Brasil: desemprego com taxa de 4,6% é o menor da série histórica

Rio No ano em que o crescimento econômico decepcionou as expectativas, o mercado de trabalho andou na contramão e manteve vigor até a reta final de 2012. Em dezembro, a taxa de desemprego caiu para 4,6%, o menor patamar já verificado pela Pesquisa Mensal de Emprego, iniciada em março de 2002 pelo IBGE. A taxa de desocupação média do ano também foi a menor da série histórica: 5,5%.

A queda no desemprego em dezembro foi resultado de uma redução no número de pessoas em busca de trabalho, uma vez que não houve avanço no total de ocupados em relação a novembro. Segundo o IBGE, 72 mil pessoas deixaram de procurar emprego, movimento provocado pelas festividades de fim de ano. "A busca pelo trabalho é basicamente interrompida. Quem conseguiu se inserir até o início de dezembro conseguiu. Os que não conseguiram interrompem essa busca e voltam a procurar trabalho em janeiro. O comércio já absorveu quem pretendia em termos de temporários até o começo de dezembro", contou Adriana Beringuy, pesquisadora da PME.

Ocupados

O número de ocupados teve ligeira queda de 0,1% na comparação com novembro. No entanto, em relação a dezembro de 2011, houve um avanço de 3,1% na população ocupada, o equivalente a 703 mil pessoas a mais no mercado de trabalho.

"Chama a atenção o aumento na taxa de participação da população em idade ativa. O mercado de trabalho teve que gerar mais vagas para absorver essas pessoas que passaram a procurar trabalho", notou Carlos Henrique Corseuil, diretor adjunto de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A taxa de atividade, que mede o porcentual da população em idade ativa que está trabalhando ou à procura de trabalho, aumentou de 56,7% em dezembro de 2011 para 57,8% em dezembro de 2012. "Significa que a geração de postos de trabalho foi bastante expressiva para absorver essas pessoas", disse Corseuil.

Setores

Os destaques na geração de vagas ao longo de 2012 foram comércio, construção e serviços, os mesmos setores que devem sustentar o mercado de trabalho também em 2013, prevê Rafael Bacciotti, analista da Tendências Consultoria Integrada.

"São setores que devem continuar crescendo acima do PIB. Já a indústria não deve elevar o nível de emprego porque tem capacidade de mão de obra ociosa", apontou Bacciotti, que prevê expansão no PIB de 3,2% em 2013 e recuo na taxa média de desemprego no ano para 5,2%. Apesar dos números favoráveis, o IBGE alerta que não é possível falar ainda em pleno emprego no País. "Olhando para as regiões, você tem um processo de qualidade do emprego que não te diz isso Tem trabalho não registrado, desigualdade de rendimento, desigualdade de escolaridade", ressaltou Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.