Alta na demanda faz produtos subirem mais de 40% na Ceasa e nos supermercados

Produtos derivados do trigo foram os que sofreram maior alta de agosto para setembro.

Legenda: Acesu afirma que grande parte dos produtos feitos no País foram exportados e que o mercado interno sofre "escassez" devido a "lei da procura e da oferta". Foto: Camila Lima

Escrito por Redação

Com a reabertura dos setores da economia, após o período de isolamento social em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o varejo cearense tem apresentado altos preços nas prateleiras dos supermercados e na Centrais de Abastecimento do Ceará S/A (Ceasa-CE).

"Depois da pandemia, o mercado se aqueceu e está tendo uma recuperação que visa retirar os prejuízos da pandemia, esse está sendo o maior problema que está tendo no momento impactando nos preços", avalia Odálio Girão, analista de mercado.

Girão aponta que os produtos derivados do trigo, como a farinha, foram os que mais tiveram alta na passagem de agosto para setembro.

Veja os itens com maiores altas: 

Farinha: 45,8% (R$ 2,40/kg para R$ 3,50/kg)

Arroz: 33,3% (R$ 3,30/kg para R$ 4,40/kg)

Óleo de soja: 23,5% (R$ 85,00/caixa com 20 unidades para R$ 105,00)

Carne bovina: 12,5% (R$ 16,00/kg para R$ 18,00/kg)

Feijão de corda: 11,5% (R$ 5,20/kg para R$ 5,80/kg)

Queijo: 9% (R$ 22,00/kg para R$ 24,00/kg)

Carne suína: 7,7% (R$ 13,00/kg para R$ 14,00/kg)

Leite: 7% (R$ 45,00/ caixa com 12 unidades para R$ 48,00)

Supermercados

Segundo Gerardo Vieira, presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), os supermercados estão se esforçando para segurar os preços para o consumidor e manter os estoques.

"Nós estamos fazendo o possível para segurar os preços, procuramos ter um estoque regular , mas isso não depende só da gente, depende exclusivamente da situação comercial em que nós nos encontramos", comenta.

Ele ressalta que grande parte dos produtos feitos no País foram exportados e com isso, o mercado interno sofre "escassez" devido a "lei da procura e da oferta".

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) comunicou em nota, o setor tem buscado formas para manter os preços "normalizados" vem garantindo o abastecimento regular desde o início da pandemia em todas as lojas do país.

Vieria confirma a perspectiva da Abras de que não há riscos de desabastecimento, principalmente em itens como o arroz. "Os próximos países a entrar na safra do arroz são os Estados Unidos e a Índia e mesmo sem começar a colheita, nós já estamos comprando lá", revela.

Exportações

De acordo com Girão, para os meses de setembro e outubro, a tendência é que os preços se mantenham em alta, principalmente as proteínas, que devem sofrer impactos pelas exportações.

"Nesse período há uma demanda muito forte de carne pelos países asiáticos, como a China, que acabam impactando nos preços. A carne do Brasil vai muito pra lá e o mercado interno fica com preços elevados, como foi no ano passado. A tendência é que se tenha uma aceleração nos próximos meses" avalia.

Vieira analisa que as exportações foi um dos principais fatores para o aumento dos itens. "Com o aumento do dólar, a mercadoria produzida no país foi toda pra fora e hoje, nós temos a necessidade de comprar de fora", relata.

A ABRAS, aponta que o crescimento das exportações dos produtos e a retração das importações motivadas pela taxa de câmbio também impactam no preço dos produtos. Além disso, a demanda interna "impulsionado pelo auxílio emergencial do governo federal" também pressionou o consumo interno.   

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