Ibovespa renova mínima do ano e fecha 5º mês de perdas com tensão global por variante ômicron

Em novembro, a bolsa teve forte queda de 1,53%, completando seu quinto mês consecutivo de perdas.

Nesta terça-feira, o principal índice da bolsa registrou tombo de 0,87%, a 101.915 pontos. Em novembro, bolsa fechou com queda acumulada de 1,53%.

Por g1

O principal índice de ações da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou em queda de 0,87%, a 101.915 pontos, nesta terça-feira (30), em um pregão tenso pelas preocupações globais com a variante ômicron do coronavírus e após declaração do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. O avanço da PEC dos Precatórios no Congresso brasileiro serviu de contraponto.

Em novembro, a bolsa teve forte queda de 1,53%, completando seu quinto mês consecutivo de perdas. No acumulado do ano, o recuo é de 14,37%.

Na mínima da sessão, o índice chegou a 100.074 pontos — o patamar intradia mais baixo desde 6 de novembro do ano passado (99.837 pontos). 

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Cenário

No exterior, investidores monitoram o recrudescimento das preocupações com a variante ômicron do coronavírus e analisam declaração do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sobre a inflação.

Powell disse que o risco de uma inflação mais alta aumentou e que é apropriado considerar uma conclusão da redução da compra de títulos pelo Fed mais rapidamente.

"De forma geral, os preços mais altos que vemos estão relacionados a desequilíbrios entre oferta e demanda que podem ser atribuídos diretamente à pandemia e à reabertura da economia", disse Powell durante audiência perante o Comitê Bancário do Senado dos EUA.

"Mas também é o caso de que os aumentos de preços se espalharam muito mais amplamente... e acho que o risco de uma inflação mais alta aumentou", prosseguiu.

O Fed deu início à redução de estímulos no início deste mês e anunciou um cronograma de cortes que prevê sua conclusão em meados de 2022, mas é amplamente esperado que o banco revisite esse cronograma em sua próxima reunião, que acontece em duas semanas.

Além disso, executivos da fabricante de vacinas Moderna afirmaram que as mutações da nova variante podem significar que mais imunizantes serão necessários, causando tensão nas bolsas.

"Não existe um mundo, acho, onde (a eficácia) é do mesmo nível... que tivemos com a delta", disse o presidente executivo da Moderna em uma entrevista ao jornal Financial Times. "Acho que será uma queda palpável. Só não sei o quanto, porque precisamos esperar pelos dados. Mas todos os cientistas com os quais converso... dizem coisas do tipo 'isto não será nada bom'."

Na quinta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a variante ômicron representa um risco muito elevado, mas destacou que também há muitas dúvidas sobre a variante, especialmente sobre o perigo real que representa.

Na cena local, o IBGE divulgou mais cedo que a taxa de desemprego ficou em 12,6% no trimestre encerrado em setembro. Essa é a primeira vez desde o trimestre terminado em abril de 2020 em que a taxa de desemprego fica abaixo de 13%.

A atenção dos investidores também esteve voltada para a PEC dos Precatórios, que abre espaço para o financiamento do Auxílio Brasil. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou a proposta nesta terça, por 16 votos a 10.

Na véspera, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que o texto, caso fosse aprovado, poderia ser analisado em plenário na quinta-feira. Mas, o relator da PEC, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), disse que pedirá que o tema seja colocado em plenário ainda nesta terça.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse em evento da Febraban que a dúvida sobre a capacidade do Brasil de crescer estruturalmente começou a entrar no prêmio de risco. Já o diretor de Política Econômica da instituição, Fábio Kanczuk, afirmou em evento promovido pelo JPMorgan que a visão na autoridade monetária é de que a inflação é menos inercial e pode mudar muito ao longo do próximo ano, no sentido de que pode surpreender para baixo.

https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/11/30/bovespa.ghtml