha um hostel, mas o dono só recebia gringos. Um dia, ele me viu deitada na praça e me fez uma proposta: “Você faxina os quartos e eu te deixo dormir aqui”. Essa era minha malhação diária — relembra Gracy durante esta entrevista na mansão que ela divide com o marido, o cantor Belo, a mãe e a irmã, na Barra. Bem-humorada, ela topou posar para a Canal Extra em frente a um carro do ovo — aqueles que andam pelos bairros cariocas anunciando 30 ovos por R$ 10 — e ainda relembrou os tempos de faxineira nas fotos. Foi conciliando o trabalho doméstico com os estudos que a menina esguia — sem os músculos que hoje ostenta — conseguiu entrar num ambiente que mudaria os rumos de sua vida. Ao lado do hostel onde eu morava e trabalhava, existia uma academia de ginástica. Tinha muita vontade de malhar lá. Ficava olhando as pessoas e me vislumbrava no lugar delas. Mas, se eu não tinha dinheiro direito nem para comer, imagina para malhar. Era uma dureza danada. Só que sempre fui determinada. Um dia, o dono da academia me fez a mesma proposta. Se eu ajudasse na faxina, ele me deixaria malhar. Não perdi tempo. Era a minha válvula de escape. Eu me sentia bem gastando toda aquela energia conta a artista, que começou a fazer musculação aos 12 anos, por causa da vida de atleta: — Era jogadora de vôlei, muito apaixonada por esportes. A rotina cheia de apertos era experimentada em silêncio pela estudante de Direito, que não confidenciava nada para a família nem para os colegas de faculdade. O percurso para a fama começou como que num conto de gata borralheira. A musa recorda que estava limpando a academia, quando o empresário da banda Tchakabum apareceu e se surpreendeu com sua beleza. — Ele era amigo do dono da academia e me elogiou muito. Disse que eu era linda e que precisava entrar para a carreira artística. Também falou que estava promovendo um concurso para dançarina do grupo dele e queria que eu participasse. Eu neguei. Falava para mim mesma: “Sou estudante de Direito, não vou entrar na dança”. Coisa que eu nem sabia fazer direito — ressalta a morena. Gracy não imaginava que tempos depois o empresário voltaria a convidá-la para a banda: — Um dia, ele chegou à academia e falou: “Agora é sua vez. A menina que escolhemos para o grupo não deu certo e já saiu”. Eu continuei negando, até que ele falou que no dia seguinte o grupo teria duas gravações. Uma no “Programa Raul Gil” e outra no “Programa H” (extinta atração que Luciano Huck apresentava na Band). Se eu aceitasse, teria um cachê de R$ 100 por atração. Meus olhos brilharam muito. Imagina! Tiraria naquelas condições R$ 200. Pra quem não tinha nada, era coisa à beça. Gracyanne conta que, durante as apresentações, mentiu para o dono da banda, dizendo que sabia a coreografia de “Tesouro do pirata” — mais tarde, a música se tornaria um dos maiores sucessos do Tchakabum: — Fiz a primeira gravação do Raul Gil dançando muito mal. No “Programa H”, também fui um desastre, mas aquele era mesmo o meu dia. Luciano Huck me elogiou muito e conversou comigo. Era algo muito louco aquilo! A estudante de Direito que ganhava a vida como faxineira estava lá no palco dando entrevista para uma atração de grande audiência. E foi assim que comecei a carreira. Eram muitos shows, muitos programas de TV. Fui várias vezes ao “Domingão do Faustão” e ao “Domingo legal”, na época apresentado por Gugu Liberato. Os novos compromissos, no entanto, não atrapalharam a rotina de malhação. Gracy lembra que a primeira academia em que malhou no Rio reunia muitos atletas. Foi naquele ambiente que ela passou a pegar dicas sobre alimentação: — Ali na academia eu entendi que, se quisesse ter um corpo torneado como tenho hoje, precisaria de muita dedicação, foco e uma alimentação regrada. Claro que no início fiz muita coisa errada. Me mandavam comer frango, e eu comia nuggets. Quando eu queria perder peso, por exemplo, ficava o dia todo sem comer nada. Outra coisa que era complicada era o tal do dia do lixo, o momento que você tira para comer besteiras. Isso é muito comum entre a galera de academia, mas eu me sentia muito mal. Não era legal para mim. Quando o assunto é anabolizante — algo muito debatido entre os seus seguidores e o público em geral —, a musa fitness diz que jamais usou e explica como mudou a sua forma física: — Quando comecei a malhar, tive muita vontade de usar anabolizantes. Pensava: “Não vou chegar a lugar algum”. Mas tinha um instrutor na academia que me questionava o motivo da pressa. Ele dizia que eu era jovem e que, se eu passasse a usar anabólicos, meu corpo não ficaria bacana. Tudo que eu conquistasse, perderia depois. Então, foi uma pessoa que abriu a minha mente. Não julgo quem usa. Mas, no meu caso, a mudança física começou depois de seis anos de muita musculação. Com 7,4 milhões de seguidores em seu perfil do Instagram, Gracyanne diz que começou a bombar nas redes há uns seis anos, quando passou a compartilhar seus treinos. — No começo, muita gente me seguia para me atacar, mas não saía da minha página. E os seguidores foram crescendo. Até que me tornei uma empresária do mercado fitness. Hoje, faço mais de 250 eventos do ramo por ano — contabiliza a modelo, que diz se preocupar com a forma como o público recebe as suas informações: — Vejo muita gente falando que quer ter o físico igual ao meu, mas no meu caso já são mais de 20 anos de musculação. Meu corpo está adaptado. Ao mesmo tempo em que gosto de usar a minha vida para influenciar positivamente outras pessoas, sei que isso é uma grande responsabilidade. Porque muita gente olha uma foto e acha que meu corpo é perfeito, quando na verdade não é. Sempre falo: “Você tem que ser a sua melhor versão”. Em casa, no entanto, a influência não funciona tanto. Segundo Gracy, ela já pegou Belo comendo chocolate escondido. E o flagra se repetiu muitas vezes: — Uma bobeira. Eu costumava ficar chateada, porque ele fazia escondido de mim, mas agora já sei que ele me espera dormir para atacar os doces (risos). O clima é de sororidade Divando pelo segundo ano à frente da bateria da União da Ilha, Gracyanne diz que a rivalidade com Viviane Araujo, ex-mulher de Belo, já passou da hora de acabar: — Vou falar uma coisa sobre Viviane que nunca falei antes. Acho que chegou o momento das mulheres darem as mãos. Mas todo ano surge essa comparação entre mim e ela. É até natural. Ela foi mulher do Belo, é rainha de bateria do Salgueiro... Mas chega, né? Fico muito feliz quando vejo que ela é uma mulher que venceu, mesmo após o relacionamento. Belo é um cantor das multidões, mas, depois dele, Viviane continua existindo (na mídia). Conseguiu mostrar que a gostosona do carnaval é muito mais que um corpo. Hoje, ela está na novela da Globo (“O sétimo guardião”) mostrando seu talento. Gracy conta que já chegou a se encontrar algumas vezes com Viviane, mas as duas nunca se falaram: — Rola um cumprimento normal, como acontece com outras rainhas de quem também não sou amiga.
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