2012 - Ceará gera 41 mil vagas; saldo é o pior em 7 anos

O saldo de empregos formais no Ceará em 2012 foi positivo, mas registrou a segunda queda anual consecutiva no mercado de trabalho no Estado. A diferença entre admissões e demissões foi de 41.009 postos de trabalho em todo o território cearense, o que representou elevação de 3,95% na base. Porém, em relação a 2011, quando foram gerados 56.413 empregos com carteira assinada, houve recuo considerável de 27,3%. A redução foi de pouco mais de 15,4 mil vagas.

A situação é ainda mais desconfortável quando se analisa o desempenho em relação a 2010, quando surgiram 83.955 vagas no acumulado daquele ano. Em outras palavras, o Ceará gerou menos que a metade dos postos de trabalho de dois anos atrás, ou seja, registrou em 2012 forte retração de 51% na criação de vagas em relação a 2010. O pior é que, desde 2005, o Estado não tinha um saldo positivo tão baixo. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e foram divulgados, ontem, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

De acordo com o analista de mercado de trabalho do Sine/ IDT, Mardônio Costa, a redução observada no desempenho do Ceará na criação de vagas é reflexo da desacelaração da economia no Brasil inteiro. "A partir de 2004, o Ceará passou a viver um aquecimento na criação de vagas com carteira assinada. O auge foi alcançado em 2009 e 2010, com 73,9 mil e quase 84 mil empregos de saldo, respectivamente. Mas, agora, claramente, houve uma desaceleração nos últimos dois anos", analisou.

Fortaleza

O Caged também divulgou a quantidade de empregos formais criados, em 2012, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Foram 28.812 postos. Significa que sete de cada dez postos criados, no Ceará, no ano passado, foram localizados na Capital e cidades vizinhas.

Conforme o Caged, a RMF obteve o segundo maior resultado dentre as grandes cidades do Nordeste. Ficou atrás apenas da Grande Recife (42.031). A região Metropolitana de Salvador, por sua vez, foi a terceira colocada no acumulado de todos os 12 meses do ano passado, com saldo de apenas 13.697 vagas.

Para Mardônio Costa, esse foi lado positivo dos dados do Caged sobre o mercado de trabalho na RMF e também no Estado. "O Ceará ficou em segundo lugar no Nordeste em termos de geração de empregos formalizados. Pernambuco foi o primeiro, com 46.561; Ceará, em seguida, com 41.009; e, depois, a Bahia com 36.847", enumerou, ressaltando que, ao somar essas três unidades da Federação, se chega a 65% dos 193 mil postos surgidos no ao anterior no Nordeste. "O Ceará sozinho teve o peso de 21,5%. É quase um quarto da participação de sua região", comentou o analista do Sine/ IDT.

Serviços e comércio

Outro destaque positivo foi o desempenho dos segmentos de Comércio e Serviços. Mesmo com crescimentos inferiores na disposição de vagas no mercado em relação a 2011, os dois setores juntos foram a "salvação" do Estado, em 2012.

"O setor terciário foi responsável pela maioria dos empregos criados. Serviços com 57% e Comércio, com 35%, juntos, representaram 92% de todos os novos postos de trabalho", concluiu.

Mais de 5 mil demissões no Estado em dezembro

Dezembro de 2012 registrou mais demissões que admissões, no Ceará, conforme dados do Caged. Foram perdidas 5.216 vagas naquele mês. Quem mais contribuiu para esse resultado foi o segmento da Construção Civil, com 3.232 postos a menos em dezembro. Em seguida, a Indústria de Transformação, com 2.484 empregos a menos no último mês do ano.

De acordo com o analista do Mercado de Trabalho do Sine/ IDT, Mardônio Costa, é normal o recuo nas oportunidades formais de emprego no último mês. "É sazonal. Isso ocorre em todo o País, e não é diferente no Ceará. Férias escolares, entressafra, e outros fatores são responsáveis por isso", explicou.

Em compensação, no acumulado, os setores de Indústria de Transformação e Construção Civil comportaram-se de forma diferente. O primeiro registrou saldo positivo de 5.846 vagas, nos 12 meses do ano passado. Já a construção perdeu 3.204 postos em igual período.

Estiagem

Na opinião do representante do Sine/IDT, a seca também influenciou para o menor crescimento da economia cearense e, por consequência, do desaquecimento do mercado de trabalho.

Conforme os dados do Caged, o segmento de Agropecuária ainda conseguiu registrar saldo positivo de 764 empregos, em 2012. Contudo, quando comparado com igual período de 2011, é possível fazer uma melhor análise do impacto da estiagem. Naqueles 12 meses, o acumulado foi praticamente o dobro: 1.472 postos de trabalho.

País tem queda no emprego formal

Brasília. O saldo de vagas com carteira assinada abertas no País no ano passado foi de 1,3 milhão. É o pior resultado desde 2009 e representa uma queda de 35,76% na comparação com o saldo de 2011, sendo metade dos 2,6 milhões registrados em 2010. O ritmo do mercado de trabalho foi, no ano passado, parecido com o verificado dez anos antes. Mas o Ministério do Trabalho aposta que, neste ano, o resultado será melhor. Espera-se que ao menos 1,7 milhão de vagas formais sejam criadas em 2013.

"As várias medidas tomadas pelo governo ao longo do ano passado vão surtir efeito neste ano, quando a retomada da economia puxará o emprego", afirmou o ministro do Trabalho, Brizola Neto. De acordo com o ministro, o resultado verificado em 2012 pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi especialmente influenciado pelo salto nas demissões em dezembro.

No mês passado, o Caged terminou com 496,9 mil mais demissões do que contratações. Os dados finais para dezembro, no entanto, só serão conhecidos nos próximos dias, quando o ministério contabilizar as informações de empresas que despacharam documentos fora do prazo

Indústria

A indústria de transformação aumentou seu saldo de empregados com carteira assinada em apenas 1% entre 2011 e 2012 - somente 86,4 mil vagas. Os fabricantes de calçados registraram saldo líquido negativo no ano passado - 9,6 mil empregos foram cortados. No ano passado, o setor de serviços foi responsável pelo maior número de vagas criadas: 666,1 mil postos de trabalho formais, seguido pelo comércio, que criou 372,3 mil vagas, e pela construção civil, com 149,3 mil empregos formais.

Salários

"A própria redução das taxas de juros terá efeito pleno em 2013, e isso será crucial para acelerar a contratação de mão de obra", afirmou o ministro Brizola Neto, para quem a boa notícia do ano passado foi a melhora do salário médio de admissão dos trabalhadores. Em média, um trabalhador contratado em 2012 teve inscrito salário de R$ 1.011,77 em sua carteira de trabalho, valor superior aos R$ 966,45 registrados no ano anterior.

Carteira assinada

1,3 milhão de vagas com carteira assinada foram criadas no País em 2012. Esse é o pior resultado desde 2009 e representa queda de 35,76%

ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTER