Quase US$ 5 bilhões deixaram o Brasil na semana passada, diz BC

Saída de recursos se acentuou após Moody´s rebaixar a nota do Brasil. Na parcial de fevereiro, US$ 6,04 bilhões deixaram a economia brasileira.

Foto divulgação A retirada de recursos da economia brasileira superou o ingresso em US$ 4,88 bilhões na semana passada, informou nesta quarta-feira (2) o Banco Central. Na parcial de fevereiro, até a última sexta-feira (26), US$ 6,04 bilhões deixaram o país. A evasão de dólares se acentuou após aagência de classificação de risco Moody's rebaixar a nota do Brasil e tirar o chamado "grau de investimento" - um selo de bom pagador. A agência também colocou o Brasil em perspectiva negativa, indicando que pode sofrer novo rebaixamento. Entre as três grandes agências internacionais, apenas a Moody's mantinha o Brasil com grau de investimento. A decisão da Moody´s foi anunciada na quarta passada (24). Naquele dia, US$ 850 milhões saíram do Brasil. Na quinta e sexta-feira, respectivamente, US$ 1,69 bilhão e US$ 1,45 bilhão deixaram o país, segundo números do Banco Central. Parcial do ano 'vira' A saída de valores do país registrada na semana passada também contribuiu para uma "virada" no saldo de dólares no acumulado deste ano. Até 19 de fevereiro, o movimento estava positivo (com mais ingresso do que saída) em US$ 313 milhões. Já na parcial de 2016, até 26 de fevereiro, o movimento de dólares ficou negativo em US$ 4,57 bilhões. No mesmo período de 2015, US$ 2,76 bilhões haviam ingressado no Brasil. Impacto no dólar A saída de valores registrada na parcial de fevereiro favoreceria, em tese, a alta do dólar. Isso porque, com menos moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia, teoricamente, a ficar maior. Entretanto, o dólar está em queda neste mês. No fim de janeiro, estava cotado em R$ 4,02 e, nesta quarta-feira (2), estava sendo negociado a R$ 3,93 por volta das 12h40. Segundo analistas, o dólar opera em queda nesta quarta-feira ainda influenciado por expectativas de estímulos na China e em meio a persistentes incertezas sobre o cenário político brasileiro. Além do fluxo de recursos, outros fatores também influenciam a cotação do dólar no Brasil. Entre elas, estão as sinalizações sobre a política de juros dos Estados Unidos, os indicadores da economia brasileira - que registraram desempenho ruim em 2015 - além de tensões políticas e notas das agências de classificação de risco. O mercado acredita que o dólar terminará este ano em R$ 4,35. Swaps cambiais Outro fator que influencia a cotação do dólar são as operações de swaps cambiais (que funcionam como uma venda futura de dólares), que continua sendo levadas adiante pelo Banco Central. Com estas operações, que funcionam com uma venda de dólares no mercado futuro, a autoridade monetária impede uma alta maior do dólar no mercado a vista e oferece garantia (hedge) às empresas contra a valorização do dólar. Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O Banco Central oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período. Quando o dólar sobe, o BC perde e vice-versa. Com a disparada do dólar em 2015, o BC registrou prejuízo recorde de R$ 89,66 bilhões com as operações de "swaps cambiais". Foi a maior perda anual da série histórica, que começa, para anos fechados, em 2003. Até então, o maior prejuízo, em todo um ano, havia sido registrado em 2014 (R$ 17,32 bilhões). Fonte: Portal G1

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