Maturação em cavernas e mais: os segredos dos produtores de queijo que faturam até R$ 100 mil por mês — Foto: TV Globo/Reprodução

Queijos são feitos com leite não pasteurizado e maturados em cavernas por até um ano.

O Pequenas Empresas & Grandes Negócios conta histórias de produtores de queijo artesanal no Brasil, destacando suas tradições, inovações e sucessos.

Por Pegn - 08/04/2025 

Maturação em cavernas e mais: os segredos dos produtores de queijo que faturam até R$ 100 mil por mês

Ana Cristina Miranda viralizou nas redes sociais ao perder um queijo durante uma excursão na região de Serro, Minas Gerais.

"Eu estava passeando com o pessoal de trilha. Ao subir as escadas, senti a sacola ras-gando. A única coisa que pensei foi: não vim de tão longe para perder esse queijo tão gostoso", lembra a turista.

Grizielle Campos é a produtora por trás do queijo que deu tanto o que falar nas redes sociais. Ela está na quinta geração da família que produz queijo Minas artesanal.

O investimento inicial no empório e cafeteria foi de R$ 90 mil, e os queijos são vendidos a partir de R$ 45 por quilo. Em 2024, a produção foi reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Métodos inovadores

O Brasil é o quarto maior produtor mundial de queijo, com uma produção anual de um milhão de toneladas, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Entre os produtores, destacam-se aqueles que utilizam métodos tradicionais e inovadores. 

É o caso de Paulo Lemos e Yentl Delanhesi, que trocaram o escritório pela natureza e compraram uma fazenda em São Luís do Paraitinga.

Eles começaram com hospedagens e cursos sobre culinária local, mas foi o queijo - feito com o leite do próprio rebanho - que fez o negócio decolar. O investimento inicial foi de R$ 400 mil, e o faturamento mensal é de mais R$ 100 mil.

"Fazemos 200 litros de leite por dia. A produção é pequena, mas conseguimos agregar valor aos produtos e ter um bom faturamento. Podemos crescer sem aumentar custos", afirma Paulo.

Cerca de 20% da produção de queijo no Brasil é artesanal, segundo a Associação Brasileira de Queijos Artesanais.

No empreendimento de Paulo e Yentl, os queijos são feitos com leite não pasteurizado e maturados em cavernas por até um ano. Os visitantes podem acompanhar toda a produção e fazer cursos para produzir o próprio queijo.

"A essência do nosso negócio é trabalhar o produto de origem, com o mínimo de ingredientes, para mostrar aos clientes como é um produto feito de maneira tradicional", completa Paulo.

Transformação durante a greve dos caminhoneiros

No Paraná, Márcia Seibert encontrou na produção de queijos finos a solução para o sucesso. Tudo começou durante a greve dos caminhoneiros em 2019.

"Não podia jogar aquele leite fora, então resolvi fazer queijo. Tinha quase 2 mil litros de leite. Comecei a divulgar e a aceitação foi muito boa. A procura foi grande e tive a inspi-ração de continuar", conta Márcia.

Ela investiu cerca de R$ 1 milhão e seus queijos variam de R$ 49,90 a R$ 180,00 o quilo. O negócio, tocado junto com a família, já ganhou mais de 10 prêmios nacionais e internacionais.

"O Gouda foi o primeiro queijo fino que desenvolvi. Hoje, fabrico 10 tipos de queijo, desde os coloniais até os finos."