Por causa da pandemia, beatificação de Mártir Benigna é oficialmente adiada

Aclamada como “Heroína da Castidade”, ela se tornará a primeira beata cearense.

Escrito por Antônio Rodrigues

A Diocese de Crato recebeu comunicado oficial há cerca 15 dias, mas ainda não havia divulgado a informação.

A cerimônia de beatificação de Benigna Cardoso da Silva, a mártir Benigna, prevista para acontecer no dia 15 de outubro, na Sé Catedral Nossa Senhora da Penha, em Crato, foi oficialmente adiada pelo Vaticano, que comunicou a Diocese de Crato há cerca de 15 dias, mas não divulgou. Ainda sem data prevista, a decisão foi motivada para evitar aglomerações, como medida de segurança contra o contágio pelo novo coronavírus.

Natural de Santana do Cariri, Benigna foi brutalmente assassinada aos 13 anos de idade, em 24 de outubro de 1941, a golpe de facas pelo seu vizinho, outro adolescente que a assediava e que tentou forçá-la a ter relações sexuais com ele. Aclamada como “Heroína da Castidade”, ela se tornará a primeira beata cearense.  

A celebração seria presidida pelo cardeal Giovanni Angelo Cardeal Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano, que representaria o Papa Francisco. É provável que sua vinda seja mantida, mas para o ano de 2021.  

“Não temos ainda uma nova data, mas não será este ano. Estamos aguardando o Vaticano. Vamos esperar manifestar”, antecipou padre Paulo Lemos, reitor da Paróquia de Senhora Sant'Ana. A Diocese de Crato já imaginava que isso aconteceria, já que, em maio, outras duas beatificações, também foram adiadas. “Foi aí que nosso bispo entrou em contato e recebeu o comunicado oficial há cerca de 15 dias”, completa o sacerdote.  

A morte de Benigna aconteceu no atual distrito de Inhumas, a dois quilômetros do centro da cidade, onde todo dia 24 de outubro, data em que foi morta, recebe milhares de pessoas em romaria. Ano passado, foram cerca de 30 mil fiéis. No entanto, este ano, o evento acontecerá de formato virtual, semelhante as romarias de Juazeiro do Norte, com celebrações transmitidas pelas redes sociais. As missas serão restritas a 50% da capacidade das igrejas. “Também se fosse fazer a festa, demanda uma estrutura de acolhimento. Ficaria mais difícil”, explica Lemos.  

O processo  

A Diocese de Crato abriu o processo de Benigna em 2011 e, dois anos depois, foi aceito pelo Vaticano. Após ser aprovado, ela foi aclamada “Serva de Deus”, após apresentar as virtudes necessária, foi proclamado “Venerável”.  Já a beatificação, é primeiro passo para a canonização, onde a Igreja reconhece oficialmente a fama e o testemunho de santidade de alguém que viveu e morreu heroicamente, marcado pelas virtudes cristãs.    

Na fase inicial, os teólogos investigaram as virtudes e as circunstâncias da morte. A comprovação de um milagre, critério necessário para tonar-se beato, é dispensado em caso de martírio. No caso da menina, que foi assassinada por um adolescente que assediava, os populares acreditam que “ela deu a vida para não cometer pecado”.   

Além da extensa documentação que a equipe diocesana entrou na sede da Igreja Católica, o Vaticano solicitou, em 2016, depoimentos de pessoas que viveram entre as décadas de 1940 a 1980, relatando graças alcançadas e sobre a consciência popular do martírio de Benigna. Com a aprovação da Comissão dos Teólogos, a fase mais longa do processo, restou aos bispos discutirem a aprovação da beatificação da menina para, em seguida, encaminhar para o Papa. 

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