PREJUÍZOS - Carroças vendem água na Capital

A falta d´água durante o dia de ontem, devido à execução de serviços da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), gerou transtornos para moradores de vários bairros de Fortaleza. Nos bairros Aerolândia, Dias Macedo e Parangaba, a população teve que comprar o líquido de carroças que levavam água, além de apelar a carros-pipas e chafarizes para realizar as atividades básicas em suas residências e local de trabalho.

O carroceiro João Paulo trabalha levando água para quem não tem no bairro Aerolândia. A expectativa dele é lucrar ainda mais no feriado. Moradores também recorreram a chafarizes e carros-pipas. 

Nesses três bairros, por onde se andava, era possível ver pessoas carregando baldes d´água. Os locais com chafarizes ou poços profundos acabaram se tornando ponto de encontro. Os municípios de Eusébio, Maracanaú e parte de Caucaia também ficaram sem água durante todo o dia de ontem.

Além disso, carroças e carros com grandes reservatórios do liquido também trafegavam pela área em busca de clientes que procuravam água para lavar pratos, roupas e tomar banho.

Para a dona de casa Laura Matos, as pessoas que não têm um poço profundo ou caixa d´água sempre são bastante prejudicadas durante a paralisação do abastecimento. "A gente tenta armazenar o máximo possível em baldes, mas, quando não é o suficiente, temos que contar com a ajuda dos vizinhos".

Laura acrescentou que, sem nenhuma gota d´água saindo de sua torneira, ficou impedida de lavar a louça, a roupa e de tomar banho. Agora, ela só espera que o líquido volte o mais rápido possível em toda a sua residência.

De acordo com o carroceiro que se identificou apenas como João Paulo, que trabalha levando água para quem não tem em casa, quando a Cagece avisa que o abastecimento será interrompido, os seus clientes já se preparam com certa antecedência. "Sempre que a Cagece vai fazer algum serviço, falta água aqui, na Aerolândia. Por isso, as pessoas começam logo a se prevenir", conta.

A expectativa dele é que, no feriado, possa lucrar mais do que nos outros dias, já que, como muitos comércios vão fechar e várias pessoas vão viajar, a sua carroça será um dos únicos meios que os moradores terão para obter água.

Transtornos

Para conseguir o líquido, o comerciante Jerry Lopes da Costa teve que sair de casa e ir até o chafariz do bairro Dias Macedo. "Preciso ficar limpando o meu comércio o tempo todo para que os clientes não reclamem de nenhuma sujeira. Portanto, preciso de muita água. Com esses problemas, hoje está sendo um dia bem difícil", reclama.

Ele destaca que os moradores daquela área têm sorte de ter um chafariz, pois, sem ele, as dificuldades seriam muito maiores, já que todos iriam depender apenas dos carros-pipas. Sempre que falta água, o comerciante José Adaildo Barreto e a sua família, que moram no bairro Dias Macedo, passam por dificuldades. Recentemente, eles têm sofrido muito com esse tipo de problema.

"A gente usa toda a água que está na caixa e, mesmo assim, ainda falta, porque a família é grande. Com isso, temos que ir atrás de um carro-pipa para termos o suficiente para todo o dia", completou o comerciante.

Segundo a dona de casa Susi Grazielle Alves da Silva, ontem não foi o primeiro dia que faltou água no Dias Macedo nesta semana. Devido a esses problemas anteriores, ela comprou logo um grande tambor e colocou o máximo do líquido possível. "A gente tem que se prevenir. Mas, se não tomar cuidado, a água acaba muito rápido", lamenta.

O banho da dona de casa teve que ser feito com uma cuia durante todo o dia de ontem. A esperança dela é que tudo volte ao normal antes do fim deste feriadão.

O comerciante Vicente de Paula Ferreira de Sousa, que mora na Parangaba, acredita que o corte do abastecimento nessa época do ano é temeroso.

De acordo com ele, esta é uma época em que as pessoas comem muitos peixes, seja em casa ou nos restaurantes, e, sem água para manipular o pescado, esse alimento acaba se tornando bastante perigoso.

"Achei um erro muito grande a Cagece escolher o período da Semana Santa para fazer esse concerto. Assim, a população vai ficar todo esse tempo sem água e, se um peixe não for bem lavado antes da refeição, pode acabar ocasionando uma grave infecção", afirmou o Sousa.

Para ele, o maior temor será nos diversos restaurantes espalhados por toda a cidade que não terão o líquido para lavar o grande número de peixes que vão servir durante o feriadão. "Essa medida era para ter sido tomada em outro período e não na Semana Santa. Achei tudo isso uma falta de respeito da Cagece".

Intervenção

No trecho da Avenida Perimetral com a Castelo de Castro, local onde a Cagece realizava intervenção, na tarde de ontem, a água começou a jorrar com muita força desde as 5h de ontem. Crianças aproveitaram para brincar no lugar.