Crateús tem monumento à Coluna Prestes desde 2006
Crateús. Para marcar os 80 anos da passagem da Coluna Prestes no Ceará, foi inaugurado, em 14 de dezembro de 2006 em Crateús, pelo então governador Lúcio Alcântara, um monumento em homenagem ao movimento encabeçado por Luiz Carlos Prestes.
Localizado na Praça da Estação, atual Gentil Cardoso, o Memorial da Coluna Prestes, de 13,5 metros é o único no Ceará assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A cidade foi a única do Estado onde houve combate entre o 2º destacamento da Coluna e as forças legalistas do governo Artur Bernardes.
Construído originalmente em local considerado inadequado por muitos moradores da cidade, em meio ao cruzamento de duas vias movimentadas, ano passado – após a modernização da Praça – o monumento ficou mais bem situado e valorizado. Uma fonte e carnaúbas estão à sua volta.
O arquiteto, que foi filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), criou e disponibilizou o projeto para os municípios pelos quais a Coluna passou. No Ceará, com iniciativa da Comissão de Anistia e recursos do governo do Estado, o marco foi erguido. O de Crateús é o único no Estado e o quarto no país. A obra, em concreto custou R$ 65 mil aos cofres do Estado.
Na época da inauguração do marco, Lúcio já se despedia do governo, e na sua fala considerou um privilégio inaugurar a obra. “Como governador me sinto privilegiado em ter a oportunidade de fazer esse reconhecimento”, disse Lúcio. O prefeito de Crateús à época, José Almir Claudino Sales, destacou a importância do marco para a história do país e lembrou dos dois homens mortos por ocasião do combate em Crateús. Em 1926, “os revoltosos” comandados por Prestes passaram pela cidade de Crateús.
O capitão João Alberto chefiava o grupo.
Cerca de 100 soldados foram mobilizados pelo comandante da policia, Tenente Peregrino, para enfrentar os homens da Marcha, que chegaram em grupos e entraram por áreas distintas da cidade. A antiga Praça da Estação foi o palco inicial para o tiroteio entre policiais e o grupo de Prestes. No conflito, morreram o Tenente Tarquínio e o Cabo Antônio Cabeleira.
Livro
A população local pouco conhece sobre a história da passagem da Coluna. Os mais idosos relembram, os jovens não. O padre Geraldo Oliveira Lima é um dos poucos que consegue recordar claramente a história do movimento que marcou a história do país. Na década de 1970, padre Geraldinho passou oito anos pesquisando e entrevistando testemunhas. O resultado foi a obra “Marcha da Coluna Prestes Através do Ceará”, livro que conta com detalhes a passagem da Coluna no Estado. Em 365 páginas, padre Geraldinho narra os acontecimentos desde a travessia da Coluna no território do Piauí, até a saída do Estado do Ceará.
SILVÂNIA CLAUDINO
REPÓRTER
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