DECISÃO UNÂNIME: Após dez cortes, BC mantém a Selic em 7,25% ao ano

São Paulo. O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anunciou ontem a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 7,25% ao ano.

decisão de ontem, por unanimidade e sem viés, interrompe uma série de cortes iniciada em agosto de 2011, quando a Selic foi reduzida de 12,5% para 12%. "Considerando o balanço de risco para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear", informou o Comitê.

Desde então, o Copom decidiu reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual em quase todas as reuniões, com exceção de março, quando o corte foi de 0,75 ponto percentual, e de outubro, quando houve redução de 0,25. No total, foram dez cortes consecutivos da taxa.

Dentro do previsto

No mês passado, o Copom informou em sua ata que a redução naquele mês foi o "ultimo ajuste" das condições monetárias diante do atual cenário inflacionário. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA de outubro mostrou aceleração em relação a setembro e fechou o mês com alta de 0,59%. Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 5,45%. De janeiro a outubro, o aumento foi de 4,38%.

Os cinco membros do Copom que votaram a favor do corte argumentaram que ainda havia incertezas sobre a velocidade da recuperação econômica, sobretudo por conta da expectativa de que fragilidade da economia global seja mais prolongada do que o esperado.

"Além disso, foi destacado que as recentes pressões de preços decorrem, principalmente, de choques de oferta, internos e externos, que tendem a reverter no médio prazo. Portanto, no entendimento desses cinco membros do comitê, o cenário prospectivo para a inflação ainda comportava um último ajuste nas condições monetárias", informa a ata.

Instrumento

A taxa de juros é o instrumento utilizado pelo BC (Banco Central) para manter a inflação sob controle ou para estimular a economia. Se os juros caem muito, a população tem maior acesso ao crédito e consome mais. Este aumento da demanda pode pressionar os preços caso a indústria não esteja preparada para atender um consumo maior.

Por outro lado, se os juros sobem, a autoridade monetária inibe consumo e também investimento - que ficam mais caros -, a economia desacelera e evita-se que os preços subam - ou seja, que haja inflação.

Com a redução da taxa básica de juros (Selic), o BC também diminui a atratividade das aplicações em títulos da dívida pública. Dessa forma, começa a "sobrar" um pouco mais de dinheiro no mercado financeiro para viabilizar investimentos que tenham retorno maior que o pago pelo governo. Se a taxa sobe, ocorre o inverso.

Para CNI, juro baixo garante investimento

Brasília. A manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 7,25% é decisiva para garantir a confiança do empresário e estimular os investimentos, de acordo com nota divulgada, ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

De acordo com a CNI, a manutenção dos juros em um patamar reduzido é importante no cenário atual, em que não há riscos expressivos de alta da inflação e a recuperação da atividade produtiva ainda não se consolidou.

A entidade lembra ainda que, com juros básicos menores, as ações da política de financiamento devem se concentrar na queda dos custos dos empréstimos, na redução dos spreads bancários (diferença entre o que os bancos pagam aos aplicadores e os que cobra dos tomadores) e na ampliação do crédito. Segundo a CNI, os efeitos benéficos da queda dos juros básicos chegará aos tomadores finais de recursos. "Essa é a vertente financeira da redução dos custos de produção, crucial à retomada do investimento e do crescimento".

Comércio

A Federação do Comércio do Rio (Fecomércio-RJ) elogiou a decisão do Copom. O presidente da entidade, Orlando Diniz, disse, em nota, que "coerente com os últimos sinais emitidos, o Copom manteve a taxa básica de juros em 7,25%, patamar aproximado a vigorar ao longo do próximo ano". A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) defendeu a diminuição da Selic. "Não podemos esquecer que desde agosto de 2011 a Selic já caiu de 12,5% para 7,25%, porém a posição da Fiesp é a de defesa de uma taxa de juros ainda menor, que permite ao País competir no mercado externo e interno".