Pior fase de desaceleração já passou, diz Mantega sobre PIB

Crise retarda efeitos de medidas de estímulo, afirmou o ministro.

Darlan AlvarengaDo G1, em São Paulo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira (31) que a economia está mostrando recuperação –apesar do crescimento baixo, de 0,4% no segundo trimestre, segundo dados divulgados mais cedo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Passamos a pior fase de desaceleração, que ficou concentrada no primeiro trimestre, e a economia está acelerando gradualmente”, afirmou o ministro ao comentar o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre. “É um número que estamos olhando no retrovisor,está ficando para trás. De qualquer forma, é um resultado bom em relação ao primeiro trimestre. Não é excepcional, mas é o prenúncio de resultados melhores que virão no segundo semestre”, destacou.

Apesar de fracos, os dados corroboram a afirmação do ministro: o crescimento de 0,4% é o maior desde o segundo trimestre de 2011, quando a expansão foi de 0,6%.

O ministro destacou que a economia já está num ritmo melhor do que no primeiro semestre e que os resultados do terceiro e quatro trimestres serão "ainda melhores". Mas, questionado, Mantega não quis dar uma previsão para o PIB no fechamento do ano.

“Nós fazemos revisões bimensais desses dados, então temos que aguardar para fazer a revisão. Mas temos que olhar para frente e não para trás. Olhando para frente, tivemos uma desaceleração maior que o esperado neste início de ano e agora vamos atrás da recuperação. O que posso garantir é que a economia já está em aceleração gradual. Não é nada espetacular, mas a aceleração gradual já está ocorrendo neste momento da economia”, disse.

“O que interessa para mim é olhar para frente e assegurar que este segundo semestres nós estejamos voltando próximos daquele patamar de crescimento em torno dos 4%. O último trimestre do ano, com certeza nós vamos nos aproximar de um crescimento em torno de 4%”, acrescentou.

Ele também não respondeu se o país deverá crescer mais ou menos que no ano passado, quando a expansão ficou em 2,7%. “Como eu disse, estamos olhando para frente. No segundo semestre vamos estar crescendo mais do que o ano passado”, dissse.

Já para o 2013, o ministro afirmou que o governo espera um crescimento maior que 4%.
“A maioria das projeções para o ano que vem são de um crescimento de 4% ou mais”, disse. “Acho perfeitamente viável que a gente cresça mais de 4% no próximo ano”.

Tombini concorda
Em nota divulgada pelo Banco Central, o presidente da autoridade monetária fez avaliação semelhante à do ministro da Fazenda. "O crescimento do PIB, conforme dados das Contas Nacionais divulgados hoje pelo IBGE, confirma a recuperação gradual da atividade econômica no primeiro semestre".

Segundo Tombini, a demanda doméstica continuou sendo o principal suporte da economia, e "mesmo diante do complexo ambiente internacional, as perspectivas apontam intensificação do ritmo de atividade ao longo deste segundo semestre e do próximo ano".

Crise internacional prejudicou
Mantega afirmou que o resultado do PIB no segundo trimestre foi fortemente influenciado pela crise internacional, que puxou para baixo o crescimento da União Europeia e de vários países.

Segundo ele, a crise internacional está retardando o resultado de medidas de estímulo adotadas pelo governo como a redução da taxa de juros.

Mantega afimou, no entanto, acreditar que os investimentos – que acumulam quatro trimestres de contração – voltem a crescer. “Acreditamos numa recuperação dos investimentos neste segundo semestre”, disse. “O investimento demora mais a reagir do que as outras variáveis porque depende de visão de longo prazo”, acrescentou.

O ministro afirmou, também, que os estímulos setoriais , como a redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) estão surtindo efeito. "No caso da indústria automobilística, ainda não foi anunciado, mas deverá ser anunciado vendas recordes para o mês de agosto. As previsões preliminares são de que talvez as vendas atinjam em torno de 400 mil veículos leves”, disse.

Paliativos e medidas estruturantes
O ministro também rebateu as críticas de que o governo esteja tomando apenas medidas paliativas em vez de medidas estruturantes para o desenvolvimento econômico do país.
“O governo tem tomado medidas estruturais há muito tempo”, disse o ministro, citando o PAC, o aumento do crédito e a redução dos custos para produção e investimentos.
“Achar que o programa de concessões de ferrovias e rodovias é de curto prazo é uma piada”, disse, acrescentando que quando há “uma crise internacional dessa magnitude, o governo tem também que apagar incêndios”.