Trigo: Argentina pode abastecer Brasil a curto prazo, mas preço preocupa

A Associação lembra que o Brasil importa ao menos 60% do trigo que utiliza.

Com Rússia e Ucrânia fora do mercado mundial de trigo, demanda ficará mais concentrada em outors exportadores (Foto: REUTERS/Enrique Marcarian)

Guerra entre Rússia e Ucrânia levou a uma valorização de mais de 37% nos preços internacionais, diz Abitrigo, que representa os moinhos

O Brasil não deve ter problemas de abastecimento de trigo no curto prazo, mas a escalada de preços e a incerteza em relação à oferta de fertilizantes são pontos de preocupação no mercado. A avaliação foi feita nesta sexta-feira (4/3), pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que representa os moinhos brasileiros, ao comentar os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia no mercado internacional.

"O mercado de trigo enfrentou muitas questões nos últimos anos, como a pandemia, o frete e agora essa questão do conflito. Estamos, novamente, vivendo um período de grandes desafios para todo o setor do trigo. Mais do que isso, esse conflito é um momento de muita tensão e incerteza para o mundo, que deve ser acompanhado com cautela e atenção por todos", diz a Abitrigo, em nota.

A Associação lembra que o Brasil importa ao menos 60% do trigo que utiliza. E que o principal fornecedor externo do cereal é a Argentina, que já sinalizou ter volume suficiente para atender a demanda brasileira. O Brasil também importa da Rússia, mas em quantidades bem menores e não compra da Ucrânia, destaca a Associação.

No entanto, há o risco de manutenção da escalada de preços internacionais do cereal. Russos e ucranianos estão entre os principais produtores e exportadores mundiais de trigo. Respondem, juntos, por quase 30% do que é comercializado globalmente, algo em torno de 210 milhões de toneladas.

Com a escalada dos confrontos no leste europeu, que chegou nesta sexta-feira (4/3) a nove dias, as cotações internacionais dispararam na Bolsa de Chicago, principal referência de formação de preços do trigo. Só nos oito primeiros dias da guerra, a alta foi de 37,5%. E o mercado global acompanha a tendência, lembra a entidade que representa os moinhos.

"O mercado mundial de trigo tem apresentado grande dificuldade em precificar o cereal, pois isto depende da duração e da abrangência da crise. Esta visão do mercado tem gerado oscilação nos preços. Na Argentina, nosso maior fornecedor, os preços também estão oscilando. Será necessário assim, maior definição do desmembramento da crise para posicionamento do mercado", dia a nota da Associação.

Com Rússia e Ucrânia fora do mercado a demanda ficará concentrada nos demais países exportadores, como Estados Unidos, Austrália, Canadá e Argentina, situação que tende a manter os preços em níveis elevados. Incertezas também no mercado de fertilizantes, além do posicionamento de fundos de investimento no mercado de commodities podem contribuir para manutenção das cotações em alta. 

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