Perfil do Brasil lá fora tende a se modificar

COM ÁREAS DE PROCESSAMENTO

As ZPEs poderão mudar o perfil do Brasil no mercado externo, fazendo como que ele, cada vez mais, afaste a imagem de país única e exclusivamente exportador de ´commodities´. É o que pensa o presidente da Associação Brasileira de ZPEs (Abrazpe), Helson Braga, que aponta que esta mudança trará competitividade a estes distritos, diante de outros zonas francas semelhantes ao redor do mundo.

"As ZPEs desempenharão o papel estratégico de centros de beneficiamento de nossas matérias-primas, aumentando o valor adicionado, o emprego e a geração de divisas. E dando uma feição mais inteligente à nossa política de comércio exterior, afastando-nos do determinismo de exportador de ´commodities´, analisa o presidente.

Zonas francas

As ZPEs são um tipo específico de zona franca, conceito este que já existe há mais de dois mil anos, com os portos francos, criados para facilitar as operações de transbordo de mercadorias nas rotas de comércio.

Segundo Helson, o conceito moderno, como uma zona franca industrial, expandiu-se por várias partes do mundo e, hoje, as ZPEs brasileiras têm mecanismos semelhantes com as mais de duas dezenas de tipos diferentes de zonas francas catalogadas pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido) em mais de 130 países no mundo. Por conta disso, ele afirma que o diferencial brasileiro é o fato de o Brasil ser um país rico em recursos naturais, que deverão ser beneficiados por estes distritos.

Diferencial

"O Brasil não é um país de mão-de-obra barata (especialmente, se computarmos os encargos sociais e normalizarmos pela produtividade) para competir com os países asiáticos e com os da América Central e Caribe. Não podemos basear uma estratégia de atração de investidores estrangeiros com base nesse fator, não somos competitivos. Mas somos país muito rico em recursos naturais, de que carecem os países acima. Então, é neste fator que devemos centrar a estratégia de atração de investidores para as ZPEs brasileiras", reforça o executivo.

Investidores

Helson Braga explica que, as ZPEs/zonas francas que se espalharam pelo mundo nas décadas de 1970 e 1980, em especial na Ásia Oriental, atraíram investidores com base na mão-de-obra farta, barata e disciplinada, e utilizavam tecnologias relativamente simples, além de pessoal de baixa qualificação para fabricar e vender seus produtos (vestuário e calçados, tipicamente) no mundo desenvolvido, sem enfoque nos mercados nacionais dos países que sediavam estes distritos. (SS)

Alfândega ampliada no 2º semestre

Com 4,2 mil hectares disponíveis no município de São Gonçalo do Amarante, a ZPE cearense é a maior do Brasil. Somente a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) ocupará cerca de mil hectares desse total. No momento, o distrito finaliza a fase de alfandegamento dos primeiros 576 hectares, mas, de acordo com o presidente da ZPE Ceará, Eduardo Macêdo, a segunda expansão será iniciada já no próximo semestre.

Macêdo não informou, contudo, quanto que será investido nessa campanha, ou para quantos hectares a área será expandida. Segundo ele, o processo de ampliação ainda está sendo estudado, e estes dados ainda não estão disponíveis.

A ZPE do Pecém, segundo já havia sido informado, será realizada em três fases. Na primeira, foram investidos R$ 54 milhões, que foram utilizados nas obras de cercamento da área, instalação de câmeras, construção dos escritórios da Receita Federal e da empresa administradora, entre outros gastos.

Expansão

De acordo com Macêdo, essa expansão se dará em um momento em que a ZPE já contará com a atração de outras indústrias que, afirma, já estão em negociação. Para ampliar essa chamada "poligonal alfandegária", é preciso firmar protocolos de intenção com as demais indústrias em negociação. A área visada para a expansão, como Macêdo já havia informado anteriormente, é o norte do chamado Setor IV, do plano diretor do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).

O presidente da ZPE Ceará informa que ainda está montando sua equipe, que hoje conta com 12 cargos comissionados. "Teremos em breve concurso público e espero que ainda no primeiro semestre tenhamos ainda oito cargos de profissionais de carreira, tanto para nível superior como médio, para somar a essa equipe. Temos também alguns cargos que são terceirizados (motoristas, copeiras, auxiliar de serviços gerais, dentre outros)", adiantou. (SS)