Quase um quarto dos trabalhadores que procuram emprego temporário neste fim de ano tem como objetivo obter uma renda extra para pagar dívidas. Destes, mais da metade (59%) já está empregada e nunca prestou serviços temporários anteriormente (54%), aponta uma pesquisa inédita feita pela Vagas Tecnologia, a partir dos currículos cadastrados no site da empresa. O resultado reflete o elevado nível de comprometimento da renda das famílias com pagamento de dívidas, além da manutenção da inadimplência considerada alta
Maioria dos empregados em busca de uma segunda ocupação recorre ao setor de comércio e de serviços, onde as jornadas são mais flexíveis
Dados do Banco Central mostram que 22,44% da renda das famílias está comprometida com dívidas. E, por três meses seguidos - julho, agosto e setembro -, a inadimplência média do brasileiro estacionou em 7,9% dos contratos. "Antes, quem buscava um trabalho temporário de fim de ano era o desempregado para obter alguma renda. Agora são endividados que estão à procura de uma segunda jornada para quitar prestações", afirma Fernanda Diez, responsável pela pesquisa da empresa.
De acordo com ela, a enquete foi feita na segunda quinzena do mês passado. Foram consultadas cerca de 700 pessoas online. Como é a primeira vez que a pesquisa é realizada, não há dados comparativos. Mas os resultados são compatíveis com o cenário atual de endividamento e inadimplência, observa.
Principais setores
Quem está empregado e quer obter renda extra com trabalho temporário normalmente busca uma vaga no setor de comércio e serviços, onde normalmente as jornadas são mais flexíveis. Além disso, é nesse setor que a oferta de vagas deve apresentar modesto crescimento este ano, enquanto a indústria dá marcha à ré. Na Zona Franca de Manaus, polo de produção de eletroeletrônicos, bicicletas e motocicletas, as contratações de temporários neste ano devem oscilar entre 3 mil e 4 mil vagas, informa o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, Valdemir Santana. Esse número de vagas é a metade do total de 2011.
Estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) prevê crescimento pequeno nas contratações de temporários este ano. Para a economista da CNC, Marianne Hanson, as empresas do varejo devem abrir 134 mil vagas temporárias em todo País, uma quantidade 1,3% maior em relação a 2011 quando houve crescimento de 2,6%.
Comportamento
O coordenador da Fundação Seade, Alexandre Loloian, tem uma explicação diferente para o pequeno aumento nas contratações temporárias. "Há sinais de mudança no comportamento dos empregadores no trato com seus empregados. Com a baixa atividade não se verificou redução do emprego. O que pode acontecer agora com a retomada do crescimento é as empresas não contratarem muita gente."
Oportunidades
134 mil vagas temporárias devem ser abertas em todo o País, segundo a economista Marianne Hanson, da Confederação Nacional do Comércio (CNC)
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