Waldir Neto trabalhava como motorista de app há poucos meses, conforme a companheira. Ele deixa uma filha de 12 anos.

Por g1 CE

O motorista de aplicativo Waldir Ferreira do Carmo Neto, de 31 anos, morreu no último sábado (7) em um acidente de moto na Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza. Ele fazia uma corrida e levava, na garupa, o capitão-tenente Daniele Marino, médico italiano do navio ‘mais bonito do mundo, que estava em Fortaleza. Daniele também morreu no acidente.

Waldir traballhava como Uber moto há poucos meses. Ele aceitou a corrida de Daniele e pegou o italiano no bairro Cais do Porto, em Fortaleza, por volta do meio-dia de sábado. O destino era a Caucaia, onde estão pontos turísticos populares como a praia do Cumbuco, famosa internacionalmente pela prática de kitesurf.

No entanto, em algum momento na CE-085, na localidade do Garrote, Waldir e Daniele sofreram um acidente. As causas do acidente ainda não foram esclarecidas.

Ainda sem saber do acidente, a companheira de Waldir, Ilana Beatriz, notou que algo estava errado. No sábado, eles haviam trocado mensagens até às 11h, quando Waldir fez uma pausa no trabalho para almoçar. Pouco mais de uma hora depois, ele parou de responder.

“Eu soube do acidente pelo rastreamento da moto. Eu tinha um aplicativo no celular que ele deixava no meu e no dele. Mas só para saber em caso de roubo, furto”, explica Ilana, que trabalha como designer de sobrancelhas. “Às 12:25 eu liguei e ele não atendeu. Aí eu imaginei que ele tivesse rodando, por isso que ele não me atendeu.” 

Waldir e Ilana estavam juntos há dois anos; o motorista de app morreu no último sábado (7) — Foto: Arquivo pessoal

Waldir tinha uma filha de 12 anos; ele era apaixonado por futebol — Foto: Arquivo pessoal

Waldir estava realizando uma corrida de Fortaleza para Caucaia quando ocorreu o acidente — Foto: Arquivo pessoal

“Eu voltei para o trabalho, em torno de 13h30, e nada de obter resposta. Quando eu olhei o rastreamento, a moto tava no exato local do acidente”, relembra. “Aí eu continuei, comecei a atender cliente, sentindo uma sensação estranha. O tempo todo apertava no celular e não tinha nenhuma notificação dele. Quando deu 16h19, eu liguei e ele não atendeu. Eu olhei de novo rastreamento da moto e a moto estava no mesmo local do acidente.”

Após notar que a moto não saía do lugar há horas, Ilana relatou à família de Waldir. Um irmão dele foi até o endereço onde a moto estava. Lá, encontrou um reboque da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) e reconheceu a motocicleta de Waldir. Quando conversou com o policial e se identificou, a polícia informou da morte do motociclista.

Conforme a polícia, Waldir veio a óbito no local do acidente. Daniele, por sua vez, ainda estava vivo quando chegou socorro. Ele foi levado a um hospital e recebeu atendimento médico, mas não resistiu.

Waldir tinha 31 anos e era pai de uma menina de 12 anos, fruto de um relacionamento anterior. Ele começou a trabalhar como motorista de aplicativo após deixar o emprego em uma casa de rações. De acordo com Ilana, Waldir tinha habilitação desde os 19 anos e nunca havia sofrido um acidente.

“Era uma pessoa boa, aonde ele chegava, contagiava todos. Apaixonado pela filha, pela família, apaixonado por futebol”, diz Ilana. Por sofrer de diabetes, a família preferiu não informá-la de imediato a morte de Waldir, com medo de que a designer passasse mal. Eles foram buscá-la no trabalho e só então relevaram o ocorrido.

“Eu estranhei a falta de comunicação dele comigo porque ele não ficava sem falar comigo. Era o tempo todo. Ele saía de casa primeiro que eu. Ele dava bom dia, perguntava se eu já tinha merendado, ia almoçar e mostrava que tava almoçando, perguntava o que eu queria almoçar ou se eu já almocei, perguntava como tava minha glicose. Passava o tempo todo conversando comigo, rodando e assim que tinha uma oportunidade ele se comunicava comigo”, conta Ilana.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Ceará só “será possível definir as causas do óbito” de Waldir e Daniele após a Perícia Forense emitir o laudo. Segundo a pasta, a Delegacia Municipal de Caucaia está investigando.

O g1 questionou a Uber Brasil se a empresa tomou ciência do acidente e se contatou a família de Waldir, e está aguardando resposta da companhia.