Cidades serranas levam Ceará à liderança do Nordeste na produção de tomate; veja locais
Estado se aproxima de uma safra de 200 mil toneladas neste ano.
Estado passa a Bahia com influência de plantações de municípios na divisa com o Piauí
Escrito por Luciano Rodrigues - 27 de Novembro de 2024
Legenda: Tomate é um dos produtos que vem crescendo de produção no Ceará
Foto: Natinho Rodrigues/Diário do Nordeste
O Ceará se tornou líder na produção de tomate na região Nordeste em 2024. É o que garante a estimativa feita pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), que aponta que o Estado se aproxima de uma safra de 200 mil toneladas neste ano.
O LSPA consolida as estimativas "com base nas informações coletadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em todo o País", conforme informações repassadas pela instituição.
Como essa projeção é feita mensalmente, há variações no volume das safras colhidas. Na última estimativa divulgada, referente a outubro de 2024, o Ceará deve produzir neste ano pouco mais de 195 mil toneladas do fruto.
Esse volume representa uma alta de quase 6% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Dos nove estados do Nordeste, somente o Sergipe não produz tomate.
Com esse resultado, a expectativa é de que o território cearense ultrapasse a Bahia, até então o maior produtor da região de tomate. Neste ano, o estado nordestino deve colher, aproximada-mente, 182 mil toneladas.
Ceará mais do que dobra produção em 10 anos; Bahia encolhe
Os dados mensais da LSPA são consolidados no final de cada ano e integram a Produção Agrícola Municipal (PAM), levantamento também realizado pelo IBGE. Nesse estudo, as estimativas são ajustadas e os dados reais das áreas plantadas e das colheitas são reveladas.
A LSPA acumulada do tomate de 2023 do Ceará indicava que a produção seria de 184.809 toneladas. Na PAM, os números ficaram praticamente idênticos, com a safra do ano passado do fruto no Estado ficando em 184.799.
Caso se confirme a tendência em 2024 de dados praticamente idênticos no acumulado da LSPA e no resultado da PAM, o Estado vai mais do que dobrar a produção de tomates no território em 10 anos.
Em 2015, logo após passar Pernambuco e se tornar o segundo maior produtor do Nordeste, o Ceará havia colhido em torno de 95 mil toneladas. Para 2024, a tendência é de uma alta de 105,2%.
Isso confirma também o declínio da Bahia na produção do fruto. Nos últimos 10 anos, a maior produção do estado nordestino foi justamente em 2023, com mais de 343 mil toneladas colhidas. Para 2024, a estimativa de outubro da LSPA é de que o território baiano produza "apenas" 182 mil, queda de 47%.
Ao todo, 77 municípios no Ceará, segundo a LSPA, produziram tomate no Estado até outubro deste ano. A maior produção é localizada na região da Serra da Ibiapaba, na divisa com o Piauí. No local, estão cinco cidades que concentram a colheita de tomate do Estado, responsável por 63,9% de todo o fruto que é produzido no território cearense:
Guaraciaba do Norte;
Tianguá;
São Benedito;
Ubajara;
Ibiapina.
A importância do tomate na produção agrícola cearense foi notada na divulgação dos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado do segundo trimestre de 2024. A agricultura, por sua vez, foi a que teve maior alta dentre os setores, com crescimento de mais de 32% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O que explica a alta na produção de tomate no Ceará?
A engenheira agrônoma e mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável pela Universidade Federal do Cariri (UFCA), Karoline Maia, ressalta o crescimento significativo no cultivo do tomate no Estado.
"Passou de mais de 170 mil toneladas em 2022 para uma estimativa de 195,3 mil toneladas em 2024, incremento de aproximadamente 15%, demonstrando os esforços e o empenho dos agricultores locais para alcançar tal resultado", pontua.
O destaque positivo da região da Serra da Ibiapaba, segundo Karoline, é devido à "uma tradição consolidada no cultivo de tomate e outras hortaliças". A engenheira agrônoma enumera os motivos que destacam os municípios do local como propícios para o cultivo do fruto, bem como evidencia o Cariri em crescimento no plantio.
"Diversos fatores contribuem para o sucesso dessa região, tais como condições climáticas favoráveis, altitude, qualidade do solo e boa disponibilidade de água. Por outro lado, a região do Cariri também vem se notabilizando neste cultivo, pelas suas características únicas que favorecem uma agricultura diversificada e produtiva", explica.
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