Após Japão barrar carne brasileira, governo tenta acalmar importadores

Animal foi detectado com agente da doença da vaca louca no Paraná.

Do G1, em São Paulo

O Ministério da Agricultura informou nesta segunda-feira (10) que irá intensificar os contatos com os principais países importadores de carne bovina para esclarecer o comunicado feito na última sexta-feira (07) sobre a confirmação da presença do agente causador da EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina), mais conhecida como a doença da vaca louca, em uma fêmea que morreu em 2010 em uma fazenda no Paraná.

A medida acontece após o Japão anunciar restrições à importações de carne bovina do Brasil.

 “O governo como um todo está mobilizado para dar amplo esclarecimento sobre o ocorrido, para que não pairem dúvidas com relação à segurança do nosso sistema de defesa sanitária animal”, disse, em comunicado, o secretário-executivo da Agricultura, José Carlos Vaz.

"Serão feitos encontros bilaterais, missões e reuniões com os principais parceiros comerciais do país", destacou o ministério em comunicado, informando que na tarde desta segunda-feira, o adido agrícola japonês no Brasil, Kentaro Morita, se reuniria com técnicos do governo brasileiro para obter mais informações, a fim de subsidiar o governo daquele país.

"Amanhã, 11, o adido agrícola brasileiro, Gutemberg Barone, se encontrará com o diretor do escritório de Segurança de Importações de Alimentos japonês, Hideshi Michino, para entregar um relatório completo a respeito do caso, bem como, os ofícios de entidades internacionais validando os procedimentos de defesa sanitária animal que o Brasil adota", diz a nota.

Para o secretário de Defesa Agropecuária, Ênio Marques, "reações intempestivas são de certa forma previsíveis".

“A nossa principal arma é a informação. Estamos preparados para responder a todos os questionamentos dos nossos parceiros comerciais”, afirmou no comunicado

'Mal entendido'
Em comunicado divulgado nesta segunda-feira, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), destacou que o Japão foi "o único mercado até agora ao manifestar oficialmente a interrupção das importações de carne bovina brasileira" em virtude do registro da presença do agente causador da doença da vaca louca e afirma confiar na reversão da decisão.

"Aguardamos o resultado do encontro de representantes brasileiros e japoneses com a
confiança que o mal entendido possa ser resolvido no curto prazo", afirmou a Abiec. "As informações recebidas pela Abiec confirmam que o pedido do embargo às importações foi feito pelo Ministério da Saúde do Japão, e não pelos seus órgãos de defesa agropecuária, até que mais informações sobre o caso fossem enviadas pelo Brasil", acrescentou a associação.

Japão comprou 1,54% da carne bovina exportada
Segundo dados da Abiec, de janeiro a outubro de 2012, o Japão comprou 1.392 toneladas de produtos industrializados que representaram US$ 7.635.586. "Isto representa respectivamente 1,54% do volume e 1,38% do faturamento de carne bovina industrializada exportada pelo Brasil, e 0,14% em volume e 0,16% em faturamento do total de carne bovina em geral exportada pelo Brasil", afirma a entidade.

A Abiec considera a decisão do governo japonês um "desrespeito às normas e procedimentos preconizados pela OIE, organismo internacional de sanidade animal, que não alterou a classificação de risco negligenciável do Brasil para o agente da doença da vaca louca.

"A não observância das recomendações da OIE provoca distorções desnecessárias no mercado e são passíveis de contestação nos organismos internacionais competentes. A OIE, organismo internacional de sanidade animal não alterou a classificação de risco negligenciável do país para a EEB, portanto não podem haver embargos ou restrições às exportações brasileiras", sustenta a Abiec.