CE - 86% dos trabalhadores recebiam até 2 Mínimos

Dos 3,3 milhões de cearenses com dez anos ou mais de idade que estavam trabalhando em 2010, 2,9 milhões - 86,23% - recebiam até dois salários mínimos, ou seja, até R$ 1.020,00. Conforme levantamento divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 35,6% dos cearenses dessa faixa etária empregados em 2010 recebiam entre meio e um salário mínimo (entre R$ 255,00 e R$ 510,00).

Entre o total de empregados, 411 mil, 12,24%, trabalhavam sem rendimento. A pesquisa também inclui nesta categoria aqueles que trabalhavam apenas em troca de benefícios. A maior fatia de pessoas nessa situação era composta por jovens de 15 a 19 anos (12%), enquanto a faixa etária de dez a 14 anos representava 8,74% dos cearenses que trabalhavam sem rendimento.

O índice de trabalhadores que recebiam até um quarto de um salário mínimo, na zona urbana, era de 6,13%, desconsiderando os que trabalhavam sem rendimento. Já na zona rural, o percentual é de 16,3%. Na zona urbana, 0,28% dos trabalhadores ganhavam mais de 30 salários mínimos, enquanto, na zona rural, 0,01% recebiam essa faixa.

O levantamento também mostra que, entre os trabalhadores com dez anos ou mais, a maior fatia (39,2%) trabalhavam, em 2010, entre 40 e 44 horas por semana. A segunda maior parcela era formada por quem destinava mais de 49 horas a uma ou mais ocupações (15,8%).

No País

No cenário nacional, 79,31% dos 86 milhões de trabalhadores com 10 anos ou mais de idade recebiam até dois salários mínimos em 2010. A maior fatia era formada por brasileiros que recebiam entre um e dois salários (32,66%). Os que recebiam entre meio e um salário eram 24,52% do total.

De acordo com o levantamento, 6,5% dos trabalhadores atuavam sem rendimento. Assim como no Ceará, a maior fatia dos trabalhadores nessa situação era composta por pessoas de 15 a 19 anos (12,55%). Os trabalhadores de dez a 14 anos representavam 10,54%.

Com mais de 15 anos

Considerando apenas os brasileiros ocupados com 15 anos ou mais, 24,7% tinham renda de meio a um salário mínimo. Outros 7,9% tinham renda de até meio salário. Dentre os empregados, a categoria dos militares e funcionários públicos estatutários teve o rendimento nominal médio mensal mais elevado, de R$ 2.407. No subgrupo dos trabalhadores domésticos, o rendimento nominal médio mensal do trabalho variou de R$ 640, para os com carteira de trabalho assinada, a R$ 383, para os sem carteira de trabalho assinada.

Renda de 8,4 milhões caiu na década

Rio. Embora haja tendência em curso de desconcentração da renda no País, em 2010, os 10% dos brasileiros com menor rendimento receberam menos do que em 2000, segundo dados do Censo Demográfico, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os 84 milhões de pessoas com algum rendimento, os 8,4 milhões que receberam menor rendimento mensal diminuíram sua participação na massa de rendimentos do País, de 1,1% em 2000 para 0,8% em 2010.

O valor do rendimento médio real mensal saiu de R$ 134 para R$ 101, uma perda de 24,6%. Segundo o IBGE, não houve como identificar na pesquisa a causa do fenômeno.

"São rendimentos muito baixos, e a gente não sabe quem são os que recebem esses rendimentos", explicou Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Concentração

Por outro lado, diminuiu também a fatia de renda concentrada nas mãos dos 10% que receberam mais, de 51,3% em 2000 para 48,8% em 2010. Mas o valor do rendimento médio real mensal nessa faixa de renda subiu no período, de R$ 6.433 para R$ 6.541, um aumento de 1,7%. Entre os rendimentos obtidos apenas do trabalho, os 10% dos ocupados melhor remunerados diminuíram sua participação na renda, enquanto os 10% pior remunerados aumentaram. "Houve redução na concentração de renda", apontou Vandeli Guerra, técnica do IBGE.

Rendimento

84 milhões de pessoas possuem algum rendimento no País, de acordo com informações do IBGE. Os dados são referentes ao ano de 2010