FRUTICULTURA - Produtores querem implantar Central de Comercialização no Centro-Sul
Iguatu A região Centro-Sul do Ceará consolidou-se como a segunda maior produtora de goiaba irrigada do Estado, com cerca de 100 hectares implantados. Em primeiro lugar está o Distrito Irrigado Tabuleiros de Russas (Distar), com 320 hectares. Apesar da seca que atinge o sertão cearense desde 2012 e afeta o lençol freático, reduzindo o nível de água nos poços, os produtores estão animados e mobilizados a implantar uma Central de Comercialização.
No Sítio São Sebastião, em Cariús, no Vale do Rio São Sebastião, o plantio de cinco hectares de goiaba chama a atenção dos agricultores
Na região, o agrônomo e ex-secretário de Agricultura de Jucás, José Teixeira Neto, defende o associativismo. "A ideia assegura aos produtores de goiaba que obtenham melhor preço, assistência técnica, redução em compras coletivas de insumos básicos", frisou. "Tudo isso deve ocorrer em parceria com o Sebrae e as secretarias municipais de agricultura".
O coordenador de Assistência Técnica do Distar, Kling Simões Dantas, disse que já há uma mobilização para implantar a Centra de Comercialização incluindo os produtores de goiaba da região de Limoeiro do Norte, Centro-Sul e Sertões de Crateús. "As discussões estão avançadas e juntos chegaremos em breve a cerca de 500 hectares de produção da fruta. As vantagens serão enormes para os agricultores".
A central define o preço de venda e tira o produtor das mãos dos atravessadores. Nos últimos três anos, a área cultivada da fruta foi ampliada de 10 hectares para 100 hectares e os municípios de Jucás e Cariús são atualmente os maiores produtores, respondendo por 50% da produção na região Centro-Sul. "Temos água, terras férteis e um mercado favorável. A nossa produção ainda sequer atende a demanda regional", disse Teixeira.
Favorável
O crescimento da demanda e o preço que ainda se mantém favorável estão incentivando produtores da agricultura familiar dos vales dos rios Jaguaribe e Bastiões e de outras áreas férteis, na região Centro-Sul do Ceará, a produzirem goiaba irrigada. A fruta caiu no gosto dos agricultores e dos consumidores. A produção sequer atende o mercado regional. Havia uma expectativa de aumento das áreas de plantio no ano passado, mas a seca e outros fatores contribuíram para que se mantivesse o quadro atual. "Houve uma estabilização, parando a onda de crescimento", observa o agrônomo e ex-secretário de Agricultura de Jucás, José Teixeira Neto.
"A saída é a formação da Central de Comercialização para que os produtores articulem preço e quantidade definida de venda para a região do Cariri e Fortaleza", disse.
Há três anos, Teixeira incentivou a produção de goiaba nos municípios de Cariús e Jucás. A ideia deu certo e hoje são as duas maiores áreas produtoras. Depois vem Iguatu com 30 hectares, Quixelô e Icó, com 10 hectares, cada. "O preço está bom, mas pode ser melhorado e o mercado é amplamente favorável", frisou. "O momento atual exige organização". Recentemente, representantes de uma empresa vieram até a região com o objetivo de comprar 25 toneladas por semana, mas os produtores ainda não estão preparados para atender a essa demanda.
A cultura da goiaba tem produção crescente até o quarto ano, quando ocorre a estabilização. No primeiro ano, produz de 5 a 7 toneladas (t) por hectare, no segundo chega a 15t e no terceiro a 25t. No quarto ano, alcança de 40 a 50 toneladas. O preço hoje da caixa de 25 quilos de goiaba para mesa está em torno de R$ 25,00, mas para polpa cai para R$ 15,00 e para a indústria de doces reduz para R$ 13,00.
O gerente regional da Ematerce, José Virgulino Neto, disse que há um esforço da empresa, em parceria com os municípios, para incentivar o cultivo de goiaba irrigada e de outras fruticulturas. "O mercado de Fortaleza está aberto e nós precisamos produzir muito mais para atender a demanda", explicou. "Quem produz fruta hoje está satisfeito e o lucro é bem superior às culturas tradicionais".
Recursos
O Banco do Nordeste é a instituição financeira que tem recursos disponíveis para atender a demanda da agricultura familiar por meio do Pronaf. O BNB tem apoiado os pequenos produtores rurais cearenses que elaboram projetos e demonstram viabilidade técnica.
Nos últimos dois anos, para divulgar a viabilidade da fruticultura e, em particular, da goiaba, a Ematerce, em parceria com secretarias municipais de Agricultura, Banco do Nordeste e sindicatos de trabalhadores rurais, promoveu visitas técnicas às áreas experimentais de cultivo nos municípios de Jucás e Cariús. No dia especial de campo, os produtores vêm de várias localidades para conhecer a tecnologia empregada, as despesas e a lucratividade do plantio.
No sítio São Sebastião, no município de Cariús, no vale do Rio São Sebastião, o plantio de cinco hectares de goiaba chama a atenção dos agricultores que ficam admirados com a qualidade do fruto, grande e de elevado teor de açúcar (frutose), além da produtividade. Os produtores estão satisfeitos. "Dobrei a minha área porque vejo que dá lucro e não faltam compradores", disse o produtor Celso Monteiro. "Hoje a minha produção anual é de 37 toneladas por hectare".
Região se destaca em várias culturas
Iguatu Na década passada, o Ceará assistiu ao formidável crescimento da produção de frutas. O Estado, há seis anos, não participava do ranking de exportadores. Hoje, ocupa a terceira posição no País e a segunda do Nordeste, após a Bahia. Mais da metade da produção é oriunda do Vale do Jaguaribe, a partir da implantação do Distrito de Irrigação Tabuleiros de Russas (Distar). Outras regiões que se destacam são Cariri, Centro-Sul e a Ibiapaba.
O cultivo de uva é feito em municípios do Centro-Sul, além de acerola, abacate e maracujá
Segundo o agrônomo e coordenador de Assistência Técnica do Distar, Kling Simões Dantas, a produção do Estado ainda não atende a 50% da demanda. Por isso, diariamente, caminhões com frutas produzidas no Vale do São Francisco na Bahia continuam chegando aos municípios e centrais de comercialização no Ceará para distribuição em supermercados, mercadinhos e feiras livres. "Há mercado amplamente favorável e quando o fruto apresenta qualidade não há falta de espaço. Na nossa região, a implantação de pomares está em expansão", disse ele.
Somente no Distar, há mais de mil hectares de banana, 300 de goiaba, 34 de acerola, 24 de abacate e 17 de uva. No total, cerca de 140 produtores estão envolvidos na atividade. "Houve uma melhoria na qualidade de vida a partir da reforma, construção de novas casas e aquisição de eletrodomésticos. Os financiamentos são pagos em dia". Os produtores do Distar vivenciam uma experiência, o associativismo. O projeto prevê implantação de uma central de comercialização, compra e venda em conjunto, parceria com o Sebrae para consultoria empresarial, pacote tecnológico que inclui técnicas de irrigação, adubação, pulverização e outros manejo.
O coordenador de Agricultura Irrigada da Ematerce, Erivan Marreiros, esclareceu que a instituição somente trabalha com agricultores de base familiar com renda de até dois salários mínimos oriunda da atividade rural. "Nos próximos dias, estaremos fechando os números da produção e da área cultivada em 2012 que tiveram assistência da Ematerce. Em uma avaliação preliminar, observamos que o setor estabilizou ou até reduziu em comparação com 2011, em decorrência da seca, que interfere nos poços e afeta a produção".
Na região Centro-Sul, há dois anos houve uma estabilização das áreas produtoras de frutíferas. "Não há incentivo por parte dos bancos oficiais, que tratam o fruticultor em pé de igualdade como o agricultor que planta culturas de sequeiro", observou o gerente regional da Ematerce em Iguatu, Joaquim Virgulino Neto. "O custeio é falho e faltam recursos para investimento, instalação de sistema de irrigação".
Outra observação crítica é a falta de organização dos produtores. "O nível de organização precisa melhorar", defende Virgulino Neto. Além da goiaba, o plantio de banana ocupa expressiva área nas várzeas do Rio Jaguaribe, Bastiões e Cariús, em Iguatu, Jucás e Cariús. "O desafio é voltar a crescer".
Os produtores reclamam da falta de acesso ao crédito. "Esse é o nosso entrave", disse o agricultor, Francisco Souza, que há dois anos cultiva banana irrigada. "Há muitos agricultores que utilizam o método antigo de irrigação por inundação, desperdiçando água e energia, mas por falta de investimento para aquisição de um moderno sistema de irrigação localizada, por gotejamento, com relógio de dupla tarifa".
Na região da Ibiapaba, o destaque é o cultivo de maracujá. Lá a produção de frutas é feita por quase totalidade de agricultores não pronafianos, sem assistência técnica da Ematerce. Há o incentivo de uma empresa estrangeira que compra toda a produção de acerola, de cultivo orgânico, segundo a exportadora.
A produção de frutas e hortaliças ocupa área superior a 8 mil hectares. "Duas vezes por semana, 50 caminhões de verduras e frutas saem do entreposto da Ceasa em Tianguá para abastecer os municípios dos estados do Piauí, Maranhão e Pará. A movimentação é intensa e reflete a importância para a economia regional da produção de olericultura e frutas", disse o gerente regional substituto da Ematerce, Francisco de Assis Macambira. "Os produtores reclamam do excesso de burocracia e das dificuldades de acesso ao crédito rural".
No Cariri, goiaba, banana, abacaxi e maracujá ocupam a pauta de produção de pequenos e médios produtores. "No ano passado, mesmo com a seca houve um incremento do setor porque os recursos liberados de até R$ 12 mil para estiagem foram investidos em sistemas de irrigação e ampliação e melhoria das áreas de produção", observou a gerente regional da Ematerce, Elcicleide Mendonça. "A abertura da Ceasa ampliou e abriu ainda mais o mercado".
Mais informações:
Escritório da Ematerce de Iguatu
Telefone: (88) 3581. 9478
Fruti Vale de Cariús
Telefone: (88) 9628.3088
Região Centro-Sul
HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER
Comentários