SERTÃO CENTRAL: Mulheres discutem a seca

Quixadá. Acelerar os programas públicos de amparo ao convívio com a seca. Nessa perspectiva, aproximadamente, 120 mulheres de Quixadá, Pacatuba, Ocara e ainda Quixeramobim, Choró e Senador Pompeu, estão reunidas, desde ontem até hoje em Quixadá. Também discutem alternativas produtivas e de enfrentamento da estiagem no Ceará. São produtoras rurais, engajadas no programa "A força da mulher", uma iniciativa do Centro de Estudos, Articulação e Referência sobre Assentamentos Humanos (Cearah Periferia) e Esplar - Centro de Pesquisa e assessoria, com financiamento da União Europeia.

O grupo expõe até o meio-dia de hoje, na Praça da Catedral. Mas neste ano o número de itens apresentados será bem inferior ao de 2011 

De acordo com a assistente técnica do projeto, Pastora Almeida, a ação tem por objetivo contribuir para o fortalecimento político e econômico de grupos de mulheres no Interior do Ceará, ao mesmo tempo favorecer o desenvolvimento local sustentável, geração de renda e garantia de direitos sociais.

Nessa perspectiva, o Cearah Periferia e Esplar resolveram promover o III Encontro Territorial do projeto. Além de debater sobre "Economia Feminista e Solidária", as participantes dos municípios envolvidos apresentam na III Feira Feminista e Solidária do Sertão Central os resultados obtidos no campo.

Ainda segundo os promotores do Encontro e da Feira toda a programação é pautada na importância da organização dessas e de outras mulheres para o enfrentamento dos problemas, maior impulso na geração de renda e fortalecimento da autonomia feminina. Em um ano, no qual mais de 178 municípios cearenses decretaram situação de emergência por causa da seca, a atividade se propõe a discutir a convivência com o semiárido e o papel do Estado na construção de políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar. Há necessidade de agilidade na construção de cisternas de placa, de calçadão e também barragens subterrâneas. "Os programas públicos estão sendo desenvolvidos, mas a passos lentos", destacou Pastora. Com a iniciativa, o grupo espera ainda conquistar o fortalecimento ou criação de uma cooperativa em cada um dos municípios envolvidos. O aumento e reforço da participação de mulheres na economia local, com efetivação de empreendimentos coletivos e solidários, também estão entre os resultados esperados.

Por esse motivo, trabalham a articulação de dois eixos específicos na assembleia especial. Um deles é o político, discutindo o cooperativismo, o associativismo e ainda a violência contra a mulher. O outro é o econômico, expondo as experiências de cada região. O acesso a linhas de crédito e a agroecologia entram no foco da questão.

Ontem, o coletivo feminista se reuniu em um buffet. Hoje, o grupo expõe até o meio-dia, na Praça José Linhares da Páscoa, mais conhecida como Praça da Catedral. Mas este ano, o número de itens apresentados será bem inferior se comparado com a Feira anterior. A seca prejudicou as colheitas, principalmente de grãos. Mesmo assim, a força da mulher estará presente nos estandes espalhados pela praça. Milho, feijão e algodão, colhidos sem a utilização de agrotóxicos estão entre os itens expostos.

ALEX PIMENTEL 

COLABORADOR