IPI: primeiro dia de prorrogação já aquece vendas
Não precisou nem completar 24 horas do anúncio da prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para carros, produtos da linha branca, móveis e material de construção, para que o varejo de Fortaleza já começasse a sentir os efeitos positivos nas vendas.
Um dos setores mais aliviados foi o das concessionárias. Na Saga, por exemplo, julho deste ano foi considerado o melhor da história de 25 anos da empresa. Já na Fazauto, a ampliação do benefício evitou queda de 35% nas vendas
No segmento de veículos novos, por exemplo, no qual a medida foi estendida até 31 de outubro, o efeito foi imediato. Pelo menos é o que garantem os gerentes comerciais de duas das principais concessionárias da Volkswagen na Capital cearense: a Fazauto e a Saga.
Eles confirmaram o que fora divulgado ao longo das últimas semanas pelo Diário do Nordeste - a movimentação de clientes estava elevada, mas muitas vendas não se concretizavam, sobretudo dos carros mais populares, porque as revendedoras não tinham como garantir o faturamento dos automóveis até 31 de agosto. Por isso, a decisão da última quarta-feira, representou um certo alívio para o segmento na Capital cearense e, ao mesmo tempo, desencadeou uma nova correria pelo comprador do carro zero quilômetro.
"Hoje (ontem), nós contactamos os clientes que tinham deixado seus números de telefone, nos últimos dias e estavam interessados em veículos não disponíveis em estoque ou em trânsito. Muitas vendas foram realizadas nesta quinta-feira pós-anúncio da prorrogação do IPI reduzido. Mais do que na quinta da semana passada", contou Maurício Vieira, gerente de vendas da Fazauto, enfatizando que em termo de faturamento, a quantidade de unidades foi menor.
Fôlego maior
De acordo com Maurício Vieira, a não renovação da medida por parte do governo federal provocaria um grande recuo nas transações comerciais da empresa. "A gente projeta que a queda seria de 35% no patamar de vendas atual", revelou.
Mesma visão tem o gerente de veículos novos da Saga, Carlo Medina. Segundo ele, a diferença de preço de um automóvel com benefício para um sem depende de cada modelo, mas gira em torno de 10%. "Em um carro popular esse diferencial pode ser de R$ 2,5 mil. Em veículos de valor maior vai até R$ 4 mil", calcula Carlo.
O gerente da Saga confirmou que as vendas foram retomadas com mais intensidade neste primeiro dia após o anúncio da prorrogação da medida. "Sem dúvida, houve mais vendas. Alguns clientes assim que souberam pelos jornais nos ligaram e já efetivaram a compra. Realmente, nos últimos dias essa parte tinha esfriado um pouco por conta da perspectiva de possível renovação do IPI reduzido ou não", explicou o gerente.
Segundo Carlo, os carros da linha 1.0 modelos Gol, Fox e Voyage são os mais procurados e podem levar até 40 dias para chegar, daí, segundo ele, a necessidade de realizar o pedido do veículo o mais rápido possível. "A medida vai até outubro. A fábrica deve produzir mais automóveis para tentar reduzir esse prazo, mas é bom garantir o seu carro", adverte.
Outros setores
Móveis e itens da linha branca também ganharam mais um prolongamento do incentivo. Segundo o gerente de vendas de uma das lojas Rabelo no Centro de Fortaleza, Teles Oliveira, as vendas já deram sinais de incremento ontem. "A linha de móveis já demonstrou uma procura superior. Mas é parte de linha branca o carro chefe da loja. Tanto que lavadoras, geladeiras e fogões ficam na porta de entrada para chamar a clientela".
Mais comemoração
Os supermercados também celebram a renovação do imposto reduzido. Só o Grupo Pão de Açúcar registrou sozinho elevação mensal maior que 40% na venda de linha branca entre os meses de janeiro e julho deste ano em comparação a igual período do ano passado.
Em nota divulgada, ontem, à imprensa, o presidente da companhia, Enéas Pestana, disse acreditar que a ampliação do prazo do benefício fiscal é benéfica e irá contribuir com o crescimento sustentável da economia, impulsionada fortemente pelo consumo interno. "Acreditamos muito no Brasil e na força do mercado interno e estamos atuando com o governo para a manutenção e expansão de medidas de fomento ao crescimento econômico do País", afirmou.
Veículo saiu mais caro da fábrica
Rio. Os automóveis ficaram mais caros na porta da fábrica em julho, segundo o Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os veículos automotores, que incluem também caminhões, subiram 0,80% em relação a junho. Como resultado, a atividade teve o segundo maior impacto no IPP do mês, de 0,09 ponto porcentual na taxa de 0,54%, atrás somente da contribuição de alimentos (0,62 ponto porcentual).
O IPP mede a evolução dos preços dos produtos sem impostos e fretes, portanto, não é influenciado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em vigor durante a última medição.
Margem de lucro
Os produtores aumentaram a margem de lucro enquanto os consumidores compraram a preços mais baixos por causa da isenção do IPI no varejo. "O automóvel está saindo mais caro da fábrica", afirmou Cristiano Santos, técnico da Coordenação de Indústria do IBGE. "No caso de automóveis, houve tendência em julho de um aumento de margem (de lucro).
Caminhões e peças
"Os caminhões e peças para motores também puxaram o resultado do IPP em julho. A exigência na legislação de adoção de um motor menos poluente fez com que o produto ficasse mais caro.
"Mudanças de tecnologia também não deveriam afetar o IPP. Porém, nós enxergamos que houve sim no caso de caminhões uma tendência de agregar valor ao produto final como um todo. É o que aparece aqui. No caso de peças, são peças para o motor, então essa agregação do motor esta ligada à motorização de caminhões", explicou Santos.
ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTER
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