Governo não vai deixar Eletrobras perecer, diz presidente da EPE

Segundo Tolmasquim, estatal vai ter que se adaptar a novos custos.

Fábio AmatoDo G1, em Brasília

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse nesta quinta-feira (22) que o governo federal “não vai deixar a Eletrobras perecer.”

Nos últimos dias, a estatal registrou desvalorização de suas ações por conta da expectativa dos investidores de que ela vá aderir ao plano do governo para baratear a energia elétrica no país a partir do ano que vem.

“A Eletrobras é necessária e o governo nunca vai deixar ela perecer”, disse Tolmasquim, ao chegar ao Ministério de Minas e Energia, em Brasília, para participar da reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).

As ações da Eletrobras caíram quase 70% do início do ano até esta quarta-feira (21) e quase 60% desde que o governo anunciou o programa de redução das tarifas de energia, no dia 6 de setembro, segundo levantamento da consultoria Economatica.

Só nesta quarta, a ação preferencial da Eletrobras desvalorizou 20,08%, fechando cotada a R$ 7,84. Foi a maior queda diária da história do papel, que alcançou o menor preço desde agosto de 2003.

“Ela [Eletrobras] vai ter que fazer ações para se adaptar aos custos. Vamos aguardar um pouco para ver”, disse Tolmasquim. “Mas não passa pela cabeça da gente ter uma Eletrobras que não tenha condições de atuar no sistema elétrico brasileiro. Ela é fundamental”, completou o presidente da EPE.

Em 14 de novembro, a diretoria da Eletrobras aprovou nota técnica que recomenda aos acionistas aceitar as condições impostas pelo governo para renovar, por até 30 anos, suas concessões que vencem entre 2015 e 2017. Desde então, os papeis preferenciais da empresa desvalorizaram 40,2% e as ações ordinárias, 28,8%.

Os investidores castigam os papéis da estatal elétrica por temores sobre os impactos negativos que a provável renovação antecipada e condicionada de concessões elétricas terá sobre os resultados e dividendos da companhia.

No dia 6 de setembro, a presidente Dilma Russeff anunciou que o governo planejava implementar um programa de redução 16,2% a 28% nas contas de luz a partir de 2013. Para conseguir isso, a renovação de concessões de geração (usinas hidrelétricas e térmicas), transmissão e distribuição que venceriam entre 2015 em 2017 serão renovadas em troca de uma remuneração até 70% menor pelo serviço prestado por elas.

Os concessionários enquadrados no plano dizem que a remuneração é baixa. Eles também questionam os R$ 20 bilhões oferecidos pelo governo em indenizações às empresas por conta de investimentos feitos nos últimos anos e que não terão tempo de ser amortizados (pagos via tarifa).