Inadimplência continua no maior nível da história em outubro, diz BC

No caso de pessoa física, está no maior patamar desde novembro de 2009.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

A taxa de inadimplência das pessoas físicas e das empresas, que mede o atraso de pagamento superior a 90 dias, ficou inalterada em 5,9% em outubro deste ano, informou nesta quinta-feira (29) o Banco Central.

É o mesmo patamar de julho, agosto e setembro, e, também, o maior nível já registrado em toda a série histórica da autoridade monetária, que começa em junho de 2000. Os números não confirmam o discurso do governo, adotado desde o começo do ano, de que a inadimplência iria recuar ao longo de 2012.

Pessoa física e empresas
No caso da taxa de inadimplência somente das pessoas físicas, que mede o atraso de pagamento superior a 90 dias, o valor somou 7,9% em outubro – o mesmo de setembro. Trata-se do maior patamar desde novembro de 2009 (8%). No acumulado deste ano, a inadimplência de pessoas físicas subiu 0,5 ponto percentual, visto que estava em 7,4% no fim de 2011.

Já a taxa de inadimplência das operações dos bancos com as empresas subiu de 4% em setembro para 4,1% em outubro deste ano. De janeiro a outubro deste ano, porém, houve crescimento de 0,2 ponto percentual, uma vez que a inadimplência das empresas somou 3,9% no fechamento do ano passado.

Alerta
O crescimento da inadimplência, que vem ocorrendo consistentemente desde 2009, já foi objeto de críticas de organismos multilaterais, como o Banco de Compensações Internacionais (BIS, o banco central dos bancos centrais), há alguns meses.

Em relatório, a instituição sustentou que o Brasil estaria na "zona de perigo" por considerar haver um descompasso entre o crescimento do crédito e da expansão da economia. Citou também preocupação com o nível de endividamento das famílias e das empresas brasileiras e com o forte crescimento dos preços do mercado imobiliário.

O BC, por sua vez, tem argumentado que o crescimento da inadimpência, nos últimos anos, está relacionada, entre outros fatores, com as operações de financiamento de veículos – que tiveram, no passado, parcelamentos mais longos, em até 72 meses.