Dólar fecha em R$ 5,29 e renova maior patamar desde janeiro de 2023; Ibovespa cai

Decisões de política monetária em países desenvolvidos também seguem no radar.

Por g1

Dólar — Foto: Karolina Grabowska/Pexels

Moeda norte-americana avançou 0,23%, cotada a R$ 5,2971. Já o principal índice acionário da bolsa de valores brasileira recuou 0,32%, aos 121.407 pontos.

O dólar fechou em alta nesta quarta-feira (5), com investidores de olho em uma série de indicadores locais e internacionais previstos para a semana. Com o resultado, a moeda norte-americana atingiu o maior patamar desde janeiro de 2023. (veja mais abaixo)

Além dos novos dados sobre a atividade brasileira, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), novos dados da economia dos Estados Unidos também têm influen-ciado a cotação da moeda nos últimos dias. (entenda mais abaixo)

Decisões de política monetária em países desenvolvidos também seguem no radar.

O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira (B3), fechou em queda.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar

O dólar avançou 0,23%, cotado em R$ 5,2971. Na máxima, chegou a R$ 5,3056. Veja mais cota-ções.

Com o resultado, a moeda norte-americana atingiu seu maior nível desde 5 de janeiro de 2023, quando fechou a R$ 5,3518.

Com o resultado, acumulou:

alta de 0,91% na semana e no mês;

ganho de 9,16% no ano.

Na terça-feira (4), a moeda norte-americana subiu 0,98%, cotada a R$ 5,2850.

Ibovespa

O Ibovespa recuou 0,32%, aos 121.407 pontos.

Com o resultado, acumulou quedas de:

0,57% na semana e no mês;

9,52% no ano.

Na terça-feira, o índice encerrou em queda de 0,19%, aos 121.802 pontos.

Por que o dólar tem subido tanto?

Com uma série de indicadores norte-americanos no radar dos investidores, o principal impulsio-nador do dólar nas últimas semanas são as incertezas sobre qual deve ser a postura do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na condução dos juros do país.

Desde a semana passada, por exemplo, dados econômicos dos Estados Unidos já têm sinalizado que a maior economia do mundo pode estar desacelerando — com uma inflação mais sob controle e um mercado de trabalho menos pressionado.

Na última sexta-feira (31), o país divulgou o índice preços PCE de abril, quando a inflação subiu 2,7%, em linha com as expectativas dos analistas e se mantendo no mesmo patamar que o mês imediatamente anterior.

Um dia antes, foi divulgado o resultado do PIB norte-americano, que cresceu 1,3% no primeiro trimestre, abaixo das expectativas do mercado, de alta de 1,6%. O número também representou uma desaceleração frente ao que foi observado no último trimestre do ano passado: um avanço de 3,4%.

Esses números mais controlados fazem com que o mercado volte a acreditar que o Fed, pode iniciar o seu ciclo de cortes nos juros em setembro.

Ao mesmo tempo, no entanto, dados divulgados nesta quarta-feira (5) pelo Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) voltaram a indicar um crescimento do setor de serviços nos EUA em maio, após uma contração no mês anterior, o que volta a trazer incertezas sobre os próximos passos do Fed.

O índice de gerentes de compras não manufatureiro do ISM subiu de 49,4 em abril para 53,8 no mês passado. A leitura de maio, a mais alta desde agosto, superou as estimativas de todos os 59 economistas em uma pesquisa da Reuters, cuja mediana era de 50,8, um pouco acima do nível 50 que separa crescimento de contração.

Já o índice de atividade empresarial do relatório subiu 10,3 pontos, o maior aumento desde março de 2021, e o elevou para 61,2, o nível mais alto desde novembro de 2022.

Além disso, outro fator que também tem corroborado com a alta do dólar ante o real é a variação de preços das commodities e o cenário da balança comercial brasileira.

Por fim, o desconforto do mercado com o cenário fiscal brasileiro também acaba prejudicando o real ante o dólar e em comparação a moedas de outros países emergentes.

Em abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou uma mudança na projeção fiscal do Brasil. A nova previsão passou a ser de déficit zero para 2025 — e não mais de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), como previsto até o ano passado.

A mudança na meta significa abrir mais espaço para gastos, diante de uma dificuldade para au-mentar receitas no próximo ano. O mercado financeiro não gostou do afrouxamento ainda no segundo ano da existência do novo arcabouço fiscal.

O que mais está mexendo com os mercados nesta semana?

Ontem, o principal destaque ficou com o PIB do país, que subiu 0,8% no primeiro trimestre deste ano em comparação aos três meses anteriores. Na relação anual, a alta foi de 2,5%. O movimen-to veio puxado principalmente pelo setor de serviços, que teve alta de 1,4% no período.

A agropecuária também cresceu, registrando variação positiva de 11,3%. A indústria, porém, apresentou leve queda, de 0,1%.

Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, "neste trimestre tivemos um crescimento da economia totalmente baseado na demanda interna".

No cenário externo, o banco central do Canadá cortou seus juros básicos em 25 pontos-base pela primeira vez em quatro anos, o que reforçou as expectativas de um movimento de taxas de juros mais baixas.

Pela frente, há expectativa sobre a nova decisão de política monetária do BCE, prevista para esta quinta-feira (6). A estimativa é que a instituição dê início ao ciclo de corte de juros na região. Na China, os dados da balança comercial de maio devem ser divulgados na sexta-feira (7).

Também na sexta, serão divulgados os novos dados do payroll, o mais importante relatório do mercado de trabalho dos Estados Unidos, referentes a maio.

Já na próxima semana, o protagonismo fica com a tão esperada decisão sobre os juros norte-americanos, prevista para a quarta-feira (12).

https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/06/05/dolar-ibovespa.ghtml