BC corta previsão de superávit comercial pela metade e vê maior rombo nas contas externas
As informações estão no relatório de inflação do terceiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira (29).
Expectativa para a balança comercial neste ano passou de US$ 86 bilhões para US$ 42 bilhões. Com isso, rombo nas contas externas deve ser de US$ 47 bilhões, o maior em três anos.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
O Banco Central passou a prever um superávit da balança comercial de US$ 42 bilhões para 2022 e, também, o maior rombo das contas externas em três anos. As informações estão no relatório de inflação do terceiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira (29).
O superávit comercial é registrado quando as exportações superam as importações. Quando ocorre o contrário, é registrado déficit comercial. Até o momento, o BC estimava que o saldo comercial positivo, neste ano, seria bem maior: de US$ 86 bilhões.
De acordo com o BC, a revisão reflete uma estimativa de queda nas exportações, que passaram de US$ 342 bilhões (na projeção anterior, em junho) para US$ 331 bilhões, e aumento das importações, que avançaram de US$ 257 bilhões para US$ 289 bilhões na mesma comparação.
"Os preços das importações aumentaram fortemente até junho e, apesar da acomodação em julho e agosto, continuam em patamar alto, especialmente os preços de combustíveis e bens intermediários", informou o BC.
A instituição explicou que esse crescimento "ocorre em linha com o desempenho da atividade econômica doméstica [demandando, assim, mais insumos e produtos do exterior], que surpreendeu no segundo trimestre e foi revisada positivamente para o restante do ano".
Balança comercial registra saldo positivo de US$ 4,2 bilhões em agosto
Para 2023, o Banco Central estimou uma pequena melhora no saldo comercial, para um superávit de US$ 54 bilhões.
Contas externas e investimento direto
Por conta da piora esperada na balança comercial, o BC passou a prever um rombo nas contas externas neste ano.
Em junho, a instituição projetava um saldo positivo da conta de transações correntes de US$ 4 bilhões em 2022. Agora em setembro, esse valor foi revisado para um déficit de US$ 47 bilhões.
Se confirmado, será o maior desde 2019 (-US$ 65 bilhões), ou seja, em três anos.
O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
Para o próximo ano, o BC projeto um rombo menor nas contas externas, de US$ 36 bilhões.
No caso dos investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira, a previsão do Banco Central é de que eles somarão US$ 66 bilhões neste ano, contra a estimativa anterior de US$ 62 bilhões, e que avançarão para US$ 70 bilhões em 2023.
Crédito bancário
O Banco Central também subiu de 11,9% para 14,2% a estimativa para o crescimento do crédito bancário neste ano. Apesar do aumento, a instituição ainda prevê desaceleração na comparação com o ano passado, quando foi registrada uma expansão de 16,3%.
"O crescimento do crédito surpreendeu mais uma vez [desde junho], principalmente no segmento de pessoas físicas com recursos livres. Essa surpresa e a revisão do cenário prospectivo para a atividade econômica nos próximos meses elevaram a projeção de crescimento nominal do crédito em 2022", informou o BC.
Para o ano que vem, porém, BC estimou uma alta de 8,2% para o crédito bancário, com nova desaceleração, englobando um ritmo menor de crescimento das carteiras de pessoas físicas e de pessoas jurídicas, sobretudo no segmento financiado com recursos livres (sem contar BNDES, rural e habitação).
"Para 2023, o crescimento do crédito deverá continuar em desaceleração, considerando as projeções de evolução da atividade econômica para o período, que indicam moderação no crescimento do PIB", acrescentou.
Imagem ilustrativa via google
https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/09/29/bc-corta-pela-metade-previsao-de-superavit-comercial-em-2022-e-ve-maior-rombo-nas-contas-externas-em-3-anos.ghtml
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