FORTALEZA: Consumidor amarga até 9,8% de alta na gasolina no 2º dia

Conforme o Diário do Nordeste constatou em pesquisa direta realizada na última quarta-feira e publicada ontem, os novos preços praticados pelos postos de combustíveis seguem subindo acima dos 6,6% anunciados pelo governo federal para a refinaria. Superam, portanto, também os 4% projetados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Em novo levantamento feito ontem, segundo dia de vigência do reajuste, os estabelecimentos já registram altas que atingem a 9,88%. Este percentual foi encontrado em um estabelecimento localizado na esquina da Av. Pontes Vieira com a Rua Barbosa de Freitas, de bandeira Shell. Lá, o litro da gasolina passou de R$ 2,63 para R$ 2,89, uma diferença de 26 centavos. Dos 13 postos consultados pela reportagem na tarde de ontem, outros quatro também subiram seus preços com percentuais acima de 6,6%.

Destes quatro, o de maior destaque encontra-se no quilômetro 2 da BR-116 (Petrobras), onde o acréscimo foi de 8,8%, subindo de R$ 2,61 para R$ 2,84. Em outro, na esquina da Av. Washington Soares com a Rua Eng. Antônio Ferreira Antero (Ipiranga), o litro do combustível saltou de R$ 2,679 para R$ 2,899, uma majoração de 8,2%. No posto localizado no cruzamento da Av. Desembargador Moreira com Rua Tomás Accioly (Petrobras), houve aumento de 7,4% no valor da gasolina, que antes era vendida a R$ 2,699 e agora encontra-se a R$ 2,899. O último, na esquina da Av. Rogaciano Leite com a Av. Desembargador Gonzaga (Petrobras), aplicou uma alta de 6,68%, alterando o preço do combustível de R$ 2,661 para R$ 2,839.

Preço de pauta

O assessor econômico do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Ceará (Sindipostos-CE), Antônio José Costa, explica que estes aumentos superiores ao que foi anunciado pelo governo são resultado de uma conta que os proprietários fazem com o preço de pauta, que é como se chama o valor único da gasolina levado em considerado pela Secretaria da Fazenda na hora de recolher o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). "Hoje, esse valor é de R$ 2,7567", esclarece o assessor.

Simulação

Sendo assim, o primeiro posto citado (alta de 9,8%), se tiver feito essa conta, na verdade, praticou uma majoração de 4,83% (de R$ 2,7567 para R$ 2,89). Fazendo igual simulação para o segundo, que agora vende o litro da gasolina a R$ 2,84 (alta de 8,8%), o acréscimo aplicado pelo estabelecimento foi de 3% sobre o chamado preço de pauta.

8,8% no Diesel

Na Capital cearense, o diesel também sofreu reajuste superior ao que foi divulgado pelo Planalto: 5,4%. No posto de bandeira Petrobras da BR-116 (quilômetro 2), houve aumento de 8,8%, saltando de R$ 2,149 para R$ 2,34. No de bandeira Ipiranga localizado na Av. Washington Soares, a majoração foi de 5,1%, subindo de R$ 2,219 para R$ 2,339. No de bandeira Shell da Avenida Pontes Vieira, houve acréscimo de 5%, saindo de R$ 2,18 para R$ 2,29. Dos mesmos 13 estabelecimentos consultados, outro cinco também subiram os preços do combustível.

10,7% no Rio de Janeiro

Uma consulta feita ontem pelo jornal O Globo em 24 postos do Rio de Janeiro detectou que dez deles já reajustaram seus preços (de gasolina) entre 2,81% e 10,7%. Em quatro estabelecimentos, a alta superou os 4% previstos por analistas e pelo próprio Guido Mantega.

Petrobras

A Petrobras recebe na refinaria menos da metade do que é pago pelos motoristas por um litro de gasolina. Os impostos representam 36% do preço e o custo da distribuição responde por 18%.

Demanda por etanol sobe 26% com a nova mistura

São Paulo O aumento da mistura de álcool à gasolina, previsto para maio deste ano, elevará em 26% a demanda mensal pelo etanol anidro, que é misturado ao derivado do petróleo.

Segundo a presidente da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), Elizabeth Farina, serão necessários 170 milhões de litros a mais por mês para atender à determinação do governo, que anunciou a antecipação, para maio, do aumento da porcentagem de 20% para 25%.

No ano passado, o consumo de etanol anidro ficou em 653 milhões de litros por mês, em média (até novembro).

Elizabeth evitou comentar possíveis aumentos de preço diante da maior demanda. "Depende de como o consumidor vai reagir. Como o mercado é livre nos postos e nas usinas, não dá para prever o que vai acontecer", afirmou. A presidente da Unica assegurou que o setor está preparado para atender o mercado, inclusive em maio. "Estamos muito confortáveis com essa antecipação. Estaríamos preparados para atendê-la em abril, inclusive", disse Elizabeth. Além do aumento de aproximadamente 12% na moagem de cana na próxima safra, que começa em abril, ela diz que os estoques estão em níveis confortáveis. Segundo a Unica, devem ser processadas na safra 2013/14 entre 590 milhões e 600 milhões de toneladas de cana na região Centro-Sul -um volume recorde.